Avaliação de eventos adversos no cuidado de saúde: falta de consistência entre equipes experientes no uso da ferramenta global de rastreamento

SCHILDMEIJER, K. ; NILSSON, L. ; ÅRESTEDT, K. ; PERK, J.
Título original:
Assessment of adverse events in medical care: lack of consistency between experienced teams using the global trigger tool
Resumo:

Contexto: Muitos pacientes sofrem danos como resultado do cuidado de saúde. A revisão estruturada de prontuários, de caráter retrospectivo, é uma maneira de identificar eventos adversos (EAs). Um dos métodos de revisão baseia-se na ferramenta global de rastreamento (FGR), um método consistente e bem desenvolvido para a detecção de EAs. Originalmente, a intenção era utilizar a FGR para medir dados ao longo do tempo dentro de uma única organização. Entretanto, com a disseminação do método, é provável que ocorram comparações entre os resultados de segurança de diferentes hospitais, medidos pela FGR.

Objetivo: Avaliar a concordância na análise de EAs por equipes de diferentes hospitais que estejam bem treinadas no uso da FGR.

Métodos: Cinco equipes de cinco hospitais de tamanhos distintos no sudeste da Suécia realizaram a revisão retrospectiva de prontuários médicos de uma amostra aleatória de 50 internações ocorridas entre outubro de 2009 e maio de 2010. A confiabilidade interobservador entre as equipes foi avaliada por meio de estatísticas descritivas e da estatística k.

Resultados: As cinco equipes identificaram, no total, 42 EAs diferentes. O número de EAs identificado diferiu entre as equipes, variando de 27,2 a 99,7 por 1.000 dias de internação. A concordância entre pares para a detecção de EAs variou de 88% a 96%, com valores de k entre 0,26 e 0,77. Dentre os EAs, 29 (69%) foram identificados por apenas uma equipe, e não pelos outros quatro grupos. A maior parte dos EAs resultou em danos leves e transitórios, dos quais os mais comuns foram as infecções relacionadas à assistência à saúde (IRASs). O nível de concordância sobre a potencial evitabilidade dos EAs apresentou grande variação entre as equipes.

Conclusões: Os resultados não favorecem o uso da FGR para fazer comparações entre hospitais. O uso da FGR para esse fim exigiria um treinamento considerável para que se atingisse uma maior concordância entre as equipes de revisores.

Resumo Original:

Background: Many patients are harmed as the result of healthcare. A retrospective structured record review is one way to identify adverse events (AEs). One such review approach is the global trigger tool (GTT), a consistent and well-developed method used to detect AEs. The GTT was originally intended to be used for measuring data over time within a single organisation. However, as the method spreads, it is likely that comparisons of GTT safety outcomes between hospitals will occur.

Objective: To evaluate agreement in judgement of AEs between well-trained GTT teams from different hospitals.

Methods: Five teams from five hospitals of different sizes in the southeast of Sweden conducted a retrospective review of patient records from a random sample of 50 admissions between October 2009 and May 2010. Inter-rater reliability between teams was assessed using descriptive and k statistics.

Results: The five teams identified 42 different AEs altogether. The number of identified AEs differed between the teams, corresponding to a level of AEs ranging from 27.2 to 99.7 per 1000 hospital days. Pair-wise agreement for detection of AEs ranged from 88% to 96%, with weighted k values between 0.26 and 0.77. Of the AEs, 29 (69%) were identified by only one team and not by the other four groups. Most AEs resulted in minor and transient harm, the most common being healthcare-associated infections. The level of agreement regarding the potential for prevention showed a large variation between the teams.

Conclusions: The results do not encourage the use of the GTT for making comparisons between hospitals. The use of the GTT to this end would require substantial training to achieve better agreement across reviewer teams.

Fonte:
BMJ Quality & Safety ; 21(4): 307-314; 2012. DOI: 10.1136/bmjqs-2011-000279.
DECS:
Assistência a saúde, benchmarking , registros médicos