Trajetórias da COVID-19 entre 57 milhões de adultos na Inglaterra: um estudo de coorte baseado em prontuários médicos eletrônicos

Johan H. Thygesen ; Christopher Tomlinson ; Sam Hollings ; Mehrdad A Mizani ; Alex Handy ; Ashley Akbari ; Amitava Banerjee
Título original:
COVID-19 trajectories among 57 million adults in England: a cohort study using electronic health records
Resumo:

Abstract
Background: Updatable estimates of COVID-19 onset, progression, and trajectories underpin pandemic mitigation efforts. To identify and characterise disease trajectories, we aimed to define and validate ten COVID-19 phenotypes from nationwide linked electronic health records (EHR) using an extensible framework.
Methods: In this cohort study, we used eight linked National Health Service (NHS) datasets for people in England alive on Jan 23, 2020. Data on COVID-19 testing, vaccination, primary and secondary care records, and death registrations were collected until Nov 30, 2021. We defined ten COVID-19 phenotypes reflecting clinically relevant stages of disease severity and encompassing five categories: positive SARS-CoV-2 test, primary care diagnosis, hospital admission, ventilation modality (four phenotypes), and death (three phenotypes). We constructed patient trajectories illustrating transition frequency and duration between phenotypes. Analyses were stratified by pandemic waves and vaccination status.
Findings: Among 57 032 174 individuals included in the cohort, 13 990 423 COVID-19 events were identified in 7 244 925 individuals, equating to an infection rate of 12·7% during the study period. Of 7 244 925 individuals, 460 737 (6·4%) were admitted to hospital and 158 020 (2·2%) died. Of 460 737 individuals who were admitted to hospital, 48 847 (10·6%) were admitted to the intensive care unit (ICU), 69 090 (15·0%) received non-invasive ventilation, and 25 928 (5·6%) received invasive ventilation. Among 384 135 patients who were admitted to hospital but did not require ventilation, mortality was higher in wave 1 (23 485 [30·4%] of 77 202 patients) than wave 2 (44 220 [23·1%] of 191 528 patients), but remained unchanged for patients admitted to the ICU. Mortality was highest among patients who received ventilatory support outside of the ICU in wave 1 (2569 [50·7%] of 5063 patients). 15 486 (9·8%) of 158 020 COVID-19-related deaths occurred within 28 days of the first COVID-19 event without a COVID-19 diagnoses on the death certificate. 10 884 (6·9%) of 158 020 deaths were identified exclusively from mortality data with no previous COVID-19 phenotype recorded. We observed longer patient trajectories in wave 2 than wave 1.
Interpretation: Our analyses illustrate the wide spectrum of disease trajectories as shown by differences in incidence, survival, and clinical pathways. We have provided a modular analytical framework that can be used to monitor the impact of the pandemic and generate evidence of clinical and policy relevance using multiple EHR sources.
 

Resumo Original:

Resumo
Contexto: Estimativas atualizáveis sobre o início, a progressão e as trajetórias da COVID-19 estão na base dos esforços de mitigação da pandemia. Para identificar e caracterizar as trajetórias da doença, procuramos definir e validar dez fenótipos de COVID-19 a partir de prontuários médicos eletrônicos (PMEs) vinculados em nível nacional, utilizando um referencial extensível.
Métodos: Neste estudo de coorte, usamos oito conjuntos de dados vinculados do National Health Service (NHS) de pessoas vivas na Inglaterra em 23 de janeiro de 2020. Coletamos dados sobre testes para COVID-19, vacinação, prontuários médicos da atenção primária e secundária e registros de óbitos até 30 de novembro de 2021. Definimos dez fenótipos de COVID-19, que refletem estágios clinicamente relevantes da gravidade da doença e englobam cinco categorias: teste positivo para SARS-CoV-2, diagnóstico na atenção primária, internação hospitalar, modalidade de ventilação (quatro fenótipos) e morte (três fenótipos). Construímos trajetórias de pacientes que ilustram a frequência e a duração das transições entre os fenótipos. As análises foram estratificadas pelas ondas da pandemia e pelo estado de vacinação.
Resultados: Entre as 57.032.174 pessoas incluídas na coorte, identificamos 13.990.423 eventos de COVID-19 em 7.244.925 pessoas, o que equivale a uma taxa de infecção de 12,7% durante o período de estudo. Das 7.244.925 pessoas, 460.737 (6,4%) foram internadas e 158.020 (2,2%) morreram. Das 460.737 pessoas que foram internadas no hospital, 48.847 (10,6%) foram internadas em unidades de terapia intensiva (UTIs), 69.090 (15,0%) receberam ventilação não invasiva e 25.928 (5,6%) receberam ventilação invasiva. Entre os 384.135 pacientes que foram internados no hospital, mas não precisaram de ventilação, a mortalidade foi maior na primeira onda (23.485 [30,4%] de 77.202 pacientes) do que na segunda onda (44.220 [23,1%] de 191.528 pacientes), porém permaneceu inalterada entre os pacientes internados na UTI. A mortalidade foi maior entre os pacientes que receberam suporte ventilatório fora da UTI na primeira onda (2.569 [50,7%] de 5.063 pacientes). Ao todo, 15.486 (9,8%) das 158.020 mortes relacionadas à COVID-19 ocorreram nos primeiros 28 dias após o primeiro evento de COVID-19 sem um diagnóstico de COVID-19 na certidão de óbito. Além disso, 10.884 (6,9%) dos 158.020 óbitos foram identificados exclusivamente a partir de dados de mortalidade sem registro prévio do fenótipo de COVID-19. Observamos que as trajetórias dos pacientes foram mais longas na segunda onda do que na primeira.
Interpretação: Nossas análises ilustram o amplo espectro de trajetórias da doença, ilustradas por diferenças na incidência, sobrevida e itinerários clínicos. Preparamos um referencial analítico modular que pode ser usado para monitorar o impacto da pandemia e gerar evidências com relevância clínica e política usando múltiplas fontes de PMEs.
 

Fonte:
Lancet Digit Saúde ; 4(7): e542-e557; 2022. DOI: 10.1016/S2589-7500(22)00091-7.