Contexto: No campo da pesquisa, a segurança psicológica tem sido reconhecida como um fator que contribui para melhorar a qualidade do cuidado de saúde e a segurança do paciente. No entanto, o tema ainda é pouco considerado nos currículos e no treinamento clínico de residentes e estudantes de profissões da saúde. Objetivo: Este estudo procurou determinar em que medida os estudantes de profissões da saúde adquirem competências de segurança psicológica durante sua residência em ambientes clínicos e identificar ações que possam ser tomadas para promover seu aprendizado. Métodos: Realizamos um estudo observacional de métodos mistos baseado em uma conferência de consenso e em um questionário com perguntas abertas envolvendo uma amostra de preceptores de residência em instituições de saúde no contexto europeu. Começamos por administrar um questionário ad hoc para avaliar as percepções dos participantes sobre o grau de aquisição ou implementação de competências e sua importância (conhecimentos, atitudes e habilidades) e das intervenções institucionais relacionadas à segurança psicológica. A seguir, pedimos aos preceptores que propusessem medidas para promover em seus residentes as competências que, na primeira fase do estudo, obtiveram uma pontuação média de aquisição inferior a 3,4 (em uma escala de 1 a 5). Realizamos uma análise de conteúdo das informações coletadas, determinando a espontaneidade de cada categoria e tema. Resultados: Ao todo, 173 preceptores de 11 países europeus responderam ao primeiro questionário (taxa de resposta: 173/256, 67,6%), dos quais 63 (36,4%) participaram da segunda fase. As competências com menor nível de aquisição estiveram relacionadas às seguintes ações: alertar um profissional de que seu comportamento representa um risco para o paciente, gerir sua possível reação negativa e oferecer apoio a um colega que se torne uma segunda vítima. As propostas dos preceptores para melhorar essa lacuna nas competências envolveram: treinamento em habilidades de comunicação e segurança do paciente, cultura de segurança, clima de trabalho, atitudes individuais, a presença de uma pessoa de referência para os estudantes, incorporação formal nos currículos dos cursos da saúde e suas especializações, sistemas e mecanismos específicos para dar voz aos estudantes, gestão de riscos institucional, regulamentos, diretrizes e normas, supervisão e recursos para apoiar os estudantes. No que diz respeito à metodologia de ensino, os preceptores recomendaram estratégias inovadoras, muitas delas baseadas em ferramentas ou soluções tecnológicas, incluindo vídeos, seminários, palestras, oficinas, aprendizado por simulação ou dramatizações com ou sem atores profissionais, estudos de caso, vídeos com demonstrações práticas ou situações-modelo, debates em painéis, sessões clínicas para a análise conjunta de incidentes de segurança do paciente e debriefings para discutir as lições aprendidas. Conclusões: Este estudo procurou promover competências de segurança psicológica como parte formal da formação de futuros profissionais da saúde, facilitando a tradução de diretrizes internacionais às práticas e ambientes clínicos no contexto europeu.
Background: In the field of research, psychological safety has been widely recognized as a contributing factor to improving the quality of care and patient safety. However, its consideration in the curricula and traineeship pathways of residents and health care students is scarce. Objective: This study aims to determine the extent to which health care trainees acquire psychological safety competencies during their internships in clinical settings and identify what measures can be taken to promote their learning. Methods: A mixed methods observational study based on a consensus conference and an open-ended survey among a sample of health care trainee mentors from health care institutions in a pan-European context was conducted. First, we administered an ad hoc questionnaire to assess the perceived degree of acquisition or implementation and significance of competencies (knowledge, attitudes, and skills) and institutional interventions in psychological safety. Second, we asked mentors to propose measures to foster among trainees those competencies that, in the first phase of the study, obtained an average acquisition score of <3.4 (scale of 1-5). A content analysis of the information collected was carried out, and the spontaneity of each category and theme was determined. Results: In total, 173 mentors from 11 pan-European countries completed the first questionnaire (response rate: 173/256, 67.6%), of which 63 (36.4%) participated in the second consultation. The competencies with the lowest acquisition level were related to warning a professional that their behavior posed a risk to the patient, managing their possible bad reaction, and offering support to a colleague who becomes a second victim. The mentors’ proposals for improvement of this competency gap referred to training in communication skills and patient safety, safety culture, work climate, individual attitudes, a reference person for trainees, formal incorporation into the curricula of health care degrees and specialization pathways, specific systems and mechanisms to give trainees a voice, institutional risk management, regulations, guidelines and standards, supervision, and resources to support trainees. In terms of teaching methodology, the mentors recommended innovative strategies, many of them based on technological tools or solutions, including videos, seminars, lectures, workshops, simulation learning or role-playing with or without professional actors, case studies, videos with practical demonstrations or model situations, panel discussions, clinical sessions for joint analysis of patient safety incidents, and debriefings to set and discuss lessons learned. Conclusions: This study sought to promote psychological safety competencies as a formal part of the training of future health care professionals, facilitating the translation of international guidelines into practice and clinical settings in the pan-European context.