Uso da teoria psicológica para embasar métodos destinados a otimizar a implementação de uma intervenção de higienização das mãos
Contexto: A higienização das mãos (HM) cuidadosa é o fator mais importante para prevenir a transmissão de infecções aos pacientes. No entanto, é difícil atingir e manter uma boa adesão a essa prática. A falta de compreensão sobre os processos envolvidos nas mudanças de comportamento dos profissionais pode contribuir para o fracasso das intervenções. O objetivo deste estudo foi identificar as barreiras e os fatores facilitadores das práticas atuais de HM do ponto de vista de enfermeiros e administradores, e avaliar a implementação de uma nova tecnologia de monitoramento eletrônico da HM.
Métodos: Realizamos dez entrevistas com informantes cruciais (três administradores e sete enfermeiros) para explorar as barreiras e os fatores facilitadores da HM e o impacto da nova tecnologia sobre os resultados. As entrevistas semiestruturadas basearam-se no Theoretical Domains Framework (Referencial de Domínios Teóricos), de Michie et al., e foram realizadas antes da intervenção. Os dados foram examinados por meio de uma abordagem de análise qualitativa e indutiva. Foram comparados os dados fornecidos pelos administradores e enfermeiros.
Resultados: Em 9 dos 12 domínios, os enfermeiros e administradores deram respostas diferentes. Do ponto de vista dos administradores, os enfermeiros possuem conhecimentos e habilidades insuficientes para realizar a HM. Já os enfermeiros estão convictos de que possuem os conhecimentos e habilidades necessários. Os enfermeiros mantiveram o foco nas consequências imediatas, enquanto os administradores deram mais atenção aos resultados de longo prazo do sistema. Para os enfermeiros, a principal fonte de motivação para a execução da HM foi a sua segurança pessoal e a de suas famílias. Os administradores, por outro lado, identificaram o compromisso profissional, os incentivos e a definição de objetivos como fontes de motivação. Eles afirmaram que os profissionais não possuem os processos de decisão fundamentais para julgar se a HM é necessária ou não. Enfatizaram também os aspectos positivos das equipes como uma influência social, enquanto os enfermeiros não demonstraram interesse na conformidade com o grupo ou em sua comparação com os outros profissionais. Os enfermeiros descreveram a importância da retroalimentação individual e do automonitoramento como fatores para melhorar seu desempenho, enquanto os administradores apresentaram visões diferentes.
Conclusões: Este estudo ressalta os benefícios do uso de uma abordagem estruturada, baseada na teoria psicológica, para embasar o plano de implementação de uma intervenção destinada à mudança comportamental. Este trabalho constitui um passo essencial no processo de identificação sistemática dos fatores que afetam o comportamento de enfermeiros em relação à HM.
Background: Careful hand hygiene (HH) is the single most important factor in preventing the transmission of infections to patients, but compliance is difficult to achieve and maintain. A lack of understanding of the processes involved in changing staff behaviour may contribute to the failure to achieve success. The purpose of this study was to identify nurses' and administrators' perceived barriers and facilitators to current HH practices and the implementation of a new electronic monitoring technology for HH.
Methods: Ten key informant interviews (three administrators and seven nurses) were conducted to explore barriers and facilitators related to HH and the impact of the new technology on outcomes. The semi structured interviews were based on the Theoretical Domains Framework by Michie et al. and conducted prior to intervention implementation. Data were explored using an inductive qualitative analysis approach. Data between administrators and nurses were compared.
Results: In 9 of the 12 domains, nurses and administrators differed in their responses. Administrators believed that nurses have insufficient knowledge and skills to perform HH, whereas the nurses were confident they had the required knowledge and skills. Nurses focused on immediate consequences, whereas administrators highlighted long-term outcomes of the system. Nurses concentrated foremost on their personal safety and their families' safety as a source of motivation to perform HH, whereas administrators identified professional commitment, incentives, and goal setting. Administrators stated that the staff do not have the decision processes in place to judge whether HH is necessary or not. They also highlighted the positive aspects of teams as a social influence, whereas nurses were not interested in group conformity or being compared to others. Nurses described the importance of individual feedback and self-monitoring in order to increase their performance, whereas administrators reported different views.
Conclusions: This study highlights the benefits of using a structured approach based on psychological theory to inform an implementation plan for a behavior change intervention. This work is an essential step towards systematically identifying factors affecting nurses' behaviour associated with HH.
