“Visão em primeira pessoa” da transmissão de patógenos e da higienização das mãos – uso de uma nova ferramenta de captura e codificação de vídeo montada sobre a cabeça

CLACK, L. ; SCOTONI, M. ; WOLFENSBERGER, A. ; SAX, H.
Título original:
“First-person view” of pathogen transmission and hand hygiene: use of a new head-mounted video capture and coding tool
Resumo:

Contexto: As mãos dos profissionais da saúde são o principal meio de transmissão de patógenos no cuidado de saúde, mas as trajetórias detalhadas de transmissão pelas mãos não foram suficientemente pesquisadas até agora. Desenvolvemos e aplicamos um novo método para documentar sistematicamente a exposição mão-superfície (EMS), a fim de delinear os verdadeiros caminhos de transmissão pelas mãos em ambientes de saúde reais.

Métodos: Usamos uma câmera montada sobre a cabeça e um software comercial de codificação para capturar dez episódios de cuidado ativo por oito enfermeiros e dois médicos e para codificar o tipo e a duração da EMS usando um esquema de codificação hierárquico. Identificamos sequências de EMS particularmente relevantes para os riscos de infecção para pacientes com base nos “Cinco Momentos para a Higienização das Mãos” da OMS. O estudo foi realizado em uma unidade de terapia intensiva de trauma em um hospital universitário de 900 leitos na Suíça.

Resultados: Ao todo, os dez vídeos somaram 296,5 minutos e apresentaram oito enfermeiros e dois médicos. Foi identificado um total de 4.222 EMS (1 EMS a cada 4,2 segundos), referentes a mãos nuas (79%) e cobertas com luvas (21%). Os casos de EMS dentro da zona do paciente (n=1775; 42%) envolveram objetos móveis (33%), superfícies imóveis (5%) e a pele intacta do paciente (4%), enquanto a EMS fora da zona do paciente (n=1953; 46%) envolveu o próprio corpo do profissional da saúde (10%), objetos móveis (28%) e superfícies imóveis (8%). Outros 494 (12%) eventos envolveram áreas críticas do paciente. A análise sequencial revelou 291 casos de EMS na transição de fora para dentro da zona do paciente, isto é, “eventos de colonização”, e 217 de qualquer superfície para áreas críticas, isto é, “eventos de infecção”. A higienização das mãos ocorreu 97 vezes, 14 vezes (adesão de 5%) nos eventos de colonização e 3 vezes (adesão de 1%) nos eventos de infecção. Em média, a higienização das mãos durou 13 ± 9 segundos.

Conclusões: A abundância de EMS destaca o papel central das mãos na propagação de patógenos, enquanto a higienização das mãos ocorreu raramente nos eventos potenciais de colonização e infecção. A nossa abordagem gerou um instrumento válido de captura e codificação de vídeo para uma análise aprofundada das trajetórias das mãos durante o cuidado ativo do paciente, que pode ajudar a planejar esquemas de prevenção mais eficientes.

Palavras-chave: Vídeo; Risco de transmissão; Higienização das mãos; Observação

Resumo Original:

Background: Healthcare workers' hands are the foremost means of pathogen transmission in healthcare, but detailed hand trajectories have been insufficiently researched so far. We developed and applied a new method to systematically document hand-to-surface exposures (HSE) to delineate true hand transmission pathways in real-life healthcare settings.

Methods: A head-mounted camera and commercial coding software were used to capture ten active care episodes by eight nurses and two physicians and code HSE type and duration using a hierarchical coding scheme. We identified HSE sequences of particular relevance to infectious risks for patients based on the WHO 'Five Moments for Hand Hygiene'. The study took place in a trauma intensive care unit in a 900-bed university hospital in Switzerland.

Results: Overall, the ten videos totaled 296.5 min and featured eight nurses and two physicians. A total of 4222 HSE were identified (1 HSE every 4.2 s), which concerned bare (79%) and gloved (21%) hands. The HSE inside the patient zone (n = 1775; 42%) included mobile objects (33%), immobile surfaces (5%), and patient intact skin (4%), while HSE outside the patient zone (n = 1953; 46%) included HCW's own body (10%), mobile objects (28%), and immobile surfaces (8%). A further 494 (12%) events involved patient critical sites. Sequential analysis revealed 291 HSE transitions from outside to inside patient zone, i.e. "colonization events", and 217 from any surface to critical sites, i.e. "infection events". Hand hygiene occurred 97 times, 14 (5% adherence) times at colonization events and three (1% adherence) times at infection events. On average, hand rubbing lasted 13 ± 9 s.

Conclusions: The abundance of HSE underscores the central role of hands in the spread of potential pathogens while hand hygiene occurred rarely at potential colonization and infection events. Our approach produced a valid video and coding instrument for in-depth analysis of hand trajectories during active patient care that may help to design more efficient prevention schemes.

Keywords: Hand hygiene; Observation; Transmission risk; Video

Fonte:
Antimicrobial resistance and infection control ; 6(108): 2-9; 2017. DOI: 10.1186/s13756-017-0267-z.