Contexto: O esgotamento profissional é frequente entre profissionais da saúde em unidades de terapia intensiva (UTIs), podendo resultar em erros e no absenteísmo. A pandemia de COVID-19 aumentou a carga de trabalho dos profissionais, afetando também a vida fora do expediente. Os objetivos deste estudo foram investigar os níveis de esgotamento profissional entre profissionais da saúde em UTIs durante o primeiro ano da pandemia de COVID-19, descrever casos de esgotamento e analisar fatores associados ao problema, sejam eles demográficos ou relacionados ao trabalho. Métodos: Realizamos um estudo de coorte prospectivo e longitudinal com 484 enfermeiros, médicos e líderes que trabalhavam em unidades de terapia intensiva com pacientes com COVID-19 na Noruega. Medimos o esgotamento em períodos de acompanhamento de 6 e 12 meses, após o registro dos dados da linha de base nos primeiros meses da pandemia. Utilizamos o Copenhagen Burnout Inventory (CBI), cuja pontuação vai de 0 a 100, definindo o esgotamento como casos com CBI ≥50. Realizamos análises de regressão logística bi e multivariadas para examinar variáveis demográficas da linha de base e fatores relacionados ao trabalho associados à ocorrência de esgotamento profissional aos 12 meses. Resultados: Aos 6 meses, a pontuação mediana no CBI foi de 17, aumentando para 21 aos 12 meses (p=0,037); a maior parte do aumento ocorreu entre enfermeiros. Ao todo, 32% tiveram um aumento de mais de 5 pontos, enquanto 25% tiveram uma redução de mais de 5 pontos. Além disso, 10% relataram esgotamento aos 6 meses e 14% aos 12 meses (resultados não significativos). Nas análises bivariadas, os participantes com esgotamento foram significativamente mais jovens, tinham menor tempo de experiência, relataram mais ansiedade e/ou depressão anteriores, mais sofrimento moral, sentiam-se menos reconhecidos no hospital e tinham mais medo de serem infectados. O esgotamento foi o tipo de sofrimento psicológico relatado com mais frequência, e 24 dos 41 (59%) profissionais com esgotamento também relataram ansiedade, depressão e/ou sintomas de transtorno do estresse pós-traumático. A análise multivariada mostrou associações estatisticamente significativas entre os casos de esgotamento e menor tempo de experiência profissional (p=0,041), bem como uma associação de significância limítrofe com a percepção de suporte pelos líderes (p=0,049). Conclusão: Na Noruega, uma minoria de enfermeiros, médicos e líderes de terapia intensiva relatou esgotamento um ano após o início da pandemia. A maioria dos profissionais com esgotamento relatou sintomas combinados de ansiedade, depressão e/ou estresse pós-traumático. O esgotamento esteve associado a um menor tempo de experiência profissional.
Background: Burnout is frequent among intensive care unit (ICU) healthcare professionals and may result in medical errors and absenteeism. The COVID-19 pandemic caused additional strain during working hours and also affected off-duty life. The aims of this study were to survey burnout levels among ICU healthcare professionals during the first year of COVID-19, describe those who reported burnout, and analyse demographic and work-related factors associated with burnout. Methods: This was a national prospective longitudinal cohort study of 484 nurses, physicians and leaders working in intensive care units with COVID-19 patients in Norway. Burnout was measured at 6- and 12-month follow-up, after a registration of baseline data during the first months of the COVID epidemic. The Copenhagen Burnout Inventory (CBI), was used (range 0–100), burnout caseness defined as CBI ≥50. Bi- and multivariable logistic regression analyses were performed to examine baseline demographic variables and work-related factors associated with burnout caseness at 12 months. Results: At 6 months, the median CBI score was 17, increasing to 21 at 12 months (p =.037), with nurses accounting for most of the increase. Thirty-two per cent had an increase in score of more than 5, whereas 25% had a decrease of more than 5. Ten per cent reported caseness of burnout at 6 months and 14% at 12 months (n.s.). The participants with burnout caseness were of significantly lower age, had fewer years of experience, reported more previous anxiety and/or depression, more moral distress, less perceived hospital recognition, and more fear of infection in the bivariate analyses. Burnout was the single standing most reported type of psychological distress, and 24 out of 41 (59%) with burnout caseness also reported caseness of anxiety, depression and/or post-traumatic stress disorder (PTSD) symptoms. Multivariate analysis showed statistically significant associations of burnout caseness with fewer years of professional experience (p =.041) and borderline significance of perceived support by leader (p =.049). Conclusion: In Norway, a minority of ICU nurses, physicians and leaders reported burnout 1 year into the pandemic. A majority of those with burnout reported anxiety, depression and/or PTSD symptoms combined. Burnout was assoc