CareTrack: avaliando a adequação da prestação de cuidado de saúde na Austrália
Objetivo: Determinar a porcentagem de encontros durante o processo de cuidado de saúde nos quais uma amostra de adultos australianos recebeu cuidado adequado, isto é, cuidado em conformidade com diretrizes baseadas em evidências ou em consenso.
Desenho, ambiente e participantes: Para medir a adesão a 522 indicadores baseados em consensos de especialistas, representando o cuidado adequado a 22 condições comuns, foram realizadas entrevistas telefônicas assistidas por computador e revisão retrospectiva de prontuários de uma amostra de, no mínimo, 1.000 adultos australianos entre os anos 2009 e 2010. Os participantes foram escolhidos em domicílios de áreas dos estados de South Australia e New South Wales, consideradas representativas do perfil socioeconômico da população australiana. Foram avaliados encontros durante o processo de cuidado de saúde em consultórios e hospitais, ocorridos entre pacientes e clínicos gerais, especialistas, fisioterapeutas, quiropráticos, psicólogos e conselheiros.
Principal medida de desfecho: Porcentagem de encontros durante o processo de cuidado de saúde nos quais a amostra de pacientes recebeu cuidado adequado.
Resultados: De um total de 15.292 domicílios contatados por telefone, 7.649 pessoas concordaram em participar, 3.567 assinaram um termo de consentimento, 2.638 foram consideradas elegíveis e 1.154 foram incluídas no estudo após receberem o consentimento de seus prestadores de cuidado de saúde. Os australianos adultos dessa amostra receberam cuidado adequado em 57% (IC 95%, 54% a 60%) dos 35.573 encontros elegíveis. A adesão aos indicadores de cuidado adequado a condições específicas variou de 13% (IC 95%, 1% a 43%) para a dependência ao álcool até 90% (IC 95%, 85% a 93%) para a doença arterial coronariana. Dentre os prestadores de cuidado de saúde com mais de 300 encontros elegíveis, a adesão geral variou de 32% a 86%.
Conclusões: Apesar da existência de bolsões de excelência e do fato de que alguns aspectos do cuidado foram bem geridos por grande parte dos profissionais, a prestação consistente de cuidado adequado precisa melhorar e as carências devem ser corrigidas. Existe a necessidade de um consenso nacional sobre normas clínicas e de melhor estruturação dos prontuários para facilitar a prestação de um cuidado mais adequado.
Objective: To determine the percentage of health care encounters at which a sample of adult Australians received appropriate care (ie, care in line with evidence-based or consensus-based guidelines).
Design, setting and participants: Computer-assisted telephone interviews and retrospective review of the medical records (for 2009-2010) of a sample of at least 1000 Australian adults to measure compliance with 522 expert consensus indicators representing appropriate care for 22 common conditions. Participants were selected from households in areas of South Australia and New South Wales chosen to be representative of the socioeconomic profile of Australians. Health care encounters occurred in health care practices and hospitals with general practitioners, specialists, physiotherapists, chiropractors, psychologists and counsellors.
Main outcome measure: Percentage of health care encounters at which the sample received appropriate care.
Results: From 15 292 households contacted by telephone, 7649 individuals agreed to participate, 3567 consented, 2638 proved eligible, and 1154 were included after gaining the consent of their health care providers. The adult Australians in this sample received appropriate care at 57% (95% CI, 54%-60%) of 35 573 eligible health care encounters. Compliance with indicators of appropriate care at condition level ranged from 13% (95% CI, 1%-43%) for alcohol dependence to 90% (95% CI, 85%-93%) for coronary artery disease. For health care providers with more than 300 eligible encounters each, overall compliance ranged from 32% to 86%.
Conclusions: Although there were pockets of excellence and some aspects of care were well managed across health care providers, the consistent delivery of appropriate care needs improvement, and gaps in care should be addressed. There is a need for national agreement on clinical standards and better structuring of medical records to facilitate the delivery of more appropriate care.