OMS lança esforço global para reduzir pela metade os erros relacionados à medicação em cinco anos
A iniciativa tem como objetivo abordar as fragilidades nos sistemas de saúde que levam a erros de medicação e os graves danos que isso pode causar.
29 de março de 2017 – A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou nesta quarta-feira (29) uma iniciativa global para reduzir em 50% os danos graves e evitáveis associados a medicamentos em todos os países nos próximos cinco anos. O Global Patient Safety Challenge on Medication Safety (disponível em inglês) tem como objetivo abordar as fragilidades nos sistemas de saúde que levam a erros de medicação e os graves danos que isso pode causar.
A iniciativa estabelece maneiras de melhorar a forma como os medicamentos são prescritos, distribuídos e consumidos, e o aumento da conscientização entre os pacientes sobre os riscos associados ao uso indevido de medicações.
Os erros de medicação causam pelo menos uma morte todos os dias e prejudicam aproximadamente 1,3 milhões de pessoas anualmente apenas nos Estados Unidos. Embora se considere que os países de baixa e média renda tenham taxas semelhantes de eventos adversos relacionados à medicação em relação aos países de alta renda, o impacto é aproximadamente o dobro em termos do número de anos de vida saudável perdidos. Muitos países carecem de bons dados, que serão recolhidos como parte da iniciativa.
Mundialmente, o custo associado aos erros de medicação foi estimado em US$ 42 bilhões por ano ou quase 1% do total das despesas de saúde globais.
"Todos nós esperamos ser ajudados, não prejudicados, quando tomamos uma medicação", disse Margaret Chan, diretora-geral da OMS. "Além do custo humano, os erros de medicação colocam uma enorme e desnecessária pressão sobre os orçamentos de saúde. Prevenir erros economiza dinheiro e salva vidas".
Cada pessoa em todo o mundo vai, em algum momento de sua vida, tomar medicamentos para prevenir ou tratar uma doença. No entanto, os medicamentos causam, por vezes, danos graves se forem administrados incorretamente, monitorados de modo insuficiente ou como resultado de um erro, acidente ou problemas de comunicação.
Tanto os profissionais de saúde quanto os pacientes podem cometer erros que resultam em danos graves, como ordenar, prescrever, dispensar, preparar, administrar ou consumir a medicação errada ou a dose errada no momento errado. Mas todos os erros de medicação são potencialmente evitáveis. A prevenção dos erros e danos requer colocar sistemas e procedimentos em vigor para garantir que o paciente certo receba a medicação certa, na dose certa, via certa e momento certo.
Os erros de medicação podem ser causados pela fadiga do trabalhador de saúde, superlotação, falta de pessoal, má formação e informação errada dada aos pacientes, entre outras razões. Qualquer um destes, ou uma combinação, pode afetar a prescrição, dispensação, consumo e monitoramento de medicamentos, o que pode resultar em danos graves, deficiência e até mesmo a morte.
A maior parte dos danos advém de falhas nos sistemas na maneira como o cuidado é organizado e coordenado, especialmente quando vários provedores de saúde estão envolvidos no cuidado do paciente. Uma cultura organizacional que implementa rotineiramente as melhores práticas e que evita a culpa quando os erros são cometidos é o melhor ambiente para cuidados seguros.
O Desafio convoca os países a tomarem medidas prioritárias para abordar os seguintes fatores-chave: medicamentos com alto risco de dano se usados indevidamente; pacientes que tomam múltiplos medicamentos para diferentes doenças e condições; e pacientes que passam por transições de cuidados, a fim de reduzir os erros de medicação e danos.
As ações previstas no Desafio serão focadas em quatro áreas: pacientes e público; profissionais de saúde; medicamentos como produtos; e sistemas e práticas de medicação. A iniciativa visa a promoção de melhorias em cada estágio do processo do uso de medicamentos, incluindo a prescrição, a dispensação, a administração, o monitoramento e o uso. A OMS tem o objetivo de fornecer orientação e desenvolver estratégias, planos e ferramentas para garantir que o processo de medicação tenha a segurança dos pacientes em seu núcleo, em todas as instituições de saúde.
"Ao longo dos anos, falei com muitas pessoas que perderam entes queridos por erros relacionados à medicação", disse Sir Liam Donaldson, enviado da OMS para a Segurança do Paciente. "Suas histórias, sua calma, dignidade e aceitação de situações que nunca deveriam ter surgido me emocionaram profundamente. É em memórias de todos aqueles que morreram devido a incidentes de cuidados inseguros que este Desafio deve ser dedicado".
Esse é o terceiro desafio global da OMS para a segurança dos pacientes, seguindo o desafio “Clean Care is Safe Care” sobre higienização das mãos em 2005, e o desafio “Safe Surgery Saves Lives”, em 2008.