Redução na transferência de microrganismos entre pacientes e profissionais usando aventais de mangas curtas e a higienização das mãos e antebraços em terapia intensiva durante a pandemia de COVID-19: um estudo randomizado baseado em simulações
Resumo
Contexto: As práticas atuais relativas aos equipamentos de proteção individual (EPIs) em unidades de terapia intensiva do Reino Unido envolvem o uso de aventais de mangas longas "por sessão", criando o risco de transmissão de infecções hospitalares pelas mangas do avental. Dados obtidos durante a primeira onda da pandemia de COVID-19 demonstraram que essas mudanças nos protocolos de prevenção e controle de infecções estavam associadas a um aumento nas infecções da corrente sanguínea associadas ao cuidado de saúde. Por isso, exploramos o uso de um protocolo que utiliza aventais de mangas curtas, associados à higienização das mãos e antebraços, para reduzir esse risco.
Métodos: Treinamos profissionais da UTI no uso de aventais de mangas curtas e a utilização de uma técnica específica de lavagem das mãos e antebraços ao passarem de um paciente a outro (protocolo experimental). Em seguida, os profissionais passaram por um treinamento com simulações, executando a intubação e pronação de pacientes com COVID-19 usando o protocolo experimental ou o protocolo-padrão de controle (mangas longas). Usamos um pó fluorescente para simular a contaminação microbiana, detectada por meio de fotografias sob luz ultravioleta. As equipes foram randomizadas para usar o EPI de controle ou experimental em primeiro lugar. Durante a simulação, perguntamos aos profissionais sobre o que pensavam em relação à segurança pessoal, conforto e segurança do paciente.
Resultados: Ao todo, 68 profissionais e 17 voluntários de pronação participaram do estudo. O EPI experimental preveniu completamente a contaminação dos profissionais durante a intubação de pacientes com COVID-19, enquanto 30 dos 67 profissionais que usaram o EPI de controle foram contaminados (p=0,003, McNemar). Os voluntários de pronação foram contaminados pelos profissionais em 15 das 17 sessões de controle e em 1 das 17 com o EPI experimental (p=0,023 McNemar). O conforto dos profissionais foi maior com o EPI experimental (p<0,001, Wilcoxon). A percepção de segurança pessoal inicialmente foi maior com o EPI de controle, mas mudou para uma percepção neutra durante as sessões (p<0,001 no início, 0,068 ao final). As impressões de segurança do paciente foram semelhantes no início (p=0,87), mas terminaram favorecendo fortemente o EPI experimental (p<0,001).
Conclusões: Os aventais de mangas curtas, associados à higienização das mãos e antebraços, parecem ser superiores aos aventais de mangas longas usados durante toda uma sessão de trabalho na prevenção da contaminação cruzada entre profissionais e pacientes.
Abstract
Background: Current personal protective equipment (PPE) practices in UK intensive care units involve "sessional" use of long-sleeved gowns, risking nosocomial infection transmitted via gown sleeves. Data from the first wave of the COVID19 pandemic demonstrated that these changes in infection prevention and control protocols were associated with an increase in healthcare associated bloodstream infections. We therefore explored the use of a protocol using short-sleeved gowns with hand and arm hygiene to reduce this risk.
Methods: ICU staff were trained in wearing short-sleeved gowns and using a specific hand and arm washing technique between patients (experimental protocol). They then underwent simulation training, performing COVID-19 intubation and proning tasks using either experimental protocol or the standard (long-sleeved) control protocol. Fluorescent powder was used to simulate microbial contamination, detected using photographs under ultraviolet light. Teams were randomised to use control or experimental PPE first. During the simulation, staff were questioned on their feelings about personal safety, comfort and patient safety.
Results: Sixty-eight staff and 17 proning volunteers were studied. Experimental PPE completely prevented staff contamination during COVID-19 intubation, whereas this occurred in 30/67 staff wearing control PPE (p = .003, McNemar). Proning volunteers were contaminated by staff in 15/17 control sessions and in 1/17 with experimental PPE (p = .023 McNemar). Staff comfort was superior with experimental PPE (p< .001, Wilcoxon). Their personal safety perception was initially higher with control PPE, but changed towards neutrality during sessions (p < .001 start, 0.068 end). Their impressions of patient safety were initially similar (p = .87), but finished strongly in favour of experimental PPE (p < .001).
Conclusions: Short-sleeved gowns with hand and forearm cleansing appear superior to sessional long-sleeved gowns in preventing cross-contamination between staff and patients.