Contexto: O comportamento não profissional nos sistemas de saúde pode afetar negativamente o bem-estar dos profissionais, a segurança do paciente e os custos para a organização. O comportamento não profissional engloba uma série de atitudes, incluindo o tratamento rude, microagressões, assédio e bullying. Apesar dos esforços para combater o comportamento não profissional em ambientes de saúde, ele ainda é prevalente. Já foram implementadas intervenções para reduzir a sua ocorrência, mas ainda não está claro como e por que essas intervenções podem funcionar. Dada a complexidade da questão, a metodologia de revisão realista representa uma abordagem ideal para examinar os comportamentos não profissionais nos sistemas de saúde.
Objetivo: Melhorar a compreensão específica do contexto para entender como, por que e em quais circunstâncias ocorrem comportamentos não profissionais entre profissionais em serviços de cuidados agudos e identificar evidências sobre estratégias implementadas para mitigar, gerir e prevenir esses comportamentos.
Métodos: Metodologia de síntese realista de evidências e metanarrativas, baseada em diretrizes e normas atuais e em evolução. Fontes de dados: Identificamos fontes da literatura para estabelecer as teorias iniciais, a partir da proposta original e de buscas informais em vários sites. Para refinar a teoria, realizamos pesquisas sistemáticas e direcionadas na literatura revista por pares em bases de dados como EMBASE, Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature e MEDLINE, bem como na literatura cinzenta. As pesquisas foram realizadas de forma iterativa entre novembro de 2021 e dezembro de 2022.
Resultados: A elaboração da teoria inicial se baseou em 38 fontes. As pesquisas identificaram 2.878 títulos e resumos. Ao todo, 148 fontes foram incluídas na revisão. A terminologia e as definições usadas na área foram inconsistentes. Isto pode criar problemas para as políticas e práticas que procuram identificar e lidar com os comportamentos não profissionais. Os fatores contribuintes para esses comportamentos podem ser categorizados em quatro áreas: (1) falta de empoderamento no local de trabalho; (2) incerteza, confusão e estresse; (3) falta de coesão social e (4) aceitação de culturas prejudiciais que toleram esses comportamentos. Os profissionais mais vulneráveis a serem vítimas de comportamentos não profissionais são os pertencentes a minorias sociais.
Identificamos 42 intervenções na literatura para lidar com o problema, abrangendo cinco tipos distintos: (1) sessão única (pontual), (2) múltiplas sessões, (3) sessões únicas ou múltiplas combinadas com outras ações (por exemplo, sessão de treinamento associada a um código de conduta), (4) intervenções de responsabilização profissional e notificação e (5) intervenções estruturadas para a mudança cultural. Identificamos 42 relatos de intervenções, nenhuma delas realizada no Reino Unido. Dessas, avaliamos 29 intervenções, e a maioria (n=23) demonstrou alguma eficácia. As intervenções se basearam em 13 estratégias de mudança comportamental destinadas a, por exemplo: mudar normas sociais, melhorar a conscientização sobre comportamentos não profissionais ou reformular o ambiente de trabalho. As intervenções foram afetadas por 12 dinâmicas-chave, incluindo o foco nos indivíduos, a falta de confiança na administração hospitalar e a inexistência de modelos lógicos.
Conclusões: A falta de empoderamento no local de trabalho e as barreiras organizacionais são os principais fatores contribuintes para os comportamentos não profissionais. No entanto, as intervenções se concentram predominantemente na educação ou treinamento individual, sem abordar questões sistêmicas ou organizacionais. A eficácia das intervenções para melhorar o bem-estar dos profissionais ou a segurança do paciente permanece incerta. Apresentamos aqui 12 dinâmicas-chave e 15 princípios de implementação para orientar as organizações.
Background: Unprofessional behaviour in healthcare systems can negatively impact staff well-being, patient safety and organisational costs. Unprofessional behaviour encompasses a range of behaviours, including incivility, microaggressions, harassment and bullying. Despite efforts to combat unprofessional behaviour in healthcare settings, it remains prevalent. Interventions to reduce unprofessional behaviour in health care have been conducted – but how and why they may work is unclear. Given the complexity of the issue, a realist review methodology is an ideal approach to examining unprofessional behaviour in healthcare systems. Aim: To improve context-specific understanding of how, why and in what circumstances unprofessional behaviours between staff in acute healthcare settings occur and evidence of strategies implemented to mitigate, manage and prevent them. Methods: Realist synthesis methodology consistent with realist and meta-narrative evidence syntheses: evolving standards reporting guidelines. Data sources: Literature sources for building initial theories were identified from the original proposal and from informal searches of various websites. For theory refinement, we conducted systematic and purposive searches for peer-reviewed literature on databases such as EMBASE, Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature and MEDLINE databases as well as for grey literature. Searches were conducted iteratively from November 2021 to December 2022. Results: Initial theory-building drew on 38 sources. Searches resulted in 2878 titles and abstracts. In total, 148 sources were included in the review. Terminology and definitions used for unprofessional behaviours were inconsistent. This may present issues for policy and practice when trying to identify and address unprofessional behaviour. Contributors of unprofessional behaviour can be categorised into four areas: (1) workplace disempowerment, (2) organisational uncertainty, confusion and stress, (3) (lack of) social cohesion and (4) enablement of harmful cultures that tolerate unprofessional behaviours. Those at most risk of experiencing unprofessional behaviour are staff from a minoritised background. We identified 42 interventions in the literature to address unprofessional behaviour. These spanned five types: (1) single session (i.e. one-off), (2) multiple sessions, (3) single or multiple sessions combined with other actions (e.g. training session plus a code of conduct), (4) professional accountability and reporting interventions and (5) structured culture-change interventions. We identified 42 reports of interventions, with none conducted in the United Kingdom. Of these, 29 interventions were evaluated, with the majority (n = 23) reporting some measure of effectiveness. Interventions drew on 13 types of behaviour-change strategy designed to, for example: change social norms, improve awareness of unprofessional behaviour, or redesign the workplace. Interventions were impacted by 12 key dynamics, including focusing on individuals, lack of trust in management and non-existent logic models. Conclusions: Workplace disempowerment and organisational barriers are primary contributors to unprofessional behaviour. However, interventions predominantly focus on individual education or training without addressing systemic, organisational issues. Effectiveness of interventions to improve staff well-being or patient safety is uncertain. We provide 12 key dynamics and 15 implementation principles to guide organisations.