Impacto das interrupções sobre a duração das intervenções de enfermagem: um estudo de observação direta no serviço de emergência de um hospital universitário

COLE, G. ; STEFANUS, D. ; GARDNER, H. ; Levy LEVY, M.J. ; KLEIN, E.Y.
Título original:
The impact of interruptions on the duration of nursing interventions: a direct observation study in an academic emergency department
Resumo:

Contexto: As interrupções durante o trabalho dos profissionais de enfermagem podem contribuir para a ocorrência de falhas processuais e erros clínicos que afetam a qualidade/segurança do cuidado, mas o impacto das interrupções sobre a duração dessas atividades ainda não foi bem examinado. Este estudo analisa o efeito das interrupções durante o cuidado prestado por enfermeiros e técnicos de enfermagem sobre a duração das intervenções e procedimentos clínicos (excluindo a duração da interrupção). MÉTODOS: Realizamos um estudo observacional temporal sobre o efeito das interrupções durante intervenções de enfermagem comuns no serviço de emergência de um grande hospital universitário. O estudo utilizou a observação direta de enfermeiros e técnicos de enfermagem durante a prestação do cuidado de saúde.

Resultados: O tempo médio gasto numa intervenção sem interrupções foi de 296,47 segundos (mediana: 185,15; DP: 319,05), enquanto as intervenções com interrupções levaram 682,02 segundos (mediana: 589,63; DP: 504,59). Fazendo o controle para o tipo de intervenção e outros possíveis fatores de confusão utilizando a regressão linear múltipla, concluímos que as intervenções com interrupções duraram 121,36 segundos (IC 95%: 79,57-163,15) a mais, um aumento de 19% (IC 95%: 11,31-26,89) em relação às intervenções sem interrupções (excluindo a duração da interrupção). As interrupções por familiares ou pelos pacientes foram as que mais afetaram a duração das intervenções, e as interrupções por outros profissionais de saúde foram as que menos a afetaram.

Discussão: Nossos resultados são consistentes com os de estudos em domínios não ligados à saúde, mas contrariam os de um estudo com médicos de serviços de emergência, sugerindo que as respostas de médicos e enfermeiros diante das interrupções são diferentes. Portanto, estudos futuros sobre interrupções no cuidado de saúde deverão examinar cada profissão separadamente. Embora o efeito das interrupções sobre a duração das intervenções em um serviço de emergência seja de apenas 2 minutos, aproximadamente, tais interrupções podem aumentar os riscos aos pacientes e os custos. Para concentrar melhor os esforços para reduzir as interrupções, pesquisas futuras deverão tentar desagregar melhor os diferentes tipos de interrupção (por exemplo, urgentes vs. rotineiras ou desnecessárias).

Resumo Original:

Background: Interruptions to nursing workload may contribute to procedural failures and clinical errors impacting quality/safety of care, but the impact of interruptions on the duration of these activities has not been closely scrutinised. This study analyses the effect of interruptions to care provided by nurses and clinical technicians on the length of clinical procedures and interventions (excluding the length of the interruption).

Methods: An observational time study of the effect of interruptions on common nursing interventions in the emergency department (ED) of a large academic medical centre was conducted. This study used direct observations of nurses and clinical technicians while delivering care to patients.

Results: The average time spent on an uninterrupted intervention was 296.47?s (median:185.15, SD:319.05), while interrupted interventions took 682.02?s (median:589.63, SD:504.59). Controlling for intervention type and other potential confounding factors using multiple linear regression found that interrupted interventions were 121.36?s (95% CI 79.57 to 163.15) longer, a 19 percentage point increase (95% CI 11.31 to 26.89), than an intervention without (excluding the length of the interruption). Family/patient interruptions effected duration the most while staff interruptions affected the intervention time the least.

Discussion: Our findings are consistent with outcomes of studies in non-healthcare domains, but are contrary to a study of ED physicians, suggesting differential responses to interruptions by physicians and nurses. Future studies on interruptions in healthcare should thus be discipline specific. Though the effect of interruptions on intervention length is only about 2?min, in an ED setting, this can increase patient risks and costs. To better focus efforts to reduce interruptions future research should focus on further separation of interruption type (eg, urgent vs routine or unnecessary).

Fonte:
BMJ Quality & Safety ; 25(6): 457-465; 2015. DOI: 10.1136/bmjqs-2014-003683.
Nota Geral:

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