Impacto de eventos adversos sobre a mortalidade hospitalar e o tempo de permanência numa unidade de terapia intensiva

FORSTER, A. J. ; KYEREMANTENG, K. ; HOOPER, J. ; SHOJANIA, K. G. ; VAN WALRAVEN, C.
Título original:
The impact of adverse events in the intensive care unit on hospital mortality and length of stay
Resumo:

Contexto: Eventos adversos (EAs) são danos causados aos pacientes pelo cuidado médico. Estudos anteriores relataram maiores taxas de mortalidade e tempos de permanência em pacientes que sofreram EAs. Entretanto, tais estudos não consideraram adequadamente os potenciais vieses que podem influenciar essas associações. Realizamos este estudo para medir a influência independente de EAs ocorridos numa unidade de terapia intensiva (UTI) sobre a mortalidade intra-hospitalar e o tempo de permanência.

Métodos: Estudo de coorte prospectivo na UTI de um hospital de ensino de nível terciário (alta complexidade ou grande porte). Os pacientes foram monitorados diariamente em busca de ocorrências clínicas adversas. Os dados sobre tais ocorrências foram revistos por uma equipe multidisciplinar, que avaliou se estas eram EAs e se eram evitáveis. Determinamos a associação entre EAs ocorridos na UTI e o tempo até o óbito ou o tempo até a alta hospitalar, usando modelos multivariados de análise de sobrevida.

Resultados: Avaliamos 207 pacientes criticamente doentes (81% necessitavam de ventilação mecânica, mediana da Escala de Coma de Glasgow = 8, mediana da mortalidade predita = 31%). A taxa de mortalidade e o tempo de permanência observados foram de 25% (IC 95%, 19% a 31%) e 15 dias (amplitude interquartil [AIQ], 8 a 34 dias), respectivamente. Os EAs e EAs evitáveis ocorreram em 40 (19%, IC 95%, 15% a 25%) e 21 (10%, IC 95%, 7% a 15%) pacientes internados na UTI, respectivamente. Os EAs e EAs evitáveis não foram associados significativamente ao tempo até o óbito intra-hospitalar (hazard ratio [HR] = 0,93, IC 95%, 0,44 a 1,98, e HR = 0,72, IC 95%, 0,25 a 2,04, respectivamente). Os EAs e EAs evitáveis foram independentemente associados ao tempo até a alta hospitalar (HR = 0,50, IC 95%, 0,31 a 0,81, e HR = 0,46, IC 95%, 0,23 a 0.91, respectivamente) e também foram associados a um aumento médio no tempo de permanência de 31 dias.

Conclusão: O impacto dos EAs sobre o tempo de permanência foi clinicamente relevante. São necessários estudos maiores para medir conclusivamente a associação entre EAs evitáveis e os resultados do cuidado.

Resumo Original:

Background: Adverse events (AEs) are patient injuries caused by medical care. Previous studies have reported increased mortality rates and prolonged hospital length of stay in patients having an AE. However, these studies have not adequately accounted for potential biases which might influence these associations. We performed this study to measure the independent influence of intensive care unit (ICU) based AEs on in-hospital mortality and hospital length of stay.

Methods: Prospective cohort study in an academic tertiary-care ICU. Patients were monitored daily for adverse clinical occurrences. Data about adverse clinical occurrences were reviewed by a multidisciplinary team who rated whether they were AEs and whether they were preventable. We determined the association of AEs in the ICU with time to death and time to hospital discharge using multivariable survival analysis models.

Results: We evaluated 207 critically ill patients (81% required mechanical ventilation, median Glasgow Coma Scale = 8, median predicted mortality = 31%). Observed mortality rate and hospital length of stay were 25% (95% CI 19%-31%) and 15 days (IQR 8-34 days), respectively. ICU-based AEs and preventable AEs occurred in 40 patients (19%, 95% CI 15%-25%) and 21 patients (10%, 95% CI 7%-15%), respectively. ICU-based AEs and preventable AEs were not significantly associated with time to in-hospital death (HR = 0.93, 95% CI 0.44-1.98 and HR = 0.72 95% CI 0.25-2.04, respectively). ICU-based AEs and preventable AEs were independently associated with time to hospital discharge ((HR = 0.50, 95% CI 0.31-0.81 and HR = 0.46 95% CI 0.23-0.91, respectively)). ICU-based AEs were associated with an average increase in hospital length of stay of 31 days.

Conclusion: The impact of AEs on hospital length of stay was clinically relevant. Larger studies are needed to conclusively measure the association between preventable AEs and patient outcomes.

Fonte:
BMC Health Services Research ; 8(259): 1-8; 2008. DOI: 10.1186/1472-6963-8-259.
DECS:
mortalidade hospitalar, unidade de terapia intensiva, erro medico, cuidados medicos