Um estudo qualitativo das percepções dos profissionais de saúde e cuidadores sobre as ameaças à alta hospitalar segura para pacientes com AVC e fratura do quadril no National Health Service inglês

Contexto: A alta hospitalar é uma fase de transição na qual os pacientes se encontram vulneráveis. Este estudo qualitativo investigou as perspectivas de profissionais de saúde e pacientes sobre as ameaças à alta hospitalar segura, com o objetivo de identificar seus fatores contribuintes e latentes. O estudo foi realizado em dois sistemas de saúde e assistência social regionais do National Health Service inglês, cada um deles com três hospitais de cuidado a pacientes agudos, serviços de atenção primária, prestadores de cuidados na comunidade e serviços municipais de assistência social. O estudo concentrou-se nas ameaças à alta hospitalar segura para pacientes com fratura de quadril e acidente vascular cerebral (AVC), que são exemplos de transições de cuidados complexas.

Métodos: Realizamos um estudo qualitativo que envolveu entrevistas narrativas com 213 participantes e profissionais representativos dos grupos envolvidos no planejamento da alta hospitalar e em atividades de transição de cuidado. As narrativas foram analisadas de acordo com o pensamento "sistêmico" para identificar fatores proximais (ativos) e distais (latentes), além das relações entre eles.

Resultados: Foram identificadas três categorias relacionadas de ameaças comuns e consistentes à segurança: (1) danos "diretos" a pacientes, como quedas, infecções, feridas e úlceras, problemas ligados à medicação e recidiva; (2) fatores "contribuintes" proximais, incluindo a realização de exames, a avaliação do paciente, a gestão de equipamentos e medicamentos, o plano de cuidados, os cuidados de acompanhamento e a educação do paciente; e (3) fatores "latentes" distais, como o planejamento da alta, os processos de encaminhamento, o momento da alta, as limitações de recursos e as demandas organizacionais.

Conclusão: Partindo do ponto de vista dos participantes, este estudo elabora a relação entre os danos causados a pacientes e fatores sistêmicos no contexto da alta hospitalar. Este trabalho reforça a importância da comunicação e da colaboração através das fronteiras profissionais e organizacionais, mas também destaca os desafios no apoio a essa comunicação dentro da complexidade inerente do sistema de saúde e de assistência social.

Background: Hospital discharge is a vulnerable transitional stage in patient care. This qualitative study investigated the views of healthcare professionals and patients about the threats to safe hospital discharge with aim of identifying contributory and latent factors. The study was undertaken in two regional health and social care systems in the English National Health Service, each comprising three acute hospitals, community and primary care providers and municipal social care services. The study focused on the threats to safe discharge for hip fracture and stroke patients as exemplars of complex care transitions.

Methods: A qualitative study involving narrative interviews with 213 representative stakeholders and professionals involved in discharge planning and care transition activities. Narratives were analysed in line with ‘systems’ thinking to identify proximal (active) and distal (latent) factors, and the relationships between them.

Results: Three linked categories of commonly and consistently identified threat to safe discharge were identified: (1) ‘direct’ patient harms comprising falls, infection, sores and ulceration, medicines-related issues, and relapse; (2) proximal ‘contributing’ factors including completion of tests, assessment of patient, management of equipment and medicines, care plan, follow-up care and patient education; and distal ‘latent’ factors including discharge planning, referral processes, discharge timing, resources constraints, and organisational demands.

Conclusion: From the perspective of stakeholders, the study elaborates the relationship between patient harms and systemic factors in the context of hospital discharge. It supports the importance of communication and collaboration across occupational and organisational boundaries, but also the challenges to supporting such communication with the inherent complexity of the care system.

Artigo em Acesso Aberto