CONTEXTO: O delirium ou confusão mental é uma complicação comum em pessoas idosas internadas em hospitais, centros de reabilitação e instituições de longa permanência. OBJETIVO: Avaliar o uso de ferramentas validadas de avaliação do delirium e a existência de protocolos para seu tratamento em todo o mundo. DESENHO: Análise secundária de um estudo mundial de prevalência pontual em um dia — 15 de março de 2023, que é o Dia Mundial da Conscientização sobre o Delirium. AMBIENTE: Inquérito transversal on-line aplicado em hospitais, centros de reabilitação e instituições de longa permanência. MÉTODOS: Os profissionais clínicos participantes informaram dados sobre o delirium, a existência de protocolos, avaliações do delirium, intervenções para conscientização sobre o problema, intervenções farmacológicas ou não farmacológicas e as barreiras específicas encontradas nas enfermarias ou unidades. RESULTADOS: Analisamos dados de 44 países, 1.664 enfermarias/unidades e 36.048 pacientes. Métodos validados de avaliação do delirium foram usados em 66,7% (n=1110) das enfermarias/unidades, 18,6% (n=310) usaram uma avaliação pessoal ou nenhuma avaliação e 10% (n=166) usaram outros métodos de avaliação. A existência de um protocolo de tratamento do delirium foi comunicada em 66,8% (n=1094) das enfermarias/unidades. A presença de protocolos para o tratamento do delirium variou entre os continentes, de 21,6% (em 21/97 enfermarias/unidades) na África a 90,4% (235/260) na Austrália; o mesmo aconteceu com o uso de métodos validados de avaliação do delirium, com 29,6% (29/98) na África a 93,5% (116/124) na América do Norte. As enfermarias/unidades que possuem um protocolo de tratamento do delirium [n=1094/1664, 66,8%] também foram mais propensas a usar um teste validado do delirium, em comparação com as que não possuem um protocolo [razão de chances 6,97 (intervalo de confiança de 95%, 5,289-9,185)]. A presença de um protocolo para o delirium esteve associada a um maior uso de métodos validados de avaliação do delirium, e provavelmente também ao uso de intervenções baseadas em evidências. CONCLUSÃO: As enfermarias/unidades que utilizam protocolos de tratamento do delirium também são mais propensas a utilizar ferramentas validadas de avaliação do delirium.
BACKGROUND: Delirium is a common complication of older people in hospitals, rehabilitation and long-term facilities. OBJECTIVE: To assess the worldwide use of validated delirium assessment tools and the presence of delirium management protocols. DESIGN: Secondary analysis of a worldwide one-day point prevalence study on World Delirium Awareness Day, 15 March 2023. SETTING: Cross-sectional online survey including hospitals, rehabilitation and long-term facilities. METHODS: Participating clinicians reported data on delirium, the presence of protocols, delirium assessments, delirium-awareness interventions, non-pharmacological and pharmacological interventions, and ward/unit-specific barriers. RESULTS: Data from 44 countries, 1664 wards/units and 36 048 patients were analysed. Validated delirium assessments were used in 66.7% (n = 1110) of wards/units, 18.6% (n = 310) used personal judgement or no assessment, and 10% (n = 166) used other assessment methods. A delirium management protocol was reported in 66.8% (n = 1094) of wards/units. The presence of protocols for delirium management varied across continents, ranging from 21.6% (on 21/97 wards/units) in Africa to 90.4% (235/260) in Australia, similar to the use of validated delirium assessments with 29.6% (29/98) in Africa to 93.5% (116/124) in North America. Wards/units with a delirium management protocol [n = 1094/1664, 66.8%] were more likely to use a validated delirium test than those without a protocol [odds ratio 6.97 (95% confidence interval 5.289-9.185)]. The presence of a delirium protocol increased the chances for valid delirium assessment and, likely, evidence-based interventions. CONCLUSION: Wards/units that reported the presence of delirium management protocols had a higher probability of using validated delirium assessments tools to assess for delirium.