Uso de contenção física em unidades de terapia intensiva: explorando o processo decisório e novas propostas. Um estudo de métodos mistos

María Acevedo-Nuevo ; María Teresa González-Gil ; María Concepción Martin-Arribas
Título original:
Physical Restraint Use in Intensive Care Units: Exploring the Decision-Making Process and New Proposals. A Multimethod Study
Resumo:

OBJETIVO: O objetivo geral deste estudo foi explorar o processo de tomada de decisões seguido pelos profissionais da saúde de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) com relação ao uso e à gestão da contenção física (CF), juntamente com os fatores que a influenciam. MÉTODO: Realizamos um estudo de métodos mistos em duas etapas: uma etapa qualitativa seguida por outra quantitativa, com uma abordagem predominantemente descritiva. Este foi um estudo multicêntrico realizado em 17 UTIs de 11 hospitais públicos na região de Madri, na Espanha, no período de 2015 a 2019. A etapa qualitativa se baseou em uma perspectiva fenomenológica interpretativa. Realizamos 8 grupos de discussão (GDs) com a participação de 23 enfermeiros, 12 auxiliares de enfermagem e 7 médicos. Utilizamos uma amostragem intencional. Os GDs foram gravados e transcritos. Realizamos também uma análise temática do conteúdo latente. Na etapa quantitativa, mantivemos um período de observação de 96 horas em cada UTI. Registramos variáveis relacionadas a elementos descritivos gerais de cada UTI, políticas de monitoramento da dor-agitação/sedação-delirium (DASD) e elementos ligados à qualidade do uso da CF. Realizamos uma análise descritiva e analisamos a relação entre as variáveis. O nível de significância foi estabelecido em p≤0,05. CONCLUSÕES: Observamos um total de 1.070 pacientes, constatando uma prevalência mediana do uso de CF de 19,11% (intervalo de 0 a 44,44%). As diferenças observadas entre as UTIs podem ser explicadas por diferenças na conceptualização da contenção física. Os diversos atores envolvidos criaram conjuntamente uma cultura para o cuidado de saúde e uma conceptualização da expressão “risco de segurança”, que determinam a tomada de decisões sobre o uso da CF em cada UTI. Estes significados compartilhados são a base das crenças, valores e rituais que, neste caso, determinam o maior ou menor uso da CF. Houve diferentes perfis de uso da CF entre as unidades estudadas: contenção preventiva versus “zero” contenção. As diferenças corresponderam a aspectos como: uso sistemático de ferramentas para avaliação de DASD, interpretação do comportamento do paciente, processo de tomada de decisões, significado atribuído à segurança do paciente e à contenção e sentimentos gerados pelo uso da CF. O modelo de zero contenções requer uma abordagem de segurança com uma perspectiva holística que garanta o envolvimento de todos os membros da equipe e familiares.
 

Resumo Original:

AIM: The general aim of this study was to explore the decision-making process followed by Intensive Care Unit (ICU) health professionals with respect to physical restraint (PR) administration and management, along with the factors that influence it. METHOD: A qual-quant multimethod design was sequenced in two stages: an initial stage following a qualitative methodology; and second, quantitative with a predominant descriptive approach. The multicenter study was undertaken at 17 ICUs belonging to 11 public hospitals in the Madrid region (Spain) across the period 2015 through 2019. The qualitative stage was performed from an interpretative phenomenological perspective. A total of eight discussion groups (DG) were held, with the participation of 23 nurses, 12 patient care nursing assistants, and seven physicians. Intentional purposive sampling was carried out. DG were tape-recorded and transcribed. A thematic analysis of the latent content was performed. In the quantitative stage, we maintained a 96-h observation period at each ICU. Variables pertaining to general descriptive elements of each ICU, institutional pain-agitation/sedation-delirium (PAD) monitoring policies and elements linked to quality of PR use were recorded. A descriptive analysis was performed, and the relationship between the variables was analyzed. The level of significance was set at p ≤ 0.05. FINDINGS: A total of 1070 patients were observed, amounting to a median prevalence of PR use of 19.11% (min: 0%-max: 44.44%). The differences observed between ICUs could be explained by a difference in restraint conceptualization. The various actors involved jointly build up a health care culture and a conceptualization of the terms "safety-risk", which determine decision-making about the use of restraints at each ICU. These shared meanings are the germ of beliefs, values, and rituals which, in this case, determine the greater or lesser use of restraints. There were different profiles of PR use among the units studied: preventive restraints versus "Zero" restraints. The differences corresponded to aspects such as: systematic use of tools for assessment of PAD; interpretation of patient behavior; the decision-making process, the significance attributed to patient safety and restraints; and the feelings generated by PR use. The restraint-free model requires an approach to safety from a holistic perspective, with the involvement of all team members and the family.

Fonte:
International journal of environmental research and public health ; 18(22): 11826.; 2022. DOI: 10.3390/ijerph182211826.