Valores profissionais e comportamentos relatados por médicos nos EUA e no Reino Unido: um estudo quantitativo

CAMPBELL, E. G.
Título original:
Professional values and reported behaviours of doctors in the USA and UK: quantitative survey
Resumo:

Contexto: O objetivo deste trabalho foi determinar o valor profissional dos médicos dos EUA e do Reino Unido, os comportamentos por eles relatados e o quanto esses fatores variam em relação ao contexto do cuidado.

Método: Um inquérito foi aplicado em 1891 médicos dos EUA e 1078 do Reino Unido (taxas de resposta de 64,4% e 40,3%, respectivamente). Utilizou-se a regressão logística multivariada para comparar as respostas a perguntas idênticas nos dois inquéritos.

Resultados: Os médicos do Reino Unido apresentaram maior probabilidade de desenvolver protocolos (82,8% no Reino Unido × 49,6% nos EUA, p < 0,001) e participar de programas formais de redução de erros no cuidado de saúde (70,9% no Reino Unido × 55,7% nos EUA, p < 0,001). Já os médicos dos EUA apresentaram maior probabilidade de concordar com a necessidade de recertificação periódica (concordam plenamente: 23,4% no Reino Unido × 53,9% nos EUA, p < 0,001). Quase um quinto dos médicos teve contato direto com um colega inapto ou incompetente nos 3 anos anteriores à pesquisa. Quando o médico não notificou o caso do colega às autoridades competentes, as razões para isso incluíram a crença de que alguma outra pessoa cuidaria do problema, a crença de que esta atitude não daria nenhum resultado ou o medo de retaliação. Os médicos do Reino Unido apresentaram maior probabilidade de concordar com a ideia de que erros importantes no cuidado de saúde deveriam sempre ser informados aos pacientes. Mais médicos dos EUA afirmaram não ter revelado um erro a um paciente pelo medo de serem processados.

Discussão: O contexto do cuidado pode influenciar tanto o modo como os valores profissionais são expressos quanto a correspondência entre os comportamentos e os valores estabelecidos. Os médicos têm uma importante responsabilidade na tarefa de melhorar os sistemas de saúde em que trabalham de forma que favoreçam o bom comportamento profissional.

Resumo Original:

Background: The authors aimed to determine US and UK doctors' professional values and reported behaviours, and the extent to which these vary with the context of care. Method: 1891 US and 1078 UK doctors completed the survey (64.4% and 40.3% response rate respectively). Multivariate logistic regression was used to compareresponses to identical questions in the two surveys.

Results: UK doctors were more likely to have developed practice guidelines (82.8% UK vs 49.6% US, p<0.001)and to have taken part in a formal medical errorreduction programme (70.9% UK vs 55.7% US, p<0.001). US doctors were more likely to agree about the need for periodic recertification (completely agree 23.4% UK vs 53.9% US, p<0.001). Nearly a fifth of doctors had direct experience of an impaired or incompetent colleague in the previous 3 years. Where the doctor had not reported the colleague to relevant authorities, reasons included thinking that someone else was taking care of the problem, believing that nothing would happen as a result, or fear of retribution. UK doctors were more likely than US doctors to agree that significant medical errors should always be disclosed to patients. More US doctors reported that they had not disclosed an error to a patient because they were afraid of being sued.

Discussion: The context of care may influence bothhow professional values are expressed and the extent to which behaviours are in line with stated values. Doctors have an important responsibility to develop their healthcare systems in ways which will support good professional behaviour.

Fonte:
BMJ Quality & Safety ; 20(6): 515-521; 2011. DOI: 10.1136/bmjqs.2010.048173.
DECS:
Avaliação de desempenho profissional, dano ao paciente, inquéritos e questionários, EUA, Reino Unido