Qualidade do sono, ambiente de trabalho e qualidade do cuidado prestado por enfermeiros no Sistema Nacional de Saúde espanhol: estudo observacional entre diferentes turnos de trabalho

GÓMEZ-GARCÍA, T. ; RUZAFA-MARTÍNEZ, M. ; FUENTELSAZ-GALLEGO, C. ; ANTONIO MADRID, J. ; ANGELES ROL, M. ; MARTÍNEZ-MADRID, M. J. ; MORENO-CASBAS, T.
Título original:
Nurses' sleep quality, work environment and quality of care in the Spanish National Health System: observational study among different shifts
Resumo:

Objetivo: O principal objetivo deste estudo foi determinar a relação entre as características dos ambientes de trabalho de enfermeiros nos hospitais do Sistema Nacional de Saúde (SNS) espanhol e a qualidade do cuidado segundo a avaliação dos enfermeiros, examinando também como o cuidado foi prestado usando diferentes regimes de trabalho. O estudo também analisou a relação entre a satisfação no trabalho, a fadiga profissional, a qualidade do sono e a sonolência diurna de enfermeiros e os turnos de trabalho.

Métodos: Realizamos um estudo multicêntrico, observacional, descritivo e transversal baseado num questionário autoadministrado. O estudo foi realizado em sete hospitais de diferentes tamanhos no SNS. Recrutamos 635 enfermeiros que trabalhavam nos turnos diurno, noturno e rotativo em unidades cirúrgicas, clínicas e de terapia intensiva. A idade média foi de 41,1 anos, com experiência de trabalho média de 16,4 anos. Do total de enfermeiros selecionados, 90% trabalhavam em tempo integral. Realizamos uma análise descritiva e bivariada para estudar a relação entre o ambiente de trabalho, a qualidade e a segurança do cuidado e a qualidade do sono de enfermeiros em diferentes regimes de trabalho.

Resultados: 65,4% (410) dos enfermeiros trabalhavam em turnos rotativos. A avaliação segundo a Escala do Ambiente de Prática [Practice Environment Scale] do Índice de Trabalho de Enfermagem [Nursing Work Index] classificou 20% (95) como favoráveis, mostrando diferenças entre os turnos na capacidade de gestão, liderança e apoio dos enfermeiros (p=0,003). Ao todo, 46,6% (286) tinham certeza de que os pacientes poderiam gerir o seu autocuidado após a alta, mas houve diferenças entre os turnos (p=0,035). Além disso, 33,1% (201) concordaram que ocorre a perda de informações na passagem de plantão, também com diferenças entre os turnos (p=0,002). O Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh [Pittsburgh Sleep Quality Index] teve uma média de 6,8 (DP, 3,39), com diferenças entre os turnos (p=0,017).

Conclusões: O trabalho de enfermagem precisa ser realizado em turnos, e os resultados mostraram que o regime de trabalho mais comum foi o rotativo. Os enfermeiros em turnos rotativos relataram uma pior percepção sobre os fatores organizacionais e ambientais. Os enfermeiros de turnos rotativos e noturnos mostraram-se menos confiantes sobre a competência dos pacientes para o autocuidado após a alta. As omissões de cuidados de enfermagem mais comuns estiveram relacionadas aos planos de cuidados de enfermagem. Encontramos diferenças na pontuação do Índice Global de Qualidade do Sono entre os profissionais dos turnos diurno e noturno.

Resumo Original:

Objective: The main objective of this study was to determine the relationship between the characteristics of nurses' work environments in hospitals in the Spanish National Health System (SNHS) with nurse reported quality of care, and how care was provided by using different shifts schemes. The study also examined the relationship between job satisfaction, burnout, sleep quality and daytime drowsiness of nurses and shift work.

Methods: This was a multicentre,Observational, descriptive, cross-sectional study, centred on a self-administered questionnaire. The study was conducted in seven SNHS hospitals of different sizes. We recruited 635 registered nurses who worked on day, night and rotational shifts on surgical, medical and critical care units. Their average age was 41.1 years, their average work experience was 16.4 years and 90% worked full time. A descriptive and bivariate analysis was carried out to study the relationship between work environment, quality and safety care, and sleep quality of nurses working different shift patterns.

Results: 65.4% (410) of nurses worked on a rotating shift. The Practice Environment Scale of the Nursing Work Index classification ranked 20% (95) as favourable, showing differences in nurse manager ability, leadership and support between shifts (p=0.003). 46.6% (286) were sure that patients could manage their self-care after discharge, but there were differences between shifts (p=0.035). 33.1% (201) agreed with information being lost in the shift change, showing differences between shifts (p=0.002). The Pittsburgh Sleep Quality Index reflected an average of 6.8 (SD 3.39), with differences between shifts (p=0.017).

Conclusions: Nursing requires shift work, and the results showed that the rotating shift was the most common. Rotating shift nurses reported worse perception in organisational and work environmental factors. Rotating and night shift nurses were less confident about patients' competence of self-care after discharge. The most common nursing care omissions reported were related to nursing care plans. For the Global Sleep Quality score, difference were found between day and night shift workers.

Fonte:
BMJ Open ; 6(8): e012073; 2016. DOI: 10.1136/bmjopen-2016-012073.