Infecções por P. aeruginosa relacionadas à assistência à saúde associadas a dispositivos e sua resistência a múltiplos fármacos na unidade de terapia intensiva de Hospital Universitário na Polônia: estudo monocêntrico prospectivo com duração de 8,5 anos

Resumo
Contexto: Pseudomonas aeruginosa demonstrou recentemente ser uma das cepas mais importantes de bactérias e patógenos de alerta na Europa entre pacientes internados em Unidade de Terapia intensiva, causando graves problemas terapêuticos devido à sua resistência a múltiplos fármacos.
Métodos: O objetivo deste estudo microbiológico foi analisar dados sobre infecções relacionadas à assistência à saúde associadas a dispositivos (IRAS-AD) em uma UTI em termos dos casos de infecções por cepas de P. aeruginosa e sua suscetibilidade ao longo de uma observação com duração de 8,5 anos.
Resultados: Entre 919 cepas isoladas, responsáveis por 799 IRAS-AD (17,62 ± 1,98/1.000 pacientes-dias) em 4.010 pacientes internados na UTI, P. aeruginosa foi o organismo etiológico em 108/799 casos (13,52%). As taxas de incidência (densidade) de PAVM/1.000 dias em ventilação mecânica, ITU/1.000 dias de utilização de cateter urinário e IPCS/1.000 dias de utilização de cateteres venosos centrais foram de 11,15 ± 2,5, 6,82 ± 0,81 e 2,35 ± 1,54, respectivamente. P. aeruginosa foi o patógeno mais frequentemente responsável por PAVM, em 69/108 casos (63,88%). A frequência média de PAVM, ITU e IPCS causada por P. aeruginosa foi de 69/493 (14,28%), 32/299 (11,1%) e 7/127 (5,77%), respectivamente. A densidade média de infecção por P. aeruginosa foi de 2,43/1.000 pacientes-dias. Foi observada uma diminuição no número total de IRAS-AD por P. aeruginosa, de 15,75% e 3,23/1.000 pacientes-dias em 2011 para 5,0% e 1,17/1.000 em 2016 (p=0,0104, p=0,0348). De 2016 a 2019, a incidência e densidade de IRAS-AD por P. aeruginosa aumentou para 12,33% e 2,63/1.000 (p=0,1388, p=0,0818). A suscetibilidade de P. aeruginosa a ceftazidima, cefepima, amicacina, meropenem, ciprofloxacina e colistina foi de 55,55, 58,33, 70,37, 53,73, 50 e 100%, respectivamente. A resistência a múltiplos fármacos foi observada em 40% dos casos em 2011 e em 66,7% em 2019 (p=0,177).
Conclusões: O estudo revelou uma prevalência variável de infecções por P. aeruginosa; contudo, a sua frequência não foi maior nos últimos anos em nossa UTI, como observado no resto da Europa. O estudo demonstrou uma diminuição significativa nas taxas de infecção em 2016 e um aumento em 2019, um aumento de quase três vezes nas infecções por P. aeruginosa entre as infecções por cepas Gram-negativas e um aumento de 2 vezes na frequência de IRAS-AD por P. aeruginosa entre 2016 e 2019, bem como um aumento da resistência. A análise microbiológica das IRAS-AD em cada hospital deve ser um método-padrão utilizado no controle de infecções hospitalares e na política antimicrobiana. No caso da P. aeruginosa, para minimizar a transmissão, os métodos de prevenção de infecções devem ser avaliados, principalmente no caso da PAVM.
 

Abstract
Background: Pseudomonas aeruginosa has recently shown to be one of the most important strains of bacteria and alert pathogens in Europe among Intensive Care Unit patients that provide serious therapeutic problems because of its multidrug resistance.
Methods: The purpose of this microbiological study was data analysis of device associated- healthcare associated infections (DA-HAIs) in an ICU in terms of the incidents of P.aeruginosa strain infections and its susceptibility within an 8.5-year observation.
Results: Among 919 isolated strains responsible for 799 DA-HAIs (17,62 ± 1,98/1000 patient-days) in 4010 ICU patients P.aeruginosa was the pathogen in 108/799 (13.52%) cases. Incidence rate (density) of: VAP/1000 MV- days, UTI /1000 UC- days and CLA-BSI/1000 CL- days were 11,15 ± 2.5, 6.82 ± 0.81, 2.35 ± 1.54.respectivelly. P.aeruginosa was the pathogen most frequently responsible for VAP 69/108 (63.88%). Mean frequency of VAP, UTI and CLA-BSI with P.aeruginosa etiology was 69/493 (14.28%), 32/299 (11.1%) and 7/127 (5.77%) respectively. The mean density of P.aeruginosa infection amounted to 2.43/1000 patient-days. The decrease was observed in the total number of DA-HAIs caused by the P.aeruginosa from 15.75% and 3.23/1000 patient-days in 2011 to 5.0% and 1.17/1000 in 2016 (p = 0.0104, p = 0.0348). Starting from 2016 to 2019 incidence and density of P.aeruginosa DA-HAIs increased to 12.33% and 2.63/1000 (p = 0.1388, p = 0.0818). P.aeruginosa was susceptible to ceftazidime, cefepime, amikacin, meropenem, ciprofloxacin, colistin, in 55.55, 58.33, 70.37, 53.73, 50, and 100% respectively. MDR characterised it in 40% in 2011 and 66.7% in 2019, (p = 0.177).
Conclusions: The study revealed a changeable prevalence of P. aeruginosa strain infections; however their frequency was never highest in our ICU patients as it presented in the last years in Europe. The study showed a significant decrease in 2016 and increase in 2019, a nearly 3-fold increase of P.aeruginosa infections among Gram-negative strain infections, and a 2-fold increase of the P.aeruginosa DA-HAIs frequency between 2016 and 2019 as well as an increased resistance. Microbiological analysis of DA-HAIs in each hospital should be a standard method used in hospital infection control and antibiotic policy. In the case of P.aeruginosa, in order to minimize transmission, preventive infection methods should be assessed mainly in case of VAP.