Uma revisão da literatura sobre os métodos de avaliação econômica em segurança do paciente

Práticas de segurança do paciente, destinadas a promover mudanças organizacionais para melhorar a segurança do paciente, são implementadas mundialmente, mas seus custos raramente são avaliados. Este artigo faz uma revisão dos métodos usados na avaliação econômica dessas práticas. Foram realizadas pesquisas em bases de dados médicos e econômicos internacionais em busca de publicações submetidas à revisão por pares que tratassem da avaliação econômica da segurança do paciente entre os anos 2000 e 2010, nos idiomas inglês e francês. Essa pesquisa foi complementada por uma busca manual em listas de referências de artigos relevantes. A "literatura cinzenta" foi excluída. Os estudos foram descritos utilizando-se um modelo padronizado, avaliado de forma independente por dois pesquisadores, segundo seis critérios de qualidade. Foram revistos 33 artigos que representavam diferentes domínios da segurança do paciente, tipos de dados e métodos de avaliação. Dentre eles, 18 estimaram a carga econômica dos eventos adversos, 3 mediram os custos das práticas de segurança do paciente e 12 apresentaram avaliações econômicas completas. As infecções associadas ao cuidado de saúde foram o objeto de avaliação mais comum, seguidas dos erros de medicação e de todos os tipos de eventos adversos. Foram selecionados 10 estudos ilustrativos que atendiam adequadamente a um ou a vários dos principais critérios de qualidade. Esta revisão mostra que raramente são realizadas avaliações completas de custo-benefício/utilidade, pois elas acarretam um consumo intensivo de recursos e frequentemente dependem de dados não disponíveis. Alguns estudos superam essas dificuldades utilizando modelos estocásticos e baseando-se em fontes secundárias. A limitada transparência sobre os métodos empregados pode ser um problema na construção de evidências a partir das avaliações econômicas disponíveis. Investimento em estudos com desenho econômico e uma maior ênfase na definição dos objetivos do estudo, dos procedimentos de coleta de dados e de mais escolhas metodológicas ajudaria a fortalecer a base de conhecimentos sobre as práticas utilizadas para melhorar a segurança do paciente.

Patient safety practices, targeting organisational changes for improving patient safety, are implemented worldwide but their costs are rarely evaluated. This paper provides a review of the methods used in economic evaluation of such practices. International medical and economics databases were searched for peer-reviewed publications on economic evaluations of patient safety between 2000 and 2010 in English and French. This was complemented by a manual search of the reference lists of relevant papers. Grey literature was excluded. Studies were described using a standardised template and assessed independently by two researchers according to six quality criteria. 33 articles were reviewed that were representative of different patient safety domains, data types and evaluation methods. 18 estimated the economic burden of adverse events, 3 measured the costs of patient safety practices and 12 provided complete economic evaluations. Healthcare-associated infections were the most common subject of evaluation, followed by medication-related errors and all types of adverse events. Of these, 10 were selected that had adequately fulfilled one or several key quality criteria for illustration. This review shows that full cost-benefit/utility evaluations are rarely completed as they are resource intensive and often require unavailable data; some overcome these difficulties by performing stochastic modelling and by using secondary sources. Low methodological transparency can be a problem for building evidence from available economic evaluations. Investing in the economic design and reporting of studies with more emphasis on defining study perspectives, data collection and methodological choices could be helpful for strengthening our knowledge base on practices for improving patient safety.