Manifestações em prol da segurança do paciente por profissionais de saúde que trabalham em hospitais: uma revisão da literatura

OKUYAMA, A. ; WAGNER, C. ; BIJNEN, B.
Título original:
Speaking up for patient safety by hospital-based health care professionals: a literature review
Resumo:

Contexto: É importante que os profissionais de saúde se manifestem em prol da segurança do paciente; porém, muitas vezes eles hesitam em fazê-lo. A compreensão dos fatores que influenciam esse processo pode fazer com que mais profissionais o façam e melhorar a comunicação entre a equipe. Esta revisão concentrou-se no comportamento dos profissionais de saúde ao se manifestarem em prol da segurança do paciente, com o objetivo de (1) avaliar a efetividade desse comportamento, (2) examinar a efetividade do treinamento de profissionais para que se manifestem sobre o tema, (3) identificar os fatores que influenciam esse comportamento e (4) desenvolver um modelo para esse comportamento.

Métodos: Pesquisamos artigos em inglês publicados em cinco bases de dados (PubMed, MEDLINE, CINAHL, Web of Science e Cochrane Library) que descrevessem o comportamento de profissionais de saúde ao se manifestarem em prol da segurança do paciente ou que avaliassem a relação entre esse comportamento e a segurança do paciente. Identificamos os fatores que influenciam o processo e, posteriormente, os integramos em um  modelo para esse comportamento.

Resultados: No total, identificamos 26 estudos em 27 artigos. Alguns deles indicaram que a hesitação dos profissionais em se manifestarem pode ser um importante fator contribuinte para os erros de comunicação e que o treinamento pode melhorar o comportamento de manifestar-se em prol da segurança do paciente. Identificamos muitos fatores que influenciam o processo: (1) a motivação de um profissional para se manifestar ao perceber, por exemplo, um risco para os pacientes, e a ambiguidade ou clareza da situação clínica; (2) fatores contextuais, como o apoio por parte da administração hospitalar, a formulação interdisciplinar de políticas, o trabalho em equipe, a relação entre membros da equipe e a atitude dos líderes/superiores; (3) fatores individuais, como a satisfação com o emprego, a responsabilidade em relação aos pacientes, a responsabilidade profissional, a confiança baseada na experiência, as competências em comunicação e a formação educacional; (4) a percepção sobre a eficácia de se manifestar, por exemplo, em relação à ausência de impacto e de controle pessoal; (5) a percepção sobre a segurança de se manifestar, incluindo o temor em relação às respostas dos outros profissionais e os conflitos e preocupações em relação à possibilidade de parecer incompetente; (6) táticas e objetivos, como a coleta de fatos, a demonstração de intenções positivas e a escolha da pessoa que se manifestou.

Conclusões: A hesitação dos profissionais em se manifestarem pode ser um importante fator contribuinte para os erros de comunicação. O nosso modelo ajuda a compreender o que os profissionais de saúde pensam em relação ao ato de expressar as suas preocupações. São necessários outros estudos para investigar a importância relativa dos diferentes fatores.

Resumo Original:

Background: Speaking up is important for patient safety, but often, health care professionals hesitate to voice concerns. Understanding the influencing factors can help to improve speaking-up behaviour and team communication. This review focused on health care professionals' speaking-up behaviour for patient safety and aimed at (1) assessing the effectiveness of speaking up, (2) evaluating the effectiveness of speaking-up training, (3) identifying the factors influencing speaking-up behaviour, and (4) developing a model for speaking-up behaviour.

Methods: Five databases (PubMed, MEDLINE, CINAHL, Web of Science, and the Cochrane Library) were searched for English articles describing health care professionals' speaking-up behaviour as well as those evaluating the relationship between speaking up and patient safety. Influencing factors were identified and then integrated into a model of voicing behaviour.

Results: In total, 26 studies were identified in 27 articles. Some indicated that hesitancy to speak up can be an important contributing factor in communication errors and that training can improve speaking-up behaviour. Many influencing factors were found: (1) the motivation to speak up, such as the perceived risk for patients, and the ambiguity or clarity of the clinical situation; (2) contextual factors, such as hospital administrative support, interdisciplinary policy-making, team work and relationship between other team members, and attitude of leaders/superiors; (3) individual factors, such as job satisfaction, responsibility toward patients, responsibility as professionals, confidence based on experience, communication skills, and educational background; (4) the perceived efficacy of speaking up, such as lack of impact and personal control; (5) the perceived safety of speaking up, such as fear for the responses of others and conflict and concerns over appearing incompetent; and (6) tactics and targets, such as collecting facts, showing positive intent, and selecting the person who has spoken up.

Conclusions: Hesitancy to speak up can be an important contributing factor to communication errors. Our model helps us to understand how health care professionals think about voicing their concerns. Further research is required to investigate the relative importance of different factors.

Fonte:
BMC Health Services Research ; 14(61): 2-8; 2014. DOI: 10.1186/1472-6963-14-61.
DECS:
comunicação, erros médicos, segurança do paciente, recursos humanos em hospital