Sumário de evidências sobre segurança do paciente: implicações para a pesquisa

Sumário Executivo: Práticas médicas inseguras são uma importante fonte de morbidade e mortalidade em todo o mundo. Para compreender o alcance das questões com as quais se deparam os formuladores de políticas e pesquisadores ao tentarem melhorar a segurança do cuidado de saúde, a Aliança Mundial pela Segurança do Paciente da Organização Mundial da Saúde (OMS) reuniu um grupo de trabalho especializado ad hoc para formular recomendações sobre as prioridades na pesquisa sobre segurança do paciente. Para facilitar este trabalho, o grupo usou um referencial explicativo que lhe permitiu identificar tópicos sobre segurança do paciente e as questões clínicas e organizacionais fundamentais para sua melhorar isto. Como a segurança do paciente é um componente essencial da qualidade do cuidado em saúde, sendo muitas vezes descrita como um pré-requisito para o cuidado de alta qualidade, o grupo escolheu um referencial explicativo já utilizado previamente para descrever os três componentes da qualidade: estrutura, processo e resultados. O objetivo desse relatório foi elaborar um sumário sobre as pesquisas existentes sobre segurança do paciente e, com base nelas, estabelecer prioridades. O grupo identificou desfechos clínicos específicos (como infecções associadas aos serviços de saúde), problemas estruturais subjacentes (como uma força de trabalho sem treinamento) e mecanismos procedimentais (como uma má comunicação entre os médicos) que contribuem para a baixa segurança do atendimento. Com base na epidemiologia da segurança do paciente e na opinião de especialistas, o grupo identificou 23 tópicos que possuem um impacto considerável na segurança dos cuidados em saúde e pediram aos especialistas que descrevessem de que modo cada questão afeta a segurança do paciente. O relatório contém vários achados fundamentais. Em primeiro lugar, os dados sugerem que os danos causados pelo cuidado em saúde têm um impacto substancial em termos de morbidade e mortalidade das populações em todo o mundo. Em segundo, boa parte da base de evidências foi criada nos países desenvolvidos; embora existam algumas evidências epidemiológicas de desfechos clínicos desfavoráveis devido a cuidados médicos inseguros em países em desenvolvimento e países com economias em transição, as informações sobre os fatores estruturais e procedimentais que contribuem para o cuidado de saúde inseguro foram obtidas quase inteiramente em um pequeno número de países desenvolvidos. Sua aplicabilidade para a segurança do paciente em outros países ainda não é bem conhecida. Por último, embora parte dos meios para a diminuição de danos já seja conhecida, ainda é preciso preencher grandes lacunas de conhecimento antes que soluções abrangentes possam ser encontradas. À luz desses achados, o Grupo de Trabalho formulou diversas recomendações. Em primeiro lugar, é necessário um maior entendimento sobre as causas, freqüência e danos gerados por eventos adversos em países em desenvolvimento e países com economias em transição. Em segundo, é necessário colocar uma ênfase especial na compreensão dos processos subjacentes do cuidado que levam a eventos adversos. À medida que passarmos a conhecer melhor a epidemiologia e as causas dos eventos adversos, poderemos encontrar as soluções com maior probabilidade de diminuir danos. Este relatório foi preparado como um complemento às deliberações do grupo de especialistas. Seu objetivo é resumir o conhecimento atual e ressaltar as grandes lacunas nas principais áreas ligadas à segurança do paciente. Sua função é servir como uma base para discussões sobre prioridades. O conhecimento atual sugere que o cuidado de saúde é capaz de causar danos consideráveis, mas limitações de conhecimento, especialmente em países em desenvolvimento, dificultam a recomendação de estratégias para diminuir esses danos. A próxima geração, portanto, deverá se concentrar na demonstração da diminuição de danos no atendimento médico, de modo a assegurar que os cuidados de saúde aliviem o sofrimento, e não contribuam com ele.