Explorando o iceberg de erros na medicina laboratorial

PLEBANI, M.
Título original:
Exploring the iceberg of errors in laboratory medicine
Resumo:

Nas últimas décadas, observou-se uma redução significativa nas taxas de erros analíticos em laboratórios clínicos, e as evidências disponíveis na atualidade demonstram que as fases pré e pós-analítica do processo laboratorial são mais suscetíveis a erros do que a fase analítica. Mais especificamente, a maior parte dos erros é identificada nas fases pré e pós-analítica, fora das dependências do laboratório e fora de seu controle. Entretanto, ao utilizarmos uma abordagem centrada no paciente para a prestação de serviços de saúde, é necessário investigar qualquer falha possível no processo laboratorial que possa ter um impacto negativo sobre o paciente. De fato, levando em consideração o interesse dos pacientes, precisamos considerar qualquer consequência negativa direta ou indireta que esteja relacionada a um exame laboratorial, independentemente da fase envolvida e do fato de o erro ter sido causado por um profissional do laboratório (p.ex., erro de calibração ou de análise) ou por um profissional externo (p.ex., pedido de exame inadequado, erro na identificação do paciente e/ou na coleta de sangue). Os dados sobre erros diagnósticos na atenção primária e nos serviços de emergência demonstram que os pedidos de exames inadequados e a interpretação incorreta são responsáveis por uma grande porcentagem dos erros totais, independentemente do serviço envolvido, como a radiologia, a anatomia patológica ou a patologia clínica. A má identificação do paciente e falhas na comunicação, que afetam a prestação de todos os serviços diagnósticos, são amplamente reconhecidas como os principais problemas a serem combatidos pelos programas de melhoria de qualidade. Alguns problemas comuns, portanto, relacionam-se a erros diagnósticos, embora a identificação de falhas específicas que caracterizam os erros na medicina laboratorial possam levar a ações preventivas e corretivas, caso indicadores de qualidade baseados em evidências sejam desenvolvidos, implementados e monitorados. A lição que aprendemos é que cada instituição deve avaliar seu próprio processo laboratorial para descobrir suas fraquezas e identificar soluções apropriadas.

Resumo Original:

The last few decades have seen a significant decrease in the rates of analytical errors in clinical laboratories,and currently available evidence demonstrates that the pre- and post-analytical steps of the total testing process (TTP) are more error-prone than the analytical phase. In particular, most errors are identified in pre-analytic and post-analytic steps outside the walls of the laboratory, and beyond its control. However, in a patient-centered approach to the delivery of health care services, there is the need to investigate any possible defect in the total testing process that may have a negative impact on the patient. In fact, in the interests of patients, any direct or indirect negative consequence related to a laboratory test must be considered, irrespective of which step is involved and whether the error is caused by a laboratory professional (e.g., calibration or testing error) or by a non-laboratory operator (e.g., inappropriate test request, error in patient identification and/or blood collection). Data on diagnostic errors in primary care and in the emergency department setting demonstrate that inappropriate test requesting and incorrect interpretation account for a large percentage of total errors whatever the discipline involved, be it radiology, pathology or laboratory medicine. Patient misidentification and problems in communicating results, whichaffect the delivery of all diagnostic services, are widely recognized as the main goals for quality improvement.Therefore, some common problems affect diagnostic errors, although specific faults characterising errors in laboratory medicine should lead to preventive and corrective actions if evidence-based quality indicators are developed, implemented and monitored. The lesson we have learned is that each practice must examine its own total testing process to discover its weaknesses and identify appropriate remedies.

Fonte:
Clinica Chimica Acta; International Journal of Clinical Chemistry ; 404(1): 16-23; 2009. DOI: 10.1016/j.cca.2009.03.022.