Estratégias de enfrentamento utilizadas por profissionais da saúde como segundas vítimas: uma revisão sistemática

Maria Kappes RN, MSc ; Marta Romero-García RN, MSc, PhD ; Pilar Delgado-Hito RN, MSc, PhD
Título original:
Coping strategies in health care providers as second victims: A systematic review
Resumo:

OBJETIVO: Analisar as estratégias pessoais e organizacionais descritas na literatura para lidar com o fenômeno da segunda vítima entre profissionais da saúde. CONTEXTO: O fenômeno da segunda vítima está associado a muitos sinais e sintomas, que podem ser físicos, psicológicos, emocionais ou comportamentais. Têm sido desenvolvidas estratégias pessoais e organizacionais para lidar com este fenômeno. MATERIAIS E MÉTODOS: Fizemos pesquisas sistemáticas nas bases de dados PubMed, Cochrane Library, Web of Science, Scopus, PsycINFO, Science Direct e Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature, buscando evidências publicadas entre 2010 e 2019 em espanhol, inglês, alemão e português. RESULTADOS: Identificamos 783 artigos. Após eliminar duplicatas, aplicar critérios de inclusão e exclusão e as ferramentas de análise crítica do Joanna Briggs Institute, 16 artigos de pesquisa foram incluídos: 10 estudos quantitativos (estudo correlacional, revisão descritiva, sistemática ou integrativa) e 6 estudos qualitativos (revisão descritiva ou sistemática). Diversas estratégias pessoais e organizacionais são usadas para lidar com o fenômeno da segunda vítima. Entre elas, o apoio dos colegas e o aprendizado com eventos adversos são altamente valorizados. Entre as estratégias pessoais, destaca-se a análise interna do evento adverso realizada pelo profissional para lidar com os sentimentos negativos que foram gerados. Entre as estratégias organizacionais, as mais valorizadas são os programas de apoio à segunda vítima com equipes de resposta rápida compostas por colegas. CONCLUSÕES: As principais estratégias organizacionais usadas para lidar com este fenômeno são programas on-line em países como os Estados Unidos, a Espanha e outros países europeus. É necessária uma avaliação formal desses programas e estudos na América Latina. IMPLICAÇÕES PARA AS POLÍTICAS DE ENFERMAGEM E SAÚDE: Uma resposta adequada ao fenômeno da segunda vítima permite aos profissionais e organizações de saúde aprender com os eventos adversos. Além disso, ao apoiarem os profissionais da saúde que sofrem com esse fenômeno, as organizações cuidam de seu recurso mais valioso: o seu capital humano. Isto contribui para a criação de uma cultura de qualidade do cuidado de saúde nas organizações, o que reduzirá a ocorrência de eventos adversos no futuro.
 

Resumo Original:

AIM: To analyze personal and organizational strategies described in the literature for dealing with the second victim phenomenon among healthcare providers. BACKGROUND: The second victim phenomenon involves many associated signs and symptoms, which can be physical, psychological, emotional, or behavioral. Personal and organizational strategies have been developed to deal with this phenomenon. MATERIALS AND METHODS: A systematic review was carried out in PubMed, Cochrane Library, Web of Science, Scopus, PsycINFO, Science Direct, and Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature databases, searching for evidence published between 2010 and 2019 in Spanish, English, German, and Portuguese. RESULTS: Seven hundred and eighty-three articles were identified. After eliminating duplicates, applying inclusion and exclusion criteria and critical analysis tools of the Joanna Briggs Institute, 16 research articles were included: 10 quantitative studies (design: descriptive, correlational, systematic, or integrative review) and six qualitative studies (descriptive, systematic review). There are several different personal and organizational strategies for dealing with the second victim phenomenon. Among these, peer support and learning from adverse events are highly valued. In personal strategies stands out the internal analysis of the adverse event that the professional performs to deal with the generated negative feelings. In organizational strategies, the most valued are second victim support programs with rapid response teams and made up of peers. CONCLUSIONS: The main organizational coping strategies for tackling this phenomenon are online programs in countries such as the United States, Spain, and other European countries. Formal evaluation of these programs and research is required in Latin America. IMPLICATIONS FOR NURSING AND HEALTH POLICIES: Adequately coping with the second victim phenomenon allows health professionals and organizations to learn from adverse events. Furthermore, by supporting health professionals who suffer from the second victim phenomenon, the organization takes care of its most valuable resource, its human capital. This contributes toward building a culture of healthcare quality in organizations, which will reduce adverse events in the future.
 

Fonte:
International nursing review ; 2021. DOI: 10.1111/inr.12694..