Uso de um conjunto de medidas para prevenir a pneumonia associada à ventilação mecânica
A implementação de conjuntos de medidas para prevenir a pneumonia associada à ventilação mecânica (PAVM) e seus impactos sobre os resultados do cuidado requer a validação por meio do acompanhamento de longo prazo. Realizamos um estudo de coorte multicêntrico colaborativo em cinco unidades de terapia intensiva para pacientes adultos de hospitais espanhóis. Após um período de linha de base com duração de três meses, implementamos uma abordagem baseada em um conjunto de cinco medidas, e então registramos prospectivamente, ao longo de 16 meses, a adesão ao uso das medidas, as taxas de PAVM, o tempo de internação na UTI e a duração da ventilação mecânica. O estudo incluiu 149 pacientes na linha de base e 885 após a intervenção. A adesão a todas as medidas após a intervenção foi <30% (264/885). Apesar disso, a incidência de PAVM caiu de 15,5% (23/149) para 11,7% (104/885) após a intervenção (p <0,05). Essa redução esteve associada significativamente à higienização das mãos (OR = 0,35), ao controle da pressão no interior do balonete (cuff) (OR = 0,21), à higienização oral (OR = 0,23) e ao controle da sedação (OR = 0,51). O uso do conjunto de medidas esteve associado a um risco relativo de incidência de PAVM de 0,78 (IC 95%, 0,15-0,99). Documentamos uma redução no tempo mediano de internação na UTI (de 10 para 6 dias) e na duração da ventilação mecânica (de 8 para 4 dias) entre pacientes com adesão plena ao conjunto de medidas (período de intervenção). Os esforços para prevenir a PAVM e para melhorar os resultados do cuidado devem concentrar-se numa maior adesão à higienização oral e das mãos, nos protocolos de sedação e no controle da pressão no interior do balonete.
Palavras-chave: conjuntos de medidas, resultados do cuidado na unidade de terapia intensiva, segurança do paciente, cuidado respiratório, prevenção de pneumonia associada à ventilação mecânica.
Implementation of care bundles for prevention of ventilator-associated pneumonia (VAP) and its impact on patient outcomes requires validation with long-term follow-up. A collaborative multi-centre cohort study was conducted in five Spanish adult intensive-care units. A care bundle approach based on five measures was implemented after a 3-month baseline period, and compliance, VAP rates, intensive-care unit length of stay (ICU LOS) and duration of mechanical ventilation were prospectively recorded for 16 months. There were 149 patients in the baseline period and 885 after the intervention. Compliance with all measures after intervention was <30% (264/885). In spite of this, VAP incidence decreased from 15.5% (23/149) to 11.7% (104/885), after the intervention (p <0.05). This reduction was significantly associated with hand hygiene (OR = 0.35), intra-cuff pressure control (OR = 0.21), oral hygiene (OR = 0.23) and sedation control (OR = 0.51). Use of the care bundle was associated with an incidence risk ratio of VAP of 0.78 (95% CI 0.15-0.99). We documented a reduction of median ICU LOS (from 10 to 6 days) and duration of mechanical ventilation (from 8 to 4 days) for patients with full bundle compliance (intervention period). Efforts on VAP prevention and outcome improvement should focus on achieving higher compliance in hand and oral hygiene, sedation protocols and intracuff pressure control.
Keywords: Care bundles, intensive-care unit outcomes, patient safety, respiratory care, ventilator-associated pneumonia prevention