Reações de transfusões de sangue: uma revisão abrangente da literatura, incluindo uma perspectiva suíça

As transfusões de sangue têm sido a pedra angular do suporte de vida desde a introdução da classificação ABO no século XX. O objetivo fisiológico é restaurar a oxigenação tecidual adequada quando a demanda excede a oferta. Embora possa ser uma terapia que salva vidas, as transfusões de sangue podem levar a sérios efeitos adversos, e é essencial que os médicos se mantenham atualizados com a literatura atual e estejam cientes da fisiopatologia, do manejo inicial e dos riscos de cada tipo de reação transfusional. Nosso objetivo é fornecer um panorama estruturado da fisiopatologia, apresentação clínica, abordagem diagnóstica e gerenciamento das reações transfusionais agudas com base na literatura disponível em 2022. O número de transfusões de sangue e de reações transfusionais e a taxa de notificação de reações transfusionais diferem entre os países da Europa. As reações transfusionais mais frequentes em 2020 foram aloimunizações, reações transfusionais febris não hemolíticas e reações transfusionais alérgicas. A lesão pulmonar aguda relacionada à transfusão, a sobrecarga circulatória associada à transfusão e as reações transfusionais sépticas foram menos frequentes. Além disso, a pandemia da COVID-19 tem desafiado o sistema de saúde com a diminuição das doações e suprimentos de sangue, bem como com o aumento das preocupações dentro da comunidade médica, e também em pacientes, sobre a segurança do sangue e reações transfusionais em pacientes com COVID-19. A melhor maneira de prevenir reações transfusionais é evitar transfusões de sangue desnecessárias e manter uma estratégia restritiva de transfusão. Qualquer sintoma que ocorra dentro de 24 horas de uma transfusão de sangue deve ser considerado uma reação transfusional e encaminhado para o sistema de notificação de hemovigilância. O manejo inicial das reações transfusionais requer identificação precoce, interrupção imediata da transfusão, consulta antecipada aos departamentos de hematologia e de UTI e ressuscitação volêmica.
 

Blood transfusions have been the cornerstone of life support since the introduction of the ABO classification in the 20th century. The physiologic goal is to restore adequate tissue oxygenation when the demand exceeds the offer. Although it can be a life-saving therapy, blood transfusions can lead to serious adverse effects, and it is essential that physicians remain up to date with the current literature and are aware of the pathophysiology, initial management and risks of each type of transfusion reaction. We aim to provide a structured overview of the pathophysiology, clinical presentation, diagnostic approach and management of acute transfusion reactions based on the literature available in 2022. The numbers of blood transfusions, transfusion reactions and the reporting rate of transfusion reactions differ between countries in Europe. The most frequent transfusion reactions in 2020 were alloimmunizations, febrile non-hemolytic transfusion reactions and allergic transfusion reactions. Transfusion-related acute lung injury, transfusion-associated circulatory overload and septic transfusion reactions were less frequent. Furthermore, the COVID-19 pandemic has challenged the healthcare system with decreasing blood donations and blood supplies, as well as rising concerns within the medical community but also in patients about blood safety and transfusion reactions in COVID-19 patients. The best way to prevent transfusion reactions is to avoid unnecessary blood transfusions and maintain a transfusion-restrictive strategy. Any symptom occurring within 24 h of a blood transfusion should be considered a transfusion reaction and referred to the hemovigilance reporting system. The initial management of blood transfusion reactions requires early identification, immediate interruption of the transfusion, early consultation of the hematologic and ICU departments and fluid resuscitation.