Contexto: Poucos estudos qualitativos, baseados na teoria, têm explorado os determinantes do comportamento de prescrição de antimicrobianos em hospitais. A compreensão desses fatores pode promover o desenvolvimento e a implementação de intervenções bem-sucedidas para a mudança de comportamento.
Objetivo: Usar o referencial TDF (Theoretical Domains Framework) para explorar os determinantes do comportamento de prescrição de antimicrobianos por profissionais clínicos, identificando as barreiras e os fatores facilitadores para a prática adequada da prescrição.
Métodos: Entrevistas semiestruturadas com médicos e farmacêuticos selecionados por amostragem intencional, com uma grande variedade de especialidades e experiência, nos hospitais da Hamad Medical Corporation, no Qatar. As entrevistas, baseadas em estudos quantitativos anteriores e no TDF, foram gravadas em áudio, transcritas e analisadas de forma independente por dois pesquisadores, usando o TDF como referencial para a codificação inicial.
Resultados: Alcançamos a saturação de dados após entrevistar oito médicos e oito farmacêuticos. Identificamos determinantes inter-relacionados do comportamento de prescrição de antimicrobianos ligados a dez domínios do TDF, que atuam como barreiras e fatores facilitadores e podem contribuir para a prescrição adequada ou inadequada de antimicrobianos. As principais barreiras identificadas estiveram ligadas a deficiências nas diretrizes hospitalares e nos sistemas eletrônicos (contexto ambiental e recursos), lacunas de conhecimento em relação às diretrizes e à prescrição adequada (conhecimentos), papéis/responsabilidades limitadas de microbiologistas e farmacêuticos (papel e identidade profissional), decisões difíceis na prescrição de antimicrobianos (memória, atenção e processos de decisão) e problemas ligados às hierarquias profissionais e ao trabalho em equipe multidisciplinar (influências sociais). Os principais fatores facilitadores incluíram a adesão às diretrizes (objetivos e intenções) e as crenças dos participantes sobre as consequências da prescrição adequada ou inadequada. Educação e treinamento adicionais, bem como algumas mudanças nas diretrizes, incluindo sua acessibilidade, também foram considerados essenciais.
Conclusões: O comportamento de prescrição de antimicrobianos em hospitais é um processo complexo, influenciado por uma ampla gama de determinantes, com barreiras e fatores facilitadores específicos. Este trabalho permite compreender essa complexidade de forma mais aprofundada, o que poderá apoiar o desenvolvimento de intervenções eficazes para a mudança de comportamento a fim de promover a administração adequada de antimicrobianos.
Background: Few theoretically-based, qualitative studies have explored determinants of antimicrobial prescribing behaviour in hospitals. Understanding these can promote successful development and implementation of behaviour change interventions (BCIs).
Objective: (s): To use the Theoretical Domains Framework (TDF) to explore determinants of clinicians' antimicrobial prescribing behaviour, identifying barriers (i.e., impediments) and facilitators to appropriate antimicrobial practice.
Methods: Semi-structured interviews with purposively-sampled doctors and pharmacists with a wide range of specialties and expertise in Hamad Medical Corporation hospitals in Qatar. Interviews based on previous quantitative research and the TDF were audio-recorded, transcribed and independently analysed by two researchers using the TDF as an initial coding framework.
Results: Data saturation was achieved after interviewing eight doctors and eight pharmacists. Inter-related determinants of antimicrobial prescribing behaviour linked to ten TDF domains were identified as barriers and facilitators that may contribute to inappropriate or appropriate antimicrobial prescribing. The main barriers identified were around hospital guidelines and electronic system deficiencies (environmental context and resources); knowledge gaps relating to guidelines and appropriate prescribing (knowledge); restricted roles/responsibilities of microbiologists and pharmacists (professional role and identity); challenging antimicrobial prescribing decisions (memory, attention and decision processes); and professional hierarchies and poor multidisciplinary teamworking (social influences). Key facilitators included guidelines compliance (goals and intentions), and participants' beliefs about the consequences of appropriate or inappropriate prescribing. Further education and training, and some changes to guidelines including their accessibility were also considered essential.
Conclusions: Antimicrobial prescribing behaviour in hospitals is a complex process influenced by a broad range of determinants including specific barriers and facilitators. The in-depth understanding of this complexity provided by this work may support the development of an effective BCI to promote appropriate antimicrobial stewardship.
