Resumo
Justificativa: Embora as mulheres de países de renda baixa e média sejam cada vez mais incentivadas a dar à luz em instalações de saúde, as infecções relacionadas à assistência à saúde, tanto em mães quanto em recém-nascidos, continuam sendo um problema comum. Uma causa importante de infecções é a má higienização das mãos. É preciso compreender de que forma os fatores ambientais, comportamentais e organizacionais influenciam nas práticas de higiene.
Objetivo: Entender as variações entre instalações de saúde e entre pessoas no comportamento de higienização e explorar possíveis alvos de intervenções em quatro enfermarias de trabalho de parto em Zanzibar.
Métodos: Visitas aos locais, incluindo a observação dos partos e do funcionamento diário das instalações de saúde. Realizamos 33 entrevistas semiestruturadas, totalizando mais de 46 horas, com parteiras, profissionais assistentes, funcionários administrativos e mães. As entrevistas transcritas e notas de observação foram lidas e codificadas por dois autores. Os temas foram desenvolvidos e analisados à luz da pesquisa existente.
Resultados: As precondições físicas para a higienização das mãos foram cumpridas com maior regularidade nas duas instalações de alto volume, onde sempre havia disponibilidade de sabão, água e luvas. Entretanto, em todas as instalações, a higienização das mãos pareceu ser prejudicada pela má ergonomia — por exemplo, pela distância física entre as torneiras, luvas ou leitos de parto. A recontaminação de mãos com luvas após uma boa higienização das mãos foi observada com frequência, um padrão que os auxiliares de parto atribuíram à carga de trabalho elevada e imprevisível e à escassez de equipamentos. As entrevistas e os grupos focais sugeriram que os profissionais geralmente entendem quando e por que a higienização das mãos deve ser realizada e estão cientes das baixas taxas de higienização entre os colegas de trabalho. Nas instalações com desempenho inferior, os administradores se mostraram menos inclinados a visitar as enfermarias e mais propensos a considerar que a higienização das mãos é algo que está fora da sua alçada de influência.
Conclusões: As observações e entrevistas sugerem que é preciso melhorar o design ergonômico das salas de parto, garantindo a disponibilidade conveniente de pias, sabão, gel desinfetante, toalhas de mão e luvas, como uma estratégia de baixo custo para reduzir a carga de infecções pela má higienização das mãos.
Abstract
Rationale: Although women in low- and middle-income countries are increasingly encouraged to give birth at facilities, healthcare-associated infection of both the mother and newborn remain common. An important cause of infection is poor hand hygiene. There is a need to understand how environmental, behavioural, and organisational factors influence hygiene practice.
Objective: To understand variations between facilities and between people in hygiene behaviour and to explore potential intervention targets in four labour wards in Zanzibar.
Methods: Site visits including observation of deliveries and of day-to-day workings of the facilities. Thirty-three semi-structured interviews, totalling more than 46 hours, with birth attendants, orderlies, managerial staff and mothers. Transcribed interviews and observation notes were read and coded by two authors. Themes were developed and analysed in light of existing research.
Results: The physical preconditions for hand hygiene were met more regularly in the two highvolume facilities, where soap, water, gloves were almost always available. However, in all of the facilities, hand hygiene appeared impeded by poor ergonomics, like, for example, physical distance between water taps, gloves, or delivery beds. Recontamination of gloved hands following good hand hygiene was commonly observed, a pattern that the birth attendants attributed to high and unpredictable workload and equipment shortages. Interviews and focus groups suggested that birth attendants typically understood when and why hand hygiene should be implemented, and that they were aware of low handwashing rates among co-workers. In poorer performing facilities, managers were less inclined to visit wards and more likely to perceive hand hygiene as beyond their influence.
Conclusions: Observations and interviews suggest improvements in the ergonomic design of delivery rooms, including convenient availability of sinks, soap, hand gel, hand towels and gloves, may be a low-cost way to reduce the infection burden from poor hand hygiene.