Com que frequência é prestado um cuidado obstétrico de baixa qualidade em casos de asfixia perinatal, distócia de ombro e hemorragia pós-parto? Resultados de uma inspeção externa de maternidades norueguesas

Lars T. Johansen ; Geir Sverre Braut ; Ganesh Acharya ; Jan Fredrik Andresen ; Pål Øian,
Título original:
How common is substandard obstetric care in adverse events of birth asphyxia, shoulder dystocia and postpartum hemorrhage? Findings from an external inspection of Norwegian maternity units
Resumo:

Introdução: O Conselho de Supervisão de Saúde da Noruega inspeciona as instituições de saúde para garantir a segurança e a qualidade dos serviços de saúde e bem-estar. Uma inspeção planejada de 12 maternidades procurou investigar as práticas de cuidado obstétrico em casos de asfixia perinatal, distócia de ombro e hemorragia pós-parto grave.
Materiais e métodos: A inspeção foi realizada na Noruega em 2016 em duas maternidades grandes, quatro médias e seis pequenas para investigar eventos adversos ocorridos entre 1 de janeiro e 31 de dezembro de 2014. Seis delas foram selecionadas como unidades de controle. O Conselho de Supervisão de Saúde da Noruega investigou o Registro Médico de Nascimentos da Noruega para identificar eventos adversos em cada uma das categorias e então solicitou acesso aos prontuários de todos os pacientes identificados. Informações sobre as diretrizes adotadas, o ensino formal e o treinamento com simulações em cada unidade foram obtidos através de um questionário enviado ao obstetra responsável por cada maternidade.
Resultados: As unidades obstétricas inspecionadas tiveram 553 eventos adversos graves de asfixia perinatal, distócia de ombro ou hemorragia pós-parto grave entre 17.323 partos. Ao todo, 29 eventos foram excluídos da análise posterior por codificação errônea ou falta de dados nos prontuários dos pacientes. Incluímos 524 eventos adversos (3,0% de todos os partos) na análise final. Os erros causados por um cuidado de baixa qualidade estiveram presentes em 295 casos (56,2%). Não houve diferenças entre as unidades de maior ou menor tamanho na prevalência de cuidado de baixa qualidade. Um resultado surpreendente foi a observação de um número significativamente menor de casos de cuidado de baixa qualidade nas unidades consideradas como de maior risco pelas autoridades supervisoras antes da inspeção, em comparação com as unidades de controle. Ao todo, 7 das 12 unidades tinham acordos formais de ensino e treinamento regular para profissionais de saúde obstétrica, como definido nas diretrizes nacionais.
Conclusões: A prevalência de eventos adversos foi de 3%, sendo semelhante em todas as maternidades, independentemente de seu tamanho. Observaram-se problemas na qualidade do cuidado em 56,2% dos casos, e quase a metade das maternidades não seguiu as recomendações nacionais relativas ao ensino e treinamento prático de profissionais obstétricos, sugerindo que deveriam se concentrar na implementação de diretrizes e no treinamento de seu pessoal.
 

Resumo Original:

Introduction: The Norwegian Board of Health Supervision inspects healthcare institutions to ensure safety and quality of health and welfare services. A planned inspection of 12 maternity units aimed to investigate the practice of obstetric care in the case of birth asphyxia, shoulder dystocia and severe postpartum hemorrhage.
Material and methods: The inspection was carried out at two large, four medium and six small maternity units in Norway in 2016 to investigate adverse events that occurred between 1 January and 31 December 2014. Six of them were selected as control units. The Norwegian Board of Health Supervision searched the Medical Birth Registry of Norway to identify adverse events in each of the categories and then requested access to the medical records for all patients identified. Information about guidelines, formal teaching and simulation training at each unit was obtained by sending a questionnaire to the obstetrician in charge of each maternity unit.
Results: The obstetric units inspected had 553 serious adverse events of birth asphyxia, shoulder dystocia or severe postpartum hemorrhage among 17 323 deliveries. Twenty-nine events were excluded from further analysis due to erroneous coding or missing data in the patients' medical records. We included 524 cases (3.0% of all deliveries) of adverse events in the final analysis. Medical errors caused by substandard care were present in 295 (56.2%) cases. There was no difference in the prevalence of substandard care among the maternity units according to their size. Surprisingly, we found significantly fewer cases with substandard care in the units which the supervisory authorities considered particularly risky before the inspection, compared with the control units. Seven of the 12 units had regular formal teaching and training arrangements for obstetric healthcare personnel as outlined in the national guidelines.
Conclusions: Prevalence of adverse events was 3% and similar in all maternity units irrespective of their size. A breach in the standard of care was observed in 56.2% of cases and almost half of the maternity units did not follow national recommendations regarding teaching and practical training of obstetric personnel, suggesting that they should focus on implementing guidelines and training their staff.
 

Fonte:
Acta Obstet Gynecol Scand ; 100(1): 139-146; 2021. DOI: 10.1111/aogs.13959..