Tromboembolismo arterial e venoso na COVID-19: uma metanálise de estudos sobre o tema

Boun Kim Tan ; Sabine Mainbourg ; Arnaud Friggeri ; Laurent Bertoletti ; Marion Douplat ; Yesim Dargaud ; Claire Grange
Título original:
Arterial and venous thromboembolism in COVID-19: a study-level meta-analysis
Resumo:

Resumo
Contexto: A prevalência de eventos tromboembólicos venosos (ETVs) e eventos tromboembólicos arteriais (ETAs) em pacientes com COVID-19 ainda é, em grande medida, desconhecida.
Métodos: Nesta metanálise, fizemos pesquisas sistemáticas em busca de estudos observacionais publicados até 30 de setembro de 2020 que descrevessem a prevalência de ETVs e ETAs em pacientes com COVID-19.
Resultados: Analisamos os achados de 102 estudos (64.503 pacientes). A frequência de ETVs relacionados à COVID-19 foi de 14,7% (IC 95% 12,1% a 17,6%, I2 =94%; 56 estudos; 16.507 pacientes). As taxas globais de prevalência de embolia pulmonar (EP) e trombose venosa profunda dos membros inferiores foram de 7,8% (IC 95% 6,2% a 9,4%, I2 =94%; 66 estudos; 23.117 pacientes) e 11,2% (IC 95% 8,4% a 14,3%, I2 =95%; 48 estudos; 13.824 pacientes), respectivamente. Houve poucos casos de EP subsegmentar isolada. A prevalência de ETVs foi significativamente mais alta na unidade de terapia intensiva (UTI) (23,2%, IC 95% 17,5% a 29,6%, I2=92%, vs. 9,0%, IC 95% 6,9% a 11,4%, I2=95%; pinteração<0,0001) e em séries que fizeram o rastreamento sistemático de pacientes em comparação com séries que testaram pacientes sintomáticos (25,2% vs. 12,7%, pinteração=0,04). As taxas totais de ETAs, síndrome coronariana aguda, acidente vascular cerebral e outros ETAs foram de 3,9% (IC 95% 2,0% a 3,0%, I2=96%; 16 estudos; 7.939 pacientes), 1,6% (IC 95% 1,0% a 2,2%, I2=93%; 27 estudos; 40.597 pacientes) e 0,9% (IC 95% 0,5% a 1,5%, I2=84%; 17 estudos; 20.139 pacientes), respectivamente. As análises de metarregressão e de subgrupos não conseguiram explicar a heterogeneidade das taxas totais de ETAs. A alta heterogeneidade limitou o valor das estimativas.
Conclusões: Os pacientes internados em UTIs com COVID-19 grave apresentaram um alto risco de ETVs. Por outro lado, são necessários mais estudos para determinar os efeitos específicos da COVID-19 sobre o risco de ETAs ou ETVs em formas menos graves da doença.

Resumo Original:

Abstract
Background: The prevalence of venous thromboembolic event (VTE) and arterial thromboembolic event (ATE) thromboembolic events in patients with COVID-19 remains largely unknown.
Methods: In this meta-analysis, we systematically searched for observational studies describing the prevalence of VTE and ATE in COVID-19 up to 30 September 2020.
Results: We analysed findings from 102 studies (64 503 patients). The frequency of COVID-19-related VTE was 14.7% (95% CI 12.1% to 17.6%, I2=94%; 56 studies; 16 507 patients). The overall prevalence rates of pulmonary embolism (PE) and leg deep vein thrombosis were 7.8% (95% CI 6.2% to 9.4%, I2=94%; 66 studies; 23 117 patients) and 11.2% (95% CI 8.4% to 14.3%, I2=95%; 48 studies; 13 824 patients), respectively. Few were isolated subsegmental PE. The VTE prevalence was significantly higher in intensive care unit (ICU) (23.2%, 95% CI 17.5% to 29.6%, I2=92%, vs 9.0%, 95% CI 6.9% to 11.4%, I2=95%; pinteraction<0.0001) and in series systematically screening patients compared with series testing symptomatic patients (25.2% vs 12.7%, pinteraction=0.04). The frequency rates of overall ATE, acute coronary syndrome, stroke and other ATE were 3.9% (95% CI 2.0% to to 3.0%, I2=96%; 16 studies; 7939 patients), 1.6% (95% CI 1.0% to 2.2%, I2=93%; 27 studies; 40 597 patients) and 0.9% (95% CI 0.5% to 1.5%, I2=84%; 17 studies; 20 139 patients), respectively. Metaregression and subgroup analyses failed to explain heterogeneity of overall ATE. High heterogeneity limited the value of estimates.
Conclusions: Patients admitted in the ICU for severe COVID-19 had a high risk of VTE. Conversely, further studies are needed to determine the specific effects of COVID-19 on the risk of ATE or VTE in less severe forms of the disease.
 

Fonte:
Thorax ; 76(10): 970-979; 2022. DOI: 10.1136/thoraxjnl-2020-215383.