Os profissionais mais experientes são mais capazes de tolerar a incerteza e gerir os riscos? Um estudo baseado em vinhetas com médicos de três serviços de emergência do NHS inglês

Rebecca Lawton ; Olivia Robinson ; Rebecca Harrison ; Suzanne Mason ; Mark Conner ; Brad Wilson
Título original:
Are more experienced clinicians better able to tolerate uncertainty and manage risks? A vignette study of doctors in three NHS emergency departments in England
Resumo:

CONTEXTO: A aversão ao risco entre médicos iniciantes, que se manifesta como um maior intervencionismo (pedidos de exames, procedimentos diagnósticos etc.), foi proposta como uma das possíveis causas para o aumento da pressão nos serviços de emergência (SEs). Testamos a previsão de que médicos com mais experiência seriam mais tolerantes à incerteza e, portanto, menos avessos ao risco ao tomarem decisões. MÉTODOS: Neste estudo transversal baseado em vinhetas, os médicos de três SEs foram convidados a preencher um questionário para medir a sua experiência (tempo de serviço em SEs), reações à incerteza (GERRITY et al., 1995) e aversão ao risco (respostas sobre a adequação das suas decisões clínicas). RESULTADOS: Analisamos os dados de 90 médicos. A experiência dos médicos em SEs variou de 5 semanas a 21 anos. Encontramos uma grande associação entre experiência e aversão ao risco, de modo que os médicos mais experientes tomavam menos decisões avessas ao risco (r=0,47, p<0,001). Também encontramos uma grande associação entre a experiência e as reações à incerteza (r=-0,50, p<0,001), em que os médicos mais experientes sentiam-se muito mais à vontade com a incerteza. Análises de mediação indicaram que a tolerância à incerteza mediava parcialmente a relação entre a experiência e a menor aversão ao risco, explicando cerca de um quarto do efeito. CONCLUSÃO: Embora este estudo nos estimule a concluir que a experiência e a capacidade de tolerar a incerteza levam a resultados positivos para os pacientes (estratégias clínicas menos avessas ao risco e níveis mais altos de segurança), o seu desenho experimental não permite concluir que as estratégias menos avessas ao risco melhorem a segurança do paciente.

Resumo Original:

BACKGROUND: Risk aversion among junior doctors that manifests as greater intervention (ordering of tests, diagnostic procedures and so on) has been proposed as one of the possible causes for increased pressure in emergency departments (EDs). Here we tested the prediction that doctors with more experience would be more tolerant of uncertainty and therefore less risk-averse in decision making. METHODS: In this cross-sectional, vignette-based study, doctors working in three EDs were asked to complete a questionnaire measuring experience (length of service in EDs), reactions to uncertainty (Gerrity et al, 1995) and risk aversion (responses about the appropriateness of patient management decisions). RESULTS: Data from 90 doctors were analysed. Doctors had worked in the ED for between 5 weeks and 21 years. We found a large association between experience and risk aversion so that more experienced clinicians made less risk-averse decisions (r=0.47, p<0.001). We also found a large association between experience and reactions to uncertainty (r=-0.50, p<0.001), with more experienced doctors being much more at ease with uncertainty. Mediation analyses indicated that tolerance of uncertainty partially mediated the relationship between experience and lower risk aversion, explaining about a quarter of the effect. CONCLUSION: While we might be tempted to conclude from this research that experience and the ability to tolerate uncertainty lead to positive outcomes for patients (less risk-averse management strategies and higher levels of safety netting), what we are unable to conclude from this design is that these less risk-averse strategies improve patient safety.

Fonte:
BMJ Quality & Safety ; 28(5): 2019. DOI: 10.1136/bmjqs-2018-008390.