O impacto das consultas virtuais na qualidade da atenção primária: uma revisão sistemática

Kate Campbell ; Geva Greenfield ; Edmond Li ; Niki O'Brien ; Benedict Hayhoe ; Thomas Beaney ; Azeem Majeed
Título original:
The Impact of Virtual Consultations on the Quality of Primary Care: Systematic Review
Resumo:

CONTEXTO: A adoção de consultas virtuais, acelerada pela pandemia de COVID-19, transformou a prestação de serviços de atenção primária. Devido à sua rápida proliferação global, é necessário avaliar de forma abrangente o impacto das consultas virtuais em todos os aspectos da qualidade do cuidado. OBJETIVO: Este estudo visa avaliar o impacto das consultas virtuais na qualidade da atenção primária. MÉTODOS: Fizemos pesquisas em um total de 6 bases de dados. Incluímos estudos que avaliassem o impacto das consultas virtuais para qualquer doença. Dois pares de investigadores realizaram a triagem dos títulos e resumos e então dos textos completos. O risco de vieses foi avaliado usando a Mixed Methods Appraisal Tool. Realizamos uma síntese narrativa dos resultados. RESULTADOS: Ao todo, 30 estudos (com 5.469.333 participantes) foram incluídos nesta revisão. Nossos resultados sugerem que as consultas virtuais são tão ou mais eficazes do que o atendimento presencial para a gestão de certas condições, incluindo doenças mentais e o consumo excessivo de tabaco e álcool. Ao todo, 4 estudos indicaram impactos positivos em alguns aspectos do cuidado, em particular o foco no paciente; no entanto, observamos um impacto negativo nas percepções dos pacientes sobre o apoio à sua autonomia (isto é, em que medida as pessoas consideram que os profissionais em posições de autoridade apoiam sua autonomia). As consultas virtuais podem reduzir os tempos de espera, diminuir os custos para os pacientes e reduzir as taxas de encaminhamento para ambientes de atenção secundária e terciária. As evidências sobre o impacto na segurança clínica são extremamente limitadas. As evidências sobre a equidade foram consideravelmente mistas. De modo geral, o atendimento virtual tende a ser mais usado por pacientes jovens e do sexo feminino, com disparidades entre outros subgrupos, dependendo de fatores contextuais. CONCLUSÕES: A nossa revisão sistemática demonstrou que as consultas virtuais podem ser tão ou mais eficazes do que o atendimento presencial e podem ter um impacto positivo na eficiência e pontualidade do cuidado; no entanto, há evidências muito escassas sobre os impactos na segurança do paciente, equidade e foco no paciente, áreas nas quais devem se concentrar os futuros esforços de pesquisa. O uso de dados do mundo real, bem como o de estudos clínicos, é crucial para assegurar que o uso de consultas virtuais seja adaptado às necessidades do paciente e seja inclusivo para o público-alvo final. É preciso utilizar métodos de coleta de dados adaptados ao contexto da atenção primária e que levem em consideração as características do paciente, para gerar uma base de evidências mais sólida que permita fundamentar as futuras políticas de atenção virtual.
 

Resumo Original:

BACKGROUND: The adoption of virtual consultations, catalyzed by the COVID-19 pandemic, has transformed the delivery of primary care services. Owing to their rapid global proliferation, there is a need to comprehensively evaluate the impact of virtual consultations on all aspects of care quality. OBJECTIVE: This study aims to evaluate the impact of virtual consultations on the quality of primary care. METHODS: A total of 6 databases were searched. Studies that evaluated the impact of virtual consultations, for any disease, were included. Title and abstract screening and full-text screening were performed by 2 pairs of investigators. Risk of bias was assessed using the Mixed Methods Appraisal Tool. A narrative synthesis of the results was performed. RESULTS: In total, 30 studies (5,469,333 participants) were included in this review. Our findings suggest that virtual consultations are equally effective to or more effective than face-to-face care for the management of certain conditions, including mental illness, excessive smoking, and alcohol consumption. Overall, 4 studies indicated positive impacts on some aspects of patient-centeredness; however, a negative impact was noted on patients' perceived autonomy support (ie, the degree to which people perceive those in positions of authority to be autonomy supportive). Virtual consultations may reduce waiting times, lower patient costs, and reduce rates of follow-up in secondary and tertiary care settings. Evidence for the impact on clinical safety is extremely limited. Evidence regarding equity was considerably mixed. Overall, it appears that virtual care is more likely to be used by younger, female patients, with disparities among other subgroups depending on contextual factors. CONCLUSIONS: Our systematic review demonstrated that virtual consultations may be as effective as face-to-face care and have a potentially positive impact on the efficiency and timeliness of care; however, there is a considerable lack of evidence on the impacts on patient safety, equity, and patient-centeredness, highlighting areas where future research efforts should be devoted. Capitalizing on real-world data, as well as clinical trials, is crucial to ensure that the use of virtual consultations is tailored according to patient needs and is inclusive of the intended end users. Data collection methods that are bespoke to the primary care context and account for patient characteristics are necessary to generate a stronger evidence base to inform future virtual care policies.

Fonte:
Journal of Medical Internet Research ; e48920.; 2023. DOI: 10.2196/48920..