Compreendendo o medo de enfermeiros e médicos de repercussões ao informar a ocorrência de erros: características dos profissionais, dados demográficos da organização ou fatores ligados às lideranças?

CASTEL, E.S. ; GINSBURG, L.R. ; ZAHEER, S. ; TAMIM, H.
Título original:
Understanding nurses’ and physicians’ fear of repercussions for reporting errors: clinician characteristics, organization demographics, or leadership factors?
Resumo:

Contexto: A identificação e compreensão dos fatores que influenciam o medo de  enfermeiros e médicos de repercussões relacionadas à notificação e discussão da ocorrência de erros no cuidado de saúde continua a ser uma importante área de investigação. É necessário realizar um trabalho não só para separar a influência das características dos profissionais daquela exercida pelo clima de segurança nas organizações e unidades nas quais esses profissionais trabalham e aprendem, mas também para examinar os diferentes comportamentos dos enfermeiros e médicos em relação ao ato de notificar a ocorrência de erros. Este estudo examina a influência de dados demográficos dos profissionais de saúde (idade, sexo e grau de estabilidade no emprego), dados demográficos das organizações (instituição de ensino, local onde é prestado o cuidado e província) e fatores ligados às lideranças (apoio à segurança por parte dos líderes da organização e da unidade) sobre o medo de repercussões, analisando enfermeiros e médicos separadamente. 

Métodos: Realizamos uma análise transversal com 2319 enfermeiros e 386 médicos de três províncias canadenses, utilizando o questionário Stanford modificado de avaliação do clima de segurança do paciente (MSI-06). Os dados foram analisados por meio de análise fatorial exploratória, regressão linear múltipla e regressão linear hierárquica. 

Resultados: A idade, o sexo, a estabilidade no emprego, o fato de ser uma instituição de ensino e a província não estiveram associados significativamente ao medo de repercussões entre enfermeiros ou médicos. Os enfermeiros que trabalham com saúde mental demonstraram um maior medo de repercussões do que seus colegas de outras áreas, assim como os médicos da comunidade. O apoio forte à segurança por parte dos líderes de organizações e unidades explicou a maior parte da variação nos níveis de medo, tanto entre enfermeiros como entre médicos. 

Conclusões: A ausência de associações entre vários fatores plausíveis, como idade, estabilidade no emprego e o fato de trabalhar numa instituição de ensino, sugere que o medo é um construto complexo que requer mais investigação. A variação substancial nos níveis de medo nos diferentes locais onde é prestado o cuidado indica as áreas onde pode ser necessário realizar intervenções. Além disso, como os fatores que afetam o medo de repercussões parecem ser diferentes entre enfermeiros e médicos, a adaptação das iniciativas de segurança do paciente para cada grupo pode ser benéfica em alguns casos. Embora sejam necessários mais estudos para examinar estes e outros fatores detalhadamente, o apoio à segurança por parte das lideranças parece ser fundamental para reduzir o medo de enfermeiros e médicos de informar a ocorrência de erros.

Resumo Original:

Background: Identifying and understanding factors influencing fear of repercussions for reporting and discussing medical errors in nurses and physicians remains an important area of inquiry. Work is needed to disentangle the role of clinician characteristics from those of the organization-level and unit-level safety environments in which these clinicians work and learn, as well as probing the differing reporting behaviours of nurses and physicians. This study examines the influence of clinician demographics (age, gender, and tenure), organization demographics (teaching status, location of care, and province) and leadership factors (organization and unit leadership support for safety) on fear of repercussions, and does so for nurses and physicians separately.

Methods: A cross-sectional analysis of 2319 nurse and 386 physician responders from three Canadian provinces to the Modified Stanford patient safety climate survey (MSI-06). Data were analyzed using exploratory factor analysis, multiple linear regression, and hierarchical linear regression.

Results: Age, gender, tenure, teaching status, and province were not significantly associated with fear of repercussions for nurses or physicians. Mental health nurses had poorer fear responses than their peers outside of these areas, as did community physicians. Strong organization and unit leadership support for safety explained the most variance in fear for both nurses and physicians.

Conclusions: The absence of associations between several plausible factors including age, tenure and teaching status suggests that fear is a complex construct requiring more study. Substantially differing fear responses across locations of care indicate areas where interventions may be needed. In addition, since factors affecting fear of repercussions appear to be different for nurses and physicians, tailoring patient safety initiatives to each group may, in some instances, be fruitful. Although further investigation is needed to examine these and other factors in detail, supportive safety leadership appears to be central to reducing fear of reporting errors for both nurses and physicians.

Fonte:
BMC Health Services Research ; 15(326): 2-10; 2015. DOI: 10.1186/s12913-015-0987-9.