Adoção de múltiplos objetivos na melhoria e inovação em cuidados de saúde

CONTEXTO: A área de cuidados de saúde e outras indústrias precisam gerenciar e coordenar uma série de objetivos diferentes e ambições a longo prazo. Eles devem manter a qualidade, administrar os custos, apoiar e reter a mão de obra, gerenciar as exigências regulatórias e considerar objetivos mais amplos da sociedade. Esses objetivos são todos legítimos, mas não estão necessariamente alinhados, nem em seu cronograma nem em sua natureza. Os conflitos entre os objetivos têm uma profunda influência na implementação de melhorias de segurança e de qualidade e na mudança mais ampla do sistema de inovação. Os líderes de saúde entendem que pode haver conflitos entre esses objetivos, mas a extensão e a natureza desses conflitos têm sido subestimadas. OBJETIVO: Este artigo tem como objetivo apoiar a liderança e a alta direção médica e de enfermagem na complexa tarefa de gerenciar múltiplos objetivos em relação a melhorias e inovações. MÉTODOS: Utilizamos nossa experiência e a literatura mais ampla da indústria e da área de saúde para encontrar exemplos de estudos e projetos de melhoria com múltiplos objetivos e exemplos de inovação e mudança em que objetivos conflitantes eram aparentes. Buscou-se identificar princípios que possibilitassem a gestão de objetivos paralelos e estratégias práticas que pudessem facilitar a implementação. RESULTADOS: Argumentamos que quase todas as melhorias e inovações na área de saúde devem abordar objetivos paralelos, buscar ativamente articular esses objetivos e gerenciar potenciais conflitos entre eles. Propomos quatro princípios subjacentes para apoiar uma abordagem mais produtiva na identificação e gestão de objetivos paralelos: englobar múltiplos objetivos, considerar objetivos e ambições de curto e longo prazo, considerar o contexto social mais amplo e reconhecer que todas as mudanças ocorrem dentro de um contexto dinâmico e em evolução. Em termos de ações práticas, identificamos cinco estratégias-chave: (i) identificar e monitorar os objetivos paralelos e aceitar que alguns entrarão em conflito; (ii) desacelerar para acomodar a flexibilidade natural do sistema; (iii) pensar tanto no curto quanto no longo prazo; (iv) esperar e se esforçar para antecipar algumas consequências não intencionais e (v) resistir a rebaixar o projeto para uma implementação parcial. CONCLUSÕES: Defendemos que a maioria das melhorias e inovações, ao contrário dos ensaios controlados, deve considerar múltiplos objetivos. Estabelecemos alguns princípios e práticas gerais para reduzir conflitos e sugerimos meios para gerenciar conflitos e apoiar sinergias positivas. Sugerimos que, se isso não for seguido, é muito mais provável que surjam conflitos, o que será prejudicial ao processo de mudança. Articular os múltiplos objetivos e buscar ativamente gerenciá-los em paralelo promoverão uma abordagem mais flexível e produtiva para a inovação e a mudança.

BACKGROUND: Healthcare and other industries have to manage and coordinate a number of different aims and longer-term ambitions. They must maintain quality, manage costs, support and retain the workforce, manage regulatory demands and consider wider societal objectives. These aims are all legitimate, but they are not necessarily aligned, neither in their time frame nor in their nature. Conflicts between aims have a profound influence on the implementation of safety and quality improvement and wider innovation system change. Healthcare leaders understand that these aims may conflict, but the extent and nature of such conflicts have been underestimated. OBJECTIVE: This paper aims to support medical and nursing leadership and executives in the complex task of managing multiple aims in relation to improvement and innovation. METHODS: We drew on our experience and the wider industrial and healthcare literature to find examples of studies and improvement projects with multiple aims and examples of innovation and change in which conflicting aims were apparent. We sought to identify principles that would enable the management of parallel aims and practical strategies that might facilitate implementation. RESULTS: We argue that almost all improvement and innovation in healthcare should address parallel aims, actively seek to articulate these aims and manage potential conflicts between them. We propose four underlying principles to support a more productive approach to the identification and management of parallel aims: embrace multiple aims, consider both short- and long-term aims and ambitions, consider the wider societal context and appreciate that all changes take place within an evolving, dynamic context. In terms of practical actions, we identified five key strategies: (i) identify and monitor the parallel aims and accept that some will conflict; (ii) slow down to accommodate the natural flexibility of the system; (iii) think both the short term and the long term; (iv) expect and endeavour to anticipate some unintended consequences and (v) resist downgrading the project to partial implementation. CONCLUSIONS: We have argued that most improvement and innovation, unlike controlled trials, should consider multiple aims. We set out some broad principles and practices to reduce conflict and suggest avenues to manage conflicts and support positive synergies. We suggest that if this is not done, conflicts are much more likely to arise, which will be detrimental to the change process. Articulating the multiple aims and actively seeking to manage them in parallel will promote a more flexible and productive approach to innovation and change.