Rondas de líderes na prática: corrompendo ou melhorando uma intervenção de melhoria da qualidade? Um estudo qualitativo

MARTIN, G. ; OZIERANSKI, P. ; WILLARS, J. ; CHARLES, K. ; MINION, J. ; MCKEE, L. ; DIXON-WOODS, M.
Título original:
Walkrounds in practice: corrupting or enhancing a quality improvement intervention? A qualitative study
Resumo:

Contexto: As rondas de líderes pelas enfermarias são um modelo amplamente promovido como uma forma de aumentar o envolvimento dos líderes hospitalares na segurança do paciente e melhorar a cultura de segurança, mas as evidências em relação à sua efetividade são mistas. No National Health Service (NHS) inglês, os hospitais têm sido bastante estimulados a utilizar métodos semelhantes ao das rondas dos líderes. Realizamos um estudo para examinar como as rondas são utilizadas na prática e para identificar variações em sua implementação que possam mediar seu impacto sobre a segurança e a cultura.

Métodos: Os dados deste estudo, coletados a partir de 82 entrevistas semiestruturadas no NHS inglês, foram retirados de dois componentes de um estudo mais amplo sobre cultura e comportamento em relação à qualidade e à segurança no sistema inglês. A análise baseou-se no método comparativo constante.

Resultados: A nossa análise demonstra que certos ajustes locais e pragmáticos ao método das rondas podem alterar radicalmente seu caráter e a forma como é recebido pelos que atuam na linha de frente do cuidado. A modificação e a expansão das rondas para ampliar os conhecimentos produzidos poderiam fazer com que os líderes extraíssem um maior valor das rondas. Entretanto, com isso, corre-se o risco de substituir os objetivos das rondas — conhecimentos específicos e práticos sobre questões de segurança, além de uma cultura de segurança mais positiva e uma melhor relação entre os profissionais das enfermarias e os líderes — por uma forma de vigilância capaz de alienar os profissionais da linha de frente e gerar noções equivocadas.

Conclusão: Os resultados do estudo sugerem algumas explicações plausíveis para a existência de evidências mistas sobre a capacidade das rondas de líderes de criar uma cultura de segurança. Num nível prático, esses resultados apontam para questionamentos críticos que os líderes devem se fazer ao praticar intervenções desta natureza, a fim de assegurar que as adaptações estejam alinhadas, e não em conflito, com o modelo de mudança pretendido pela intervenção.

Resumo Original:
Background: Walkrounds, introduced as Leadership (or Executive) WalkRounds, are a widely advocated model for increasing leadership engagement in patient safety to improve safety culture, but evidence for their effectiveness is mixed. In the English National Health Service (NHS), hospitals have been strongly encouraged to make use of methods closely based on the walkrounds approach. A study was conducted to explore how walkrounds are used in practice and to identify variations in implementation that might mediate their impact on safety and culture.

Methods: The data, collected from 82 semistructured interviews in the English NHS, were drawn from two components of a wider study of culture and behavior around quality and safety in the English system. Analysis was based on the constant comparative method.

Findings: Our analysis highlights how local, pragmatic adjustments to the walkrounds approach could radically alter its character and the way in which it is received by those at the front line. The modification and expansion of walkrounds to increase the scope of knowledge produced could increase the value that executives draw from them. However, it risks replacing the main objectives of walkrounds--specific, actionable knowledge about safety issues, and a more positive safety culture and relationship between ward and board--with a form of surveillance that could alienate frontline staff and produce fallible insights.
 
Conclusion: The studys findings suggest some plausible explanations for the mixed evidence for walkrounds' effectiveness in creating a safety culture. On a practical level, they point to critical questions that executives must ask themselves in practicing interventions of this nature to ensure that adaptations align rather than conflict with the intervention's model of change.
Fonte:
Joint Commission Journal on Quality and Patient Safety / Joint Commission Resources ; 40(7): 303-310; 2014. DOI: 10.1016/S1553-7250(14)40040-0.