Conhecimentos, atitudes e expectativas de profissionais médicos em relação às políticas de gestão de erros no cuidado de saúde na medicina humanitária: um estudo qualitativo

Jean-Marc Biquet ; Doris Schopper ; Dominique Sprumont ; Philippe Michel
Título original:
Knowledge, attitudes, and Expectations of Medical Staff Toward Medical Error Management Policies in Humanitarian Medicine: A Qualitative Study
Resumo:

CONTEXTO: A segurança do paciente, um componente importante da qualidade do cuidado, tornou-se um atributo dos sistemas de saúde, ao menos nos países desenvolvidos. Embora haja cada vez mais estudos sobre o tema nos países desenvolvidos, a medicina humanitária, praticada principalmente em países com poucos recursos, ainda não estruturou um conjunto próprio de políticas e estratégias para a segurança do paciente e a gestão de erros no cuidado de saúde. OBJETIVOS: Avaliamos os conhecimentos, atitudes e expectativas dos profissionais médicos que trabalham em organizações humanitárias em relação ao desenvolvimento de políticas e estratégias relacionadas à segurança do paciente e à gestão de erros no cuidado de saúde nas ações médicas humanitárias. MÉTODOS: Realizamos 36 entrevistas semiestruturadas com profissionais médicos e paramédicos de diferentes países, que trabalham em 6 organizações médicas humanitárias, depois de entrevistar os diretores médicos, os responsáveis pela qualidade do cuidado ou os assessores jurídicos dessas organizações. As entrevistas foram transcritas e submetidas a uma análise temática. RESULTADOS: As entrevistas confirmaram a atual ausência de investimentos claros na gestão dos riscos à segurança nestas organizações médicas humanitárias. As dificuldades vivenciadas pelos profissionais médicos para notificar erros no cuidado de saúde, tais como a existência de uma cultura de culpabilidade, a falta de treinamento e a ausência de lideranças comprometidas com a segurança do paciente, são inespecíficas. Outros argumentos estão relacionados às condições específicas dos ambientes humanitários: coexistência de diferentes culturas médicas, ausência de regulamentação internacional ou local e de pressões externas e grande diversidade de atividades e contextos. CONCLUSÕES: Os profissionais entrevistados expressaram grandes expectativas de receber orientações e apoio por parte de suas organizações para adotar políticas claras de segurança do paciente e de gestão de erros no cuidado de saúde, adaptadas às suas complexas realidades operacionais e clínicas.
 

Resumo Original:

BACKGROUND: Patient safety, a major component of quality of care, is now an attribute of health care systems in developed countries at least. Although there is ever more research on this subject in developed countries, humanitarian medicine, mainly implemented in resource-poor countries, has yet to structure its own set of policies and strategies on patient safety and the management of medical errors. OBJECTIVES: We assessed the knowledge, attitudes, and expectations of medical humanitarian staff regarding the development of policies and strategies related to patient safety and medical error management in medical humanitarian action. METHODS: We conducted 36 semistructured interviews with international medical and paramedical staff active in 6 medical humanitarian organizations after having interviewed the medical directors or the person in charge of quality of care and the legal advisors. Interviews were transcribed verbatim and subjected to a thematic analysis. RESULTS: The interviews confirmed the current absence of clear investments in dealing with safety risks in the selected medical humanitarian organizations. The difficulties experienced by medical staff in reporting medical errors such as blame culture, lack of training, and absence of leadership committed on patient safety are nonspecific. Other arguments are related to the specific conditions of humanitarian settings: coexistence of different medical culture, absence of international or local regulations or external pressures, and great diversity of activities and contexts. CONCLUSIONS: Interviewed staff expressed high expectations of receiving guidance from their organizations and support to adopt clear patient safety and medical error management policies adapted to their complex operational and clinical realities.
 

Fonte:
Journal of Patient Safety ; 2021. DOI: 10.1097/PTS.0000000000000702.