Rumo a mudanças construtivas após a ocorrência de um erro no cuidado de saúde: a teoria sobre a recuperação após situações de erro como um modelo psicossocial para recuperação de profissionais clínicos

Reema Harrison ; Judith Johnson ; Ryan D McMullan ; Maha Pervaz-Iqbal ; Upma Chitkara ; Steve Mears ; Jo Shapiro
Título original:
Toward Constructive Change After Making a Medical Error: Recovery From Situations of Error Theory as a Psychosocial Model for Clinician Recovery
Resumo:

CONTEXTO: O ato de cometer um erro no cuidado de saúde é uma experiência psicossocial única e difícil para os profissionais clínicos. A sensação de responsabilidade pessoal, associada à angústia em relação aos danos potenciais ou reais sofridos pelo paciente, cria uma dupla carga. Nos últimos 20 anos, relatos sobre a experiência de cometer um erro geraram evidências da angústia e do impacto associados a estas situações. Entretanto, faltam intervenções de apoio psicossocial baseadas na teoria para melhorar tanto os resultados individuais para os profissionais clínicos envolvidos quanto os resultados sistêmicos, como a segurança do paciente e a retenção da força de trabalho. É preciso encontrar métodos baseados em evidências para estruturar e avaliar intervenções destinadas a diminuir a angústia de cometer um erro no cuidado de saúde e seus impactos. Tais intervenções desempenham um papel dentro de programas mais amplos de apoio aos profissionais da saúde. Procuramos abordar esta questão desenvolvendo um modelo psicossocial testado de recuperação de profissionais após um erro, baseado em evidências recentes. MÉTODOS: Utilizamos uma metodologia de revisão sistemática para identificar estudos publicados entre janeiro de 2010 e junho de 2021 que relatassem experiências com o envolvimento direto em erros no cuidado de saúde e/ou com a recuperação subsequente. Geramos uma síntese narrativa a partir dos artigos resultantes, que utilizamos como base para uma abordagem de modelagem qualitativa em equipe. RESULTADOS: Identificamos 25 estudos elegíveis para inclusão, cujas evidências vieram principalmente a partir das experiências de médicos e enfermeiros. As evidências identificadas indicam que as abordagens usadas para lidar com a situação, as conversas (se ocorrem ou não e se são consideradas úteis ou inúteis) e as atividades de aprendizagem ou desenvolvimento (úteis, inúteis ou ausentes) podem influenciar a relação entre a ocorrência de um erro e os resultados individuais relacionados ao impacto emocional para o profissional clínico, bem como as mudanças práticas resultantes. Nossos resultados levaram ao desenvolvimento do modelo da Teoria da Recuperação de Situações de Erro, que serve como base teórica preliminar para o desenvolvimento e teste de intervenções. CONCLUSÕES: O modelo da Teoria da Recuperação de Situações de Erro é o primeiro modelo psicossocial testável sobre a recuperação de um profissional clínico após cometer um erro no cuidado de saúde. A aplicação deste modelo serve como base tanto para estruturar e avaliar intervenções destinadas a diminuir a angústia relacionada a cometer um erro no cuidado de saúde e seus impactos como para apoiar a replicação de intervenções bem-sucedidas em outros serviços e sistemas de saúde, a fim de promover mudanças construtivas. Tais intervenções podem ser incorporadas ao crescente corpo internacional de programas de apoio a funcionários e apoio entre pares que abordam uma grande variedade de experiências estressantes no local de trabalho.

Resumo Original:

BACKGROUND: Making a medical error is a uniquely challenging psychosocial experience for clinicians. Feelings of personal responsibility, coupled with distress regarding potential or actual patient harm resulting from a mistake, create a dual burden. Over the past 20 years, experiential accounts of making an error have provided evidence of the associated distress and impacts. However, theory-based psychosocial support interventions to improve both individual outcomes for the involved clinicians and system-level outcomes, such as patient safety and workforce retention, are lacking. There is a need for evidence-based ways to both structure and evaluate interventions to decrease the distress of making a medical error and its impacts. Such interventions play a role within wider programs of health professional support. We sought to address this by developing a testable, psychosocial model of clinician recovery after error based on recent evidence. METHODS: Systematic review methodology was used to identify studies published between January 2010 and June 2021 reporting experiences of direct involvement in medical errors and/or subsequent recovery. A narrative synthesis was produced from the resulting articles and used as the basis for a team-based qualitative approach to model building. RESULTS: We identified 25 studies eligible for inclusion, reporting evidence primarily from experiences of doctors and nurses. The identified evidence indicates that coping approach, conversations (whether they occur and whether they are perceived to be helpful or unhelpful), and learning or development activities (helpful, unhelpful or absent) may influence the relationship between making an error and both individual clinician outcomes of emotional impact and resultant practice change. Our findings led to the development of the Recovery from Situations of Error Theory model, which provides a preliminary theoretical basis for intervention development and testing. CONCLUSIONS: The Recovery from Situations of Error Theory model is the first testable psychosocial model of clinician recovery after making a medical error. Applying this model provides a basis to both structure and evaluate interventions to decrease the distress of making a medical error and its impacts and to support the replication of interventions that work across services and health systems toward constructive change. Such interventions may be embedded into the growing body of peer support and employee support programs internationally that address a diverse range of stressful workplace experiences.
 

Fonte:
Journal of Patient Safety ; 2022. DOI: 10.1097/PTS.0000000000001038.