Comunicação e cultura em unidades de terapia intensiva cirúrgicas: estabelecimento de limites e melhorias na prestação do cuidado

CONN, L. G. ; HAAS, B. ; CUTHBERTSON, BH. ; AMARAL, A. C. ; COBURN, N. ; NATHENS, A. B.
Título original:
Communication and Culture in the Surgical Intensive Care Unit: Boundary Production and the Improvement of Patient Care
Resumo:

Este estudo etnográfico explorou a comunicação em relação a pacientes cirúrgicos criticamente doentes em três unidades de terapia intensiva (UTIs) cirúrgicas no Canadá. Utilizamos um referencial conceitual para o estudo de limites, a fim de articular de que forma as práticas de comunicação de cirurgiões, intensivistas e enfermeiros determinam e são determinadas pelas perspectivas e experiências de suas respectivas disciplinas. Ao longo de 50 horas de observações e 43 entrevistas, constatamos que esses profissionais da saúde utilizam sete comportamentos de comunicação que mitigam ou amplificam três limites simbólicos contestados: conhecimentos especializados, apropriação do paciente e autoridade para tomar decisões. Quando estes limites são adequadamente mitigados, são produzidas experiências de um cuidado de saúde colaborativo e de alta qualidade; por outro lado, a amplificação dos limites produz conflitos e percepções de um cuidado de saúde inseguro. Os resultados revelam que o cuidado de saúde seguro e de alta qualidade é produzido através de interações sociais e culturais complexas entre cirurgiões, intensivistas e enfermeiros, que também são expressões de conhecimento e poder. Isto melhora a nossa compreensão das razões pelas quais os atuais esforços de melhoria da qualidade centrados na comunicação podem ser ineficazes.

Resumo Original:

This ethnography explores communication around critically ill surgical patients in three surgical intensive care units (ICUs) in Canada. A boundary framework is used to articulate how surgeons', intensivists', and nurses' communication practices shape and are shaped by their respective disciplinary perspectives and experiences. Through 50 hours of observations and 43 interviews, these health care providers are found to engage in seven communication behaviors that either mitigate or magnify three contested symbolic boundaries: expertise, patient ownership, and decisional authority. Where these boundaries are successfully mitigated, experiences of collaborative, high-quality patient care are produced; by contrast, boundary magnification produces conflict and perceptions of unsafe patient care. Findings reveal that high quality and safe patient care are produced through complex social and cultural interactions among surgeons, intensivists, and nurses that are also expressions of knowledge and power. This enhances our understanding of why current quality improvement efforts targeting communication may be ineffective.

Fonte:
Qualitative health research ; 26(7): 895-906; 2016. DOI: 10.1177/1049732315609901.