Quando os profissionais da saúde se manifestam sobre questões relacionadas com a segurança (vozes de segurança): uma metassíntese de estudos qualitativos

Contexto: Uma característica fundamental das equipes eficazes em qualquer ambiente é a disposição de todos os seus membros para se manifestarem a fim de compartilhar pensamentos e ideias de modo a melhorar os processos. Apesar das tentativas dos sistemas de saúde de incentivar os funcionários a se manifestarem, o silêncio dos funcionários continua sendo uma causa comum de falhas na comunicação, contribuindo para a ocorrência de erros e a prestação de um cuidado abaixo do ideal. Os enfermeiros, em particular, relatam baixa confiança em suas habilidades de comunicação, citando a crença de que o ato de se manifestarem não fará nenhuma diferença.

Objetivo: Compreender como enfermeiros e outros profissionais da saúde se relacionam com o ato de se manifestar diante de questões de segurança e como isso pode influenciar a prática clínica.

Fontes de dados: Fizemos uma pesquisa nos bancos de dados PubMed, CINAHL e Academic Search Premier usando as palavras-chave “funcionário, enfermeiro, qualitativo, manifestar-se, silêncio, segurança, voz e voz de segurança”. A pesquisa identificou 372 artigos, dos quais 11 foram incluídos após a revisão dos resumos. Os estudos foram realizados na Austrália, Bulgária, Canadá, Hong Kong, África Oriental, Irlanda, Coreia, Nova Zelândia, Suécia, Suíça e Estados Unidos, e incluíram 504 profissionais da saúde, dos quais 354 eram enfermeiros.

Métodos: Esta metassíntese interpretativa de 11 artigos qualitativos publicados de 2005 a 2015 foi conduzida utilizando uma abordagem socioconstrutivista com análise temática.

Resultados: Os quatro temas identificados foram: 1) as hierarquias e dinâmicas de poder afetam negativamente as vozes de segurança; 2) a comunicação aberta é insegura e inefetiva; 3) as expectativas prévias de comportamento de enfermeiros afetam as vozes de segurança; e 4) os gestores de enfermagem têm um poderoso impacto positivo ou negativo sobre as vozes de segurança.

Conclusões: Os profissionais da saúde de todo o mundo relatam diversos temores relacionados com questões hierárquicas e sociais em torno da utilização de comportamentos relacionados com as vozes de segurança. A hesitação em se manifestar é muito prevalente entre enfermeiros, e observa-se baixa autoeficácia relacionada com as vozes de segurança. A presença de líderes atenciosos, do apoio entre pares e de um compromisso organizacional com culturas seguras e abertas pode melhorar a utilização das vozes de segurança entre enfermeiros e outros profissionais da saúde.

Background: A critical characteristic of effective teams in any setting is when each member is willing to speak up to share thoughts and ideas to improve processes. In spite of attempts by healthcare systems to encourage employees to speak up, employee silence remains a common cause of communication breakdowns, contributing to errors and suboptimal care delivery. Nurses in particular have reported low confidence in their communication abilities, and cite the belief that speaking up will not make a difference.

Objective: To develop an understanding of how nurses and other healthcare workers relate to safety voice behaviors and how this might influence clinical practice.

Data Sources: A search of the PubMed, CINAHL, and Academic Search Premier databases was conducted using keywords employee, nurse, qualitative, speak up, silence, safety, voice, and safety voice identified 372 articles with 11 retained after a review of the abstracts. Studies took place in Australia, Bulgaria, Canada, Hong Kong, East Africa, Ireland, Korea, New Zealand, Sweden, Switzerland, and the United States representing 504 healthcare workers including 354 nurses.

Methods: This interpretive meta-synthesis of 11 qualitative articles published from 2005 to 2015 was conducted using a social constructivist approach with thematic analysis.

Results: The four themes identified are: 1) hierarchies and power dynamics negatively affect safety voice, 2) open communication is unsafe and ineffective, 3) embedded expectations of nurse behavior affect safety voice, and 4) nurse managers have a powerful positive or negative affect on safety voice.

Conclusions: Healthcare workers worldwide report multiple social and hierarchy related fears surrounding the utilization of safety voice behaviors. Hesitance to speak up is pervasive among nurses, as is low self-efficacy related to safety voice. The presence of caring leaders, peer support, and an organizational commitment to safe, open cultures, may improve safety voice utilization among nurses and other healthcare workers.

Keywords: Caring; Employee; Healthcare; Hierarchies; Nursing; Qualitative; Safety; Safety voice; Voice