Eventos adversos em psiquiatria: um estudo de coorte nacional na Suécia com uma ferramenta de rastreamento psiquiátrico original

Lena Nilsson ; Madeleine Borgstedt-Risberg ; Charlotta Brunner ; Ullakarin Nyberg ; Urban Nylén ; Carina Ålenius ; Hans Rutberg
Título original:
Adverse events in psychiatry: a national cohort study in Sweden with a unique psychiatric trigger tool
Resumo:

CONTEXTO: A grande maioria dos estudos sobre segurança do paciente se concentra no cuidado com a saúde somática. Embora os eventos adversos (EAs) específicos da saúde psiquiátrica tenham sido explorados, a taxa de ocorrência geral e a natureza desses EAs não foram bem investigadas. MÉTODOS: Realizamos um estudo de coorte baseado na revisão retrospectiva de prontuários com uma metodologia de rastreamento em duas etapas. Os participantes foram selecionados aleatoriamente e incluíram pacientes com 18 anos ou mais internados nos departamentos de cuidado agudo psiquiátrico em todas as regiões da Suécia de 1 de janeiro a 30 de junho de 2017. O cuidado hospitalar e o cuidado ambulatorial correspondente foram examinados como parte de um contínuo, durante um período máximo de 3 meses. Os EAs foram categorizados de acordo com o tipo, gravidade e evitabilidade. RESULTADOS: Fizemos a revisão dos prontuários médicos de 2552 pacientes. Dentre eles, 50,4% eram mulheres e 49,6% eram homens. A idade mediana (intervalo) foi de 44 (18-97) anos para as mulheres e 44,5 (18-93) anos para os homens. Em 438 dos prontuários revisados foram identificados 720 EAs, sendo encontrados EAs em 17,2% [intervalo de confiança de 95%, 15,7-18,6] dos prontuários. A maioria dos EAs resultou em danos leves ou moderados, e 46,2% foram considerados evitáveis. A progressão prolongada da doença e os danos autoprovocados foram os tipos mais comuns de EA. Os EAs foram significativamente mais comuns em mulheres (21,5%) do que em homens (12,7%), mas não houve diferenças entre faixas etárias. Foram encontrados danos graves ou catastróficos em 2,3% dos prontuários, dentre os quais as mulheres foram a maioria (61%). Indicadores que sugerem problemas com a qualidade do cuidado foram encontrados em 78% dos prontuários, dos quais o mais comum foi a ausência de um plano de tratamento. CONCLUSÕES: Os EAs são comuns no cuidado psiquiátrico. Além do trabalho adicional de segurança do paciente, são necessárias intervenções sistemáticas para melhorar a qualidade do cuidado psiquiátrico. em ações organizacionais após a ocorrência do evento, estratégias, infraestrutura, treinamento e comunicação aberta sobre eventos adversos. Faltam modelos abrangentes para a ação após a ocorrência de eventos adversos. Isto requer a compreensão do fenômeno juntamente com a ambição de gerir os eventos adversos de forma integral. Quando um evento adverso é identificado e uma preocupação é expressa, é preciso implementar imediatamente medidas sistemáticas de prevenção e mitigação de danos. É necessário o desenvolvimento do sistema como um todo.

Resumo Original:

Resumo:
BACKGROUND: The vast majority of patient safety research has focused on somatic health care. Although specific adverse events (AEs) within psychiatric healthcare have been explored, the overall level and nature of AEs is sparsely investigated. METHODS: Cohort study using a retrospective record review based on a two-step trigger tool methodology in the charts of randomly selected patients 18 years or older admitted to the psychiatric acute care departments in all Swedish regions from January 1 to June 30, 2017. Hospital care together with corresponding outpatient care were reviewed as a continuum, over a maximum of 3 months. The AEs were categorised according to type, severity and preventability. RESULTS: In total, the medical records of 2552 patients were reviewed. Among the patients, 50.4% were women and 49.6% were men. The median (range) age was 44 (18-97) years for women and 44.5 (18-93) years for men. In 438 of the reviewed records, 720 AEs were identified, corresponding to the AEs identified in 17.2% [95% confidence interval, 15.7-18.6] of the records. The majority of AEs resulted in less or moderate harm, and 46.2% were considered preventable. Prolonged disease progression and deliberate self-harm were the most common types of AEs. AEs were significantly more common in women (21.5%) than in men (12.7%) but showed no difference between age groups. Severe or catastrophic harm was found in 2.3% of the records, and the majority affected were women (61%). Triggers pointing at deficient quality of care were found in 78% of the records, with the absence of a treatment plan being the most common. CONCLUSIONS: AEs are common in psychiatric care. Aside from further patient safety work, systematic interventions are also warranted to improve the quality of psychiatric care.

Fonte:
BMC Psychiatry ; 2021. DOI: doi.org/10.1186/s12888-020-2447-2.