Prevalência e impacto de comportamentos não profissionais entre funcionários de hospitais: um inquérito em sete hospitais australianos

Johanna Westbrook ; Neroli Sunderland ; Ling Li ; Alain Koyama ; Ryan McMullan ; Rachel Urwin ; Kate Churruca
Título original:
The prevalence and impact of unprofessional behaviour among hospital workers: a survey in seven Australian hospitals
Resumo:

OBJETIVO: Identificar os fatores individuais e organizacionais associados com a prevalência, o tipo e o impacto de comportamentos não profissionais entre funcionários de hospitais. DESENHO, AMBIENTE E PARTICIPANTES: Aplicamos um inquérito junto aos funcionários de sete hospitais terciários metropolitanos operados por um prestador de serviços de saúde em três estados (de dezembro de 2017 a novembro de 2018) para avaliar as suas experiências com comportamentos não profissionais — 21 deles classificados como descortesia ou bullying e 5 como comportamentos não profissionais extremos (tais como agressão sexual ou física) — e suas percepções sobre o impacto desses comportamentos no bem-estar pessoal, no trabalho em equipe e na qualidade do cuidado, bem como na sua capacidade de expressar preocupações ou apontar problemas no ambiente de trabalho. DESFECHOS PRINCIPAIS: Frequência de exposição aos 26 comportamentos não profissionais nos últimos 12 meses; fatores associados à exposição a comportamentos não profissionais e seu impacto, incluindo a capacidade de expressar preocupações ou apontar problemas no ambiente de trabalho. RESULTADOS: Ao todo, 5.178 de um total estimado de 15.213 funcionários (taxa de resposta de 34,0%) enviaram questionários válidos (com mais de 60% das perguntas respondidas). Entre os respondentes, 4.846 (93,6%; IC 95%, 92,9-94,2%) afirmaram ter sido expostos a pelo menos um comportamento não profissional durante o ano anterior, incluindo 2.009 (38,8%; IC 95%, 37,5-40,1%) relatos de descortesia ou bullying ocorrendo no mínimo uma vez por semana; 753 (14,5%; IC 95%, 13,6-15,5%) relataram comportamento não profissional extremo. Enfermeiros e funcionários não clínicos com idade entre 25 e 34 anos relataram descortesia/bullying e comportamento extremo com mais frequência do que outros funcionários e faixas etárias, respectivamente. Profissionais que afirmaram ter competências para expressar preocupações ou apontar problemas no ambiente de trabalho sofreram menos descortesia/bullying (odds ratio [OR], 0,53; IC 95%, 0,46-0,61) e comportamentos extremos (OR, 0,80; IC 95%, 0,67-0,97) e também relataram um menor impacto em seu bem-estar pessoal (OR, 0,44; IC 95%, 0,38-0,51). CONCLUSÕES: O comportamento não profissional é comum entre funcionários de hospitais. A tolerância a comportamentos levemente inadequados pode servir como estímulo para comportamentos mais graves que colocam em risco o bem-estar dos profissionais e a segurança do paciente. É preciso fornecer treinamento aos profissionais para que manifestem as suas preocupações e apontem os problemas no local de trabalho; também é necessário implementar processos organizacionais para eliminar os comportamentos não profissionais.
 

Resumo Original:

OBJECTIVE: To identify individual and organisational factors associated with the prevalence, type and impact of unprofessional behaviours among hospital employees. DESIGN, SETTING, PARTICIPANTS: Staff in seven metropolitan tertiary hospitals operated by one health care provider in three states were surveyed (Dec 2017 - Nov 2018) about their experience of unprofessional behaviours - 21 classified as incivility or bullying and five as extreme unprofessional behaviour (eg, sexual or physical assault) - and their perceived impact on personal wellbeing, teamwork and care quality, as well as about their speaking-up skills. MAIN OUTCOME MEASURES: Frequency of experiencing 26 unprofessional behaviours during the preceding 12 months; factors associated with experiencing unprofessional behaviour and its impact, including self-reported speaking-up skills. RESULTS: Valid surveys (more than 60% of questions answered) were submitted by 5178 of an estimated 15 213 staff members (response rate, 34.0%). 4846 respondents (93.6%; 95% CI, 92.9-94.2%) reported experiencing at least one unprofessional behaviour during the preceding year, including 2009 (38.8%; 95% CI, 37.5-40.1%) who reported weekly or more frequent incivility or bullying; 753 (14.5%; 95% CI, 13.6-15.5%) reported extreme unprofessional behaviour. Nurses and non-clinical staff members aged 25-34 years reported incivility/bullying and extreme behaviour more often than other staff and age groups respectively. Staff with self-reported speaking-up skills experienced less incivility/bullying (odds ratio [OR], 0.53; 95% CI, 0.46-0.61) and extreme behaviour (OR, 0.80; 95% CI, 0.67-0.97), and also less frequently an impact on their personal wellbeing (OR, 0.44; 95% CI, 0.38-0.51). CONCLUSIONS: Unprofessional behaviour is common among hospital workers. Tolerance for low level poor behaviour may be an enabler for more serious misbehaviour that endangers staff wellbeing and patient safety. Training staff about speaking up is required, together with organisational processes for effectively eliminating unprofessional behaviour.
 

Fonte:
The Medical Journal of Australia ; 214(1): 31-37; 2021. DOI: doi: 10.5694/mja2.50849.