Quais são os valores éticos subjacentes à reforma dos serviços de maternidade e pediátricos do National Health Service da Inglaterra devido à pandemia de COVID-19? Uma revisão rápida

Anna Chiumento ; Paul Baines ; Caroline Redhead ; Sara Fovargue ; Heather Draper ; Lucy Frith
Título original:
Which ethical values underpin England's National Health Service reset of paediatric and maternity services following COVID-19: a rapid review
Resumo:

OBJETIVO: Identificar os valores éticos que orientaram as decisões durante a reforma dos serviços de maternidade e cirurgia pediátrica para pacientes sem COVID-19 no National Health Service (NHS). DESENHO: Realizamos uma revisão rápida de fontes da literatura acadêmica e cinzenta de 29 de abril a 31 de dezembro de 2020, cobrindo o cuidado de saúde não urgente, voltado a pacientes sem COVID-19. Fizemos uma síntese temática das fontes, tendo como base uma versão adaptada do Referencial Ético para a Gripe Pandêmica (Pandemic Flu Ethical Framework) do governo britânico, procurando identificar os princípios éticos subjacentes. Também avaliamos a força do engajamento normativo e a qualidade das fontes. AMBIENTE: Serviços de maternidade e cirurgia pediátrica do NHS na Inglaterra. RESULTADOS: Pesquisas realizadas de 8 de setembro a 12 de outubro de 2020 e atualizadas em março de 2021 identificaram 48 fontes que atendiam aos critérios de inclusão. Os temas identificados incluíram: segurança dos profissionais, trabalho colaborativo (incluindo dependências mútuas em todo o sistema de saúde), reciprocidade e inclusividade na recuperação dos serviços, abordando, por exemplo, as desigualdades no acesso aos serviços. Uma questão relacionada ao tema da segurança dos profissionais e pacientes é a adoção de novas formas de trabalho, tais como a rápida implementação da telemedicina. A avaliação das fontes demonstrou que muitas delas não consideraram explicitamente de que forma os princípios éticos poderiam ser aplicados ou postos em equilíbrio uns contra os outros. As deficiências nas fontes relacionadas às políticas incluíram a falta de envolvimento do público e dos usuários e a ausência de critérios de monitoramento e avaliação. CONCLUSÕES: Nossos resultados sugerem que a relacionalidade é um princípio ético importante que fundamenta a reforma dos serviços de maternidade e cirurgia pediátrica para pacientes sem COVID-19 no National Health Service. As fontes destacam explicitamente a importância ética de procurar perturbar ao mínimo as relações de cuidado e dependência, ao mesmo tempo em que se dá atenção à segurança pública. O engajamento com os princípios éticos foi superficial — as fontes mencionaram os princípios de passagem em vez de aplicá-los explicitamente. Com isto, os decisores e profissionais da saúde ficam sem um referencial ético operacional no qual possam se basear para aplicar as decisões difíceis na reforma dos serviços, o que gera o risco de inconsistências na tomada de decisões. Recomendamos a realização de mais estudos para confirmar ou refinar a utilidade do referencial ético desenvolvido na nossa análise, a ser utilizado na reforma dos serviços.
 

Resumo Original:

OBJECTIVE: To identify ethical values guiding decision making in resetting non-COVID-19 paediatric surgery and maternity services in the National Health Service (NHS). DESIGN: A rapid review of academic and grey literature sources from 29 April to 31 December 2020, covering non-urgent, non-COVID-19 healthcare. Sources were thematically synthesised against an adapted version of the UK Government's Pandemic Flu Ethical Framework to identify underpinning ethical principles. The strength of normative engagement and the quality of the sources were also assessed. SETTING: NHS maternity and paediatric surgery services in England. RESULTS: Searches conducted 8 September-12 October 2020, and updated in March 2021, identified 48 sources meeting the inclusion criteria. Themes that arose include: staff safety; collaborative working - including mutual dependencies across the healthcare system; reciprocity; and inclusivity in service recovery, for example, by addressing inequalities in service access. Embedded in the theme of staff and patient safety is embracing new ways of working, such as the rapid roll out of telemedicine. On assessment, many sources did not explicitly consider how ethical principles might be applied or balanced against one another. Weaknesses in the policy sources included a lack of public and user involvement and the absence of monitoring and evaluation criteria. CONCLUSIONS: Our findings suggest that relationality is a prominent ethical principle informing resetting NHS non-COVID-19 paediatric surgery and maternity services. Sources explicitly highlight the ethical importance of seeking to minimise disruption to caring and dependent relationships, while simultaneously attending to public safety. Engagement with ethical principles was ethics-lite, with sources mentioning principles in passing rather than explicitly applying them. This leaves decision makers and healthcare professionals without an operationalisable ethical framework to apply to difficult reset decisions and risks inconsistencies in decision making. We recommend further research to confirm or refine the usefulness of the reset phase ethical framework developed through our analysis.
 

Fonte:
BMJ Open ; 11(6): e049214; 2021. DOI: 10.1136/bmjopen-2021-049214..