"Parecem dois mundos à parte": uma análise de práticas de passagem de caso de pacientes vulneráveis no momento da alta hospitalar
Contexto: As práticas de passagem de caso no momento da alta hospitalar são relativamente pouco estudadas, particularmente no que diz respeito aos riscos específicos e às exigências adicionais na passagem de caso de pacientes vulneráveis com limitação de recursos linguísticos, cognitivos e sociais.
Objetivo: Examinar as práticas de passagem de caso no momento da alta hospitalar, tendo como foco o papel dos pacientes nessas situações e os potenciais riscos adicionais aos quais estão expostos os pacientes vulneráveis.
Métodos: Realizamos entrevistas qualitativas com pacientes, profissionais dos hospitais e profissionais da atenção primária em dois hospitais e em seus respectivos centros associados de atenção primária na Catalunha, Espanha.
Resultados: Identificamos práticas de passagem de caso no momento da alta hospitalar que potencialmente colocam os pacientes em risco. Os pacientes não se sentem empoderados durante a passagem de caso, mas espera-se que eles transmitam informações entre os prestadores do cuidado de saúde. Os profissionais identificaram a falta de reconciliação medicamentosa no momento da alta, a perda de informações sobre a alta e a ausência de planos para continuidade do cuidado na comunidade como problemas de qualidade e segurança relacionados à passagem de caso na alta hospitalar. Esses problemas ocorreram com todos os pacientes, mas pareceram ser mais frequentes e ter um efeito mais negativo nos pacientes com dificuldades de compreensão linguística e/ou sem sistemas de apoio familiar e social.
Conclusões: As passagens de caso na alta hospitalar são frequentemente realizadas de forma desorganizada. Os profissionais de saúde não consideram que as práticas atuais de passagem de caso sejam seguras. Espera-se que os pacientes transmitam informações sem estarem empoderados de uma forma que lhes permita compreendê-las e atuar sobre elas. Isso pode levar a informações equivocadas, à omissão ou duplicação de exames ou intervenções e, potencialmente, a danos ao paciente. Os pacientes mais vulneráveis talvez corram maiores riscos devido aos seus limitados recursos linguísticos, cognitivos e sociais. A segurança do paciente no momento da alta hospitalar poderia se beneficiar de estratégias que promovessem a educação e o empoderamento do paciente.
Background: Handover practices at hospital discharge are relatively under-researched, particularly as regards the specific risks and additional requirements for handovers involving vulnerable patients with limited language, cognitive and social resources.
Objective: To explore handover practices at discharge and to focus on the patients' role in handovers and on the potential additional risks for vulnerable patients.
Methods: We conducted qualitative interviews with patients, hospital professionals and primary care professionals in two hospitals and their associated primary care centres in Catalonia, Spain.
Results: We identified handover practices at discharge that potentially put patients at risk. Patients did not feel empowered in the handover but were expected to transfer information between care providers. Professionals identified lack of medication reconciliation at discharge, loss of discharge information, and absence of plans for follow-up care in the community as quality and safety problems for discharge handovers. These occurred for all patients, but appeared to be more frequent and have a greater negative effect in patients with limited language comprehension and/or lack of family and social support systems.
Conclusions: Discharge handovers are often haphazard. Healthcare professionals do not consider current handover practices safe, with patients expected to transfer information without being empowered to understand and act on it. This can lead to misinformation, omission or duplication of tests or interventions and, potentially, patient harm. Vulnerable patients may be at greater risk given their limited language, cognitive and social resources. Patient safety at discharge could benefit from strategies to enhance patient education and promote empowerment