Gestão do centro cirúrgico para procedimentos de emergência (Estudo ORSA): um inquérito internacional da World Society of Emergency Surgery
Contexto: Apesar dos avanços e melhorias na gestão de pacientes cirúrgicos, a cirurgia de emergência e trauma ainda está associada à alta morbidade e mortalidade. Isto pode se dever, em parte, a atrasos no tratamento cirúrgico definitivo no centro cirúrgico (CC). Poucos estudos examinam na priorização e alocação de recursos do centro cirúrgico para cirurgias de emergência. O estudo ORSA (Operating Room Management for Emergency Surgical Activity) foi concebido para avaliar a gestão de centros cirúrgicos e seus recursos a partir de uma perspectiva global, contando com a participação de cirurgiões internacionais especializados no cuidado agudo. Método: O estudo ORSA foi concebido como um inquérito on-line internacional. O questionário foi composto por 23 perguntas abertas e de múltipla escolha. Os dados foram coletados ao longo de 3 meses. A participação no inquérito foi voluntária e anônima. Resultados: Ao todo, 147 cirurgiões de emergência e de cuidado agudo responderam ao questionário; a taxa de resposta foi de 58,8%. A maioria dos participantes estava sediada na Europa. Ao todo, 119 (81%; 119 de 147) declararam contar com pelo menos uma sala para operações de emergência em seus hospitais; para os outros 20 de 147 cirurgiões (13,6%), não havia uma sala de operações dedicada especificamente a emergências. Dentre os participantes, 46% (68 de 147) afirmaram utilizar salas para cirurgias eletivas para realizar procedimentos de emergência durante o dia. O planejamento dos procedimentos cirúrgicos de emergência é feito por telefone por 70% (104 de 147) dos cirurgiões. Conclusões: Em nível internacional, a maioria dos hospitais não conta com uma sala de cirurgia dedicada a emergências. Os procedimentos cirúrgicos eletivos geralmente são adiados ou até cancelados para realizar cirurgias de emergência. É prioritário validar um sistema de triagem e agendamento universal eficaz para alocar os procedimentos cirúrgicos de emergência. Uma nova classificação TACS (Timing in Acute Care Surgery) foi recentemente proposta e validada por um consenso Delphi como uma ferramenta de triagem clara e reproduzível para a realização rápida de procedimentos cirúrgicos de emergência, de acordo com a gravidade clínica da doença cirúrgica. A nova TACS ainda precisa ser validada prospectivamente na prática clínica. A logística deve ser avaliada usando uma abordagem multidisciplinar para melhorar a segurança do paciente, otimizar o uso de recursos e reduzir os custos.
Background: Despite advances and improvements in the management of surgical patients, emergency and trauma surgery is associated with high morbidity and mortality. This may be due in part to delays in definitive surgical management in the operating room (OR). There is a lack of studies focused on OR prioritization and resource allocation in emergency surgery. The Operating Room management for emergency Surgical Activity (ORSA) study was conceived to assess the management of operating theatres and resources from a global perspective among expert international acute care surgeons. Method: The ORSA study was conceived as an international web survey. The questionnaire was composed of 23 multiple-choice and open questions. Data were collected over 3 months. Participation in the survey was voluntary and anonymous. Results: One hundred forty-seven emergency and acute care surgeons answered the questionnaire; the response rate was 58.8%. The majority of the participants come from Europe. One hundred nineteen surgeons (81%; 119/147) declared to have at least one emergency OR in their hospital; for the other 20/147 surgeons (13.6%), there is not a dedicated emergency operating room. Forty-six (68/147)% of the surgeons use the elective OR to perform emergency procedures during the day. The planning of an emergency surgical procedure is done by phone by 70% (104/147) of the surgeons. Conclusions: There is no dedicated emergency OR in the majority of hospitals internationally. Elective surgical procedures are usually postponed or even cancelled to perform emergency surgery. It is a priority to validate an effective universal triaging and scheduling system to allocate emergency surgical procedures. The new Timing in Acute Care Surgery (TACS) was recently proposed and validated by a Delphi consensus as a clear and reproducible triage tool to timely perform an emergency surgical procedure according to the clinical severity of the surgical disease. The new TACS needs to be prospectively validated in clinical practice. Logistics have to be assessed using a multi-disciplinary approach to improve patients' safety, optimise the use of resources, and decrease costs.