Associação entre as experiências de pacientes internados e indicadores de segurança do paciente: um estudo transversal canadense

KEMP, K. A. ; SANTANA, M. J. ; SOUTHERN, D. A. ; MCCORMACK, B. ; QUAN, H.
Título original:
Association of inpatient hospital experience with patient safety indicators: a cross-sectional, Canadian study
Resumo:

Objetivos: Ainda restam preocupações sobre o uso de dados de inquéritos para avaliar aspectos da qualidade do cuidado de saúde. A relação entre as experiências dos pacientes e a ocorrência de eventos adversos, documentada por indicadores de segurança do paciente (ISPs), é um tema de pesquisa oportuno. Os objetivos deste estudo foram documentar a associação entre ISPs e escores das experiências dos pacientes, e determinar as probabilidades ajustadas pelo risco de altos escores de experiências versus a presença de ISPs.

Ambiente e participantes: De abril de 2011 a março de 2014, 25.098 pacientes participaram de um inquérito telefônico após receberem alta de 93 hospitais diferentes em Alberta, no Canadá.
Desenho: Utilizamos uma versão modificada do instrumento Avaliação pelos Consumidores dos Prestadores e Sistemas de Saúde Hospitalares (Hospital Consumer Assessment of Healthcare Providers and Systems [HCAHPS]). Os inquéritos foram ligados aos prontuários dos pacientes quando internados, e a presença de ISPs foi documentada usando um algoritmo validado.

Medidas: Foram feitas três perguntas sobre a classificação do hospital como um todo, dos médicos e dos enfermeiros, respondidas usando uma escala de Likert de 11 pontos, de 0 (pior) a 10 (melhor). As experiências dos pacientes foram classificadas como altas (9 ou 10) ou baixas (0 a 8). Avaliamos também as diferenças demográficas/clínicas entre os participantes com/sem ISPs. Utilizamos métodos de regressão logística para examinar a relação entre os fatores, incluindo os ISPs e a classificação das experiências.

Resultados: O hospital como um todo, os médicos e os enfermeiros receberam uma classificação alta por 61,9%, 73,7% e 66,2% dos entrevistados, respectivamente. No total, 1.085 pacientes (4,3%) tiveram um ISP documentado. Os ISPs mais frequentes foram eventos hemorrágicos (n = 502; 2,0% da amostra), eventos relacionados com obstetrícia (n = 373; 1,5%) e eventos relacionados com cirurgia (n = 248; 1,0%). Modelos ajustados pelo risco mostraram que os pacientes com ISPs foram menos propensos a dar uma classificação alta ao hospital como um todo (OR = 0,86; IC 95% 0,75-0,97), aos médicos (OR = 0,76; IC 95% 0,66-0,87) e aos enfermeiros (OR = 0,83; IC 95% 0,73-0,94).

Conclusão: Há evidências claras de que as classificações das experiências de pacientes internados estão associadas aos ISPs, que são um elemento da qualidade do cuidado. Justifica-se a realização de estudos futuros que examinem perguntas e ISPs específicos sobre as experiências dos pacientes, pois poderão servir para embasar iniciativas direcionadas de melhoria da qualidade.

Resumo Original:

Objectives: There remains concern regarding the use of survey data to assess aspects of healthcare quality. The relationship between patient experience and adverse events as documented by patient safety indicators (PSIs) is a timely research topic. The objectives were to document the association of PSIs and patient experience scores, and to determine risk-adjusted odds of high experience scores versus PSI presence.

Setting and participants: From April 2011 to March 2014, 25 098 patients completed a telephone survey following discharge from 93 inpatient hospitals in Alberta, Canada.

Research desing: A modified version of the Hospital Consumer Assessment of Healthcare Providers and Systems (HCAHPS) instrument was used. Surveys were linked to inpatient records and PSI presence was documented using a validated algorithm.

Measures: Three questions about overall hospital, physician and nurse ratings were scored on an 11-point Likert scale from 0 (worst) to 10 (best). Experience was classified as high (9 or 10) versus low (0-8). Demographic/clinical differences between respondents with/without a PSI were assessed. Logistic regression examined the relationship between factors including PSI and experience ratings.

Results: Overall, physician and nurse care was rated high by 61.9%, 73.7% and 66.2% of respondents. 1085 patients (4.3%) had a documented PSI. Most frequent PSIs were haemorrhagic events (n=502; 2.0% of sample), events relating to obstetrics (n=373; 1.5%) and surgical-related events (n=248; 1.0%). Risk-adjusted models showed patients with PSIs had decreased odds of having high overall (OR=0.86; 95% CI 0.75 to 0.97), physician (OR=0.76; 95% CI 0.66 to 0.87) and nurse (OR=0.83; 95% CI 0.73 to 0.94) ratings.

Conclusions: There is clear evidence that inpatient experience ratings are associated with PSIs, one element of quality of care. Future research, examining individual PSIs and patient experience questions, is warranted, as this may inform targeted quality improvement initiatives.

Keywords: Acute care; HCAHPS; Patient experience; Patient safety.

Fonte:
BMJ Open ; 6(7): e011242; 2016. DOI: 10.1136/bmjopen-2016-011242.