Associação entre mortes inesperadas de recém-nascidos e mudanças nos processos de cuidado obstétrico e neonatal

Dan Han, PhD ; Aayush Khadka, SM ; Margaret McConnell, PhD
Título original:
Association of Unexpected Newborn Deaths With Changes in Obstetric and Neonatal Process of Care
Resumo:

IMPORTÂNCIA: A morte de um bebê a termo saudável pode sinalizar problemas relacionados à segurança do paciente e à qualidade do cuidado. Várias iniciativas visam encorajar os profissionais clínicos a aprender com esses eventos, mas existem poucas evidências sobre como a exposição à morte inesperada de um recém-nascido pode alterar a prática clínica. OBJETIVO: Examinar a associação entre a morte inesperada de um recém-nascido e mudanças nos procedimentos obstétricos e neonatais utilizados em resposta a possíveis complicações fetais ou neonatais. DESENHO, AMBIENTE E PARTICIPANTES: Este estudo transversal utilizou a análise de diferenças em diferenças, baseando-se em dados estatísticos vitais dos EUA de 2011 a 2017, de 477 condados dos EUA que notificaram mortes inesperadas de recém-nascidos durante o período de estudo. Foram incluídos todos os nascidos vivos em hospitais dos 477 condados durante o período de estudo. Analisamos dados de setembro de 2019 a setembro de 2020. EXPOSIÇÃO: Mortes de bebês com idade entre 0 e 7 dias após uma gravidez sem complicações, por qualquer causa exceto anomalia congênita, acidente/violência ou síndrome da morte súbita do recém-nascido. DESFECHOS E MEDIÇÕES PRINCIPAIS: Os desfechos principais incluíram variáveis binárias relacionadas à intervenção durante o trabalho de parto e parto (indução, parto cesáreo, fórceps/vácuo) e procedimentos para prevenir e mitigar complicações no recém-nascido (ventilação assistida, terapia de reposição de surfactante, antibióticos para suspeita de sepse, internação em unidade de terapia intensiva neonatal). RESULTADOS: A amostra principal incluiu 5,72 milhões de nascimentos (2,54 milhões durante o período pré-exposição). A idade média (DP) das mães foi de 27,3 (5,8) anos; 67% das mães eram brancas e 12% eram negras. As associações variaram entre os 4 modelos estimados. Após uma morte neonatal inesperada, não houve aumento significativo na probabilidade de parto cesáreo no modelo de amostra completa (0,28 pontos percentuais [pp]; IC 95%, -0,01 a 0,57 pp), mas observou-se um aumento significativo nos outros 3 modelos, com valores que variaram de 0,55 pp (IC 95%, 0,21 a 0,88 pp) no modelo de amostra completa pareada a 0,66 pp (IC 95%, 0,13 a 1,19 pp) na subamostra pareada de condados com apenas 1 hospital. Houve um aumento significativo na probabilidade de ventilação assistida para recém-nascidos no modelo de amostra completa pareada (0,46 pp; IC 95%, 0,08 a 0,83 pp), mas sem aumento significativo nos outros 3 modelos, com estimativas que variaram de 0,33 pp (IC 95%, -0,04 a 0,71 pp) a 0,69 pp (IC 95%, -0,02 a 1,40 pp). Uma morte neonatal inesperada não esteve associada a um aumento significativo no uso de antibióticos nos modelos de amostra completa (não pareada: 0,19 pp; IC 95%, -0,00 a 0,39 pp; pareada: 0,22 pp; IC 95%: -0,02 a 0,46 pp), mas observou-se um aumento significativo nos dois modelos de subamostras de condados contendo 1 hospital (não pareada: 0,38 pp; IC 95%, 0,02 a 0,73 pp; pareada: 0,39 pp; IC 95%, 0,01 a 0,77 pp). CONCLUSÕES E RELEVÂNCIA: Em alguns modelos de estudo, uma morte neonatal inesperada esteve associada a aumentos estatisticamente significativos no uso subsequente de procedimentos para evitar ou mitigar o sofrimento fetal e complicações neonatais, o que poderia refletir aumentos na identificação e gestão proativa de possíveis complicações graves ou uma maior cautela pelos médicos aplicada em todos os casos. Estudos futuros devem avaliar se essas mudanças afetam os desfechos ligados aos pacientes.
 

Resumo Original:

IMPORTANCE: The death of a healthy term infant may signal patient safety and quality issues. Various initiatives aim to encourage clinicians to learn from these events, but little evidence exists regarding how exposure to an unexpected newborn death may alter clinician practice. OBJECTIVE: To examine the association between an unexpected newborn death and changes in obstetric and newborn procedures that may be used in response to potential fetal distress or newborn complications. DESIGN, SETTING, AND PARTICIPANTS: This cross-sectional study used difference-in-differences analysis of 2011 to 2017 US vital statistics data from 477 US counties experiencing an unexpected newborn death during the study period. All in-hospital live births in the 477 counties during the study period were included. Data were analyzed from September 2019 to September 2020. EXPOSURES: The death of an infant aged 0 to 7 days following an unremarkable pregnancy owing to causes other than birth defects, accidents/assaults, or sudden infant death syndrome. MAIN OUTCOMES AND MEASURES: Primary outcomes included binary variables capturing intervention in labor/delivery (induction, augmentation, cesarean delivery, forceps/vacuum) and procedures to avert and mitigate newborn complications (assisted ventilation, surfactant replacement therapy, antibiotics for suspected sepsis, neonatal intensive care unit admission). RESULTS: The main sample included 5.72 million births (2.54 million during preexposure time). Mean (SD) maternal age was 27.3 (5.8) years; 67% of mothers were White, and 12% were Black. Associations varied across the 4 estimated models. Following an unexpected newborn death, there was no significant increase in the probability of cesarean delivery in the full sample model (0.28 percentage points [pp]; 95% CI, -0.01 to 0.57 pp), but a significant increase in the other 3 models, with values ranging from 0.55 pp (95% CI, 0.21 to 0.88 pp) in the full sample model with matching to 0.66 pp (95% CI, 0.13 to 1.19 pp) in the 1-hospital county subsample with matching. There was a significant increase in the probability of newborn assisted ventilation in the full sample model with matching (0.46 pp; 95% CI, 0.08 to 0.83 pp), but no significant increase in the other 3 models, with estimates ranging from 0.33 pp (95% CI, -0.04 to 0.71 pp) to 0.69 pp (95% CI, -0.02 to 1.40 pp). An unexpected newborn death was not associated with a significant increase in antibiotic use in the full sample models (without matching: 0.19 pp; 95% CI, -0.00 to 0.39 pp; with matching: 0.22 pp; 95% CI: -0.02 to 0.46 pp), but was associated with a significant increase in both of the 1-hospital county subsample models (without matching: 0.38 pp; 95% CI, 0.02 to 0.73 pp; with matching: 0.39 pp; 95% CI, 0.01 to 0.77 pp). CONCLUSIONS AND RELEVANCE: In some study models, an unexpected newborn death was associated with statistically significant increases in subsequent use of procedures to avert and mitigate fetal distress and newborn complications, which could reflect increases in identifying and proactively addressing serious potential complications or increased clinician caution applied across all cases. Future research should address whether these changes affect patient outcomes.
 

Fonte:
Jama Network Open ; 3(12): e2024589; 2021. DOI: 10.1001/jamanetworkopen.2020.24589.