Comunicação centrada no letramento em saúde para reduzir os erros de medicação na alta hospitalar de crianças: um estudo clínico randomizado
Importância: A comunicação inadequada entre cuidadores e profissionais clínicos no momento da alta hospitalar contribui para a ocorrência de erros na dosagem de medicamentos em crianças. As estratégias de comunicação centradas no letramento em saúde durante o aconselhamento medicamentoso podem reduzir os erros de dosagem, mas não foram testadas no ambiente hospitalar pediátrico.
Objetivo: Testar uma intervenção de comunicação centrada no letramento em saúde para reduzir os erros na dosagem de medicamentos líquidos, em comparação com o aconselhamento padrão (grupo-controle) para crianças hospitalizadas.
Desenho, ambiente e participantes: Este estudo clínico randomizado com grupos paralelos foi realizado de 22 de junho de 2021 a 20 de agosto de 2022 em um hospital pediátrico terciário dos EUA. Foram incluídos na análise os cuidadores falantes de inglês e espanhol de crianças hospitalizadas, com idade de até 6 anos, que houvessem recebido a prescrição de um novo medicamento líquido programado para a alta hospitalar.
Intervenções: Realizamos a randomização em blocos permutados (n=4) (1:1) para alocar os cuidadores a um pacote de comunicação para o aconselhamento medicamentoso na alta hospitalar centrado no letramento em saúde (n=99) ou ao aconselhamento padrão (n=99). Um membro da equipe do estudo aplicou a intervenção, que consistia em uma folha de instruções para a medicação com pictogramas, o uso do método de ensinar de volta (os cuidadores repetiam as informações ensinadas) e a demonstração da dosagem pelo método de mostrar de volta (os cuidadores mostravam como puxariam o medicamento líquido para a seringa).
Desfechos principais: Erros de dosagem observados, avaliados usando uma fotografia da seringa cheia de medicação enviada pelo cuidador e expressos como a diferença percentual em relação à dose prescrita. O desfecho secundário foi o conhecimento em relação à medicação relatado pelo cuidador. A medição dos desfechos foi feita de forma cega em relação ao grupo ao qual o cuidador havia sido alocado.
Resultados: Entre os 198 cuidadores randomizados (idade média [DP] de 31,4 [6,5] anos; 186 mulheres [93,9%]; 36 [18,2%] hispânicos ou latinos e 158 [79,8%] brancos), o desfecho primário esteve disponível para 151 (76,3%). O erro de dosagem percentual médio (DP) observado foi de 1,0% (2,2%) no grupo de intervenção e 3,3% (5,1%) no grupo-controle (diferença absoluta de 2,3% [IC 95%, 1,0-3,6], p<0,001). Ao todo, 24 dos 79 cuidadores no grupo de intervenção (30,4%) mediram uma dose incorreta em comparação com 39 dos 72 (54,2%) no grupo-controle (p=0,003). A intervenção aumentou o conhecimento dos cuidadores sobre a medicação em comparação com o grupo-controle no que diz respeito à dose da medicação (71 de 76 [93,4%] vs. 55 de 69 [79,7%]; p=0,03), à duração da administração (65 de 76 [85,5%] vs. 49 de 69 [71,0%]; p=0,04) e à descrição correta de 2 ou mais efeitos adversos (60 de 76 [78,9%] vs. 13 de 69 [18,8%]; p<0,001). Não houve diferenças de conhecimento em relação ao nome da medicação, indicação, frequência ou armazenamento.
Conclusões e relevância: Um pacote de comunicação para a alta hospitalar centrado no letramento em saúde reduziu os erros na administração de medicamentos líquidos em casa e aumentou os conhecimentos dos cuidadores sobre a medicação em comparação com o aconselhamento padrão. O uso rotineiro dessas estratégias padronizadas pode melhorar a segurança do paciente após a alta hospitalar.
Importance: Inadequate communication between caregivers and clinicians at hospital discharge contributes to medication dosing errors in children. Health literacy-informed communication strategies during medication counseling can reduce dosing errors but have not been tested in the pediatric hospital setting.
Objective: To test a health literacy-informed communication intervention to decrease liquid medication dosing errors compared with standard counseling in hospitalized children.
Design, setting, and participants: This parallel, randomized clinical trial was performed from June 22, 2021, to August 20, 2022, at a tertiary care, US children's hospital. English- and Spanish-speaking caregivers of hospitalized children 6 years or younger prescribed a new, scheduled liquid medication at discharge were included in the analysis.
Interventions: Permuted block (n = 4) randomization (1:1) to a health literacy-informed discharge medication communication bundle (n = 99) compared with standard counseling (n = 99). A study team member delivered the intervention consisting of a written, pictogram-based medication instruction sheet, teach back (caregivers state information taught), and demonstration of dosing with show back (caregivers show how they would draw the liquid medication in the syringe).
Main outcome and measures: Observed dosing errors, assessed using a caregiver-submitted photograph of their child's medication-filled syringe and expressed as the percentage difference from the prescribed dose. Secondary outcomes included caregiver-reported medication knowledge. Outcome measurements were blinded to participant group assignment.
Results: Among 198 caregivers randomized (mean [SD] age, 31.4 [6.5] years; 186 women [93.9%]; 36 [18.2%] Hispanic or Latino and 158 [79.8%] White), the primary outcome was available for 151 (76.3%). The observed mean (SD) percentage dosing error was 1.0% (2.2 percentage points) among the intervention group and 3.3% (5.1 percentage points) among the standard counseling group (absolute difference, 2.3 [95% CI, 1.0-3.6] percentage points; P < .001). Twenty-four of 79 caregivers in the intervention group (30.4%) measured an incorrect dose compared with 39 of 72 (54.2%) in the standard counseling group (P = .003). The intervention enhanced caregiver-reported medication knowledge compared with the standard counseling group for medication dose (71 of 76 [93.4%] vs 55 of 69 [79.7%]; P = .03), duration of administration (65 of 76 [85.5%] vs 49 of 69 [71.0%]; P = .04), and correct reporting of 2 or more medication adverse effects (60 of 76 [78.9%] vs 13 of 69 [18.8%]; P < .001). There were no differences in knowledge of medication name, indication, frequency, or storage.
Conclusions and relevance: A health literacy-informed discharge medication communication bundle reduced home liquid medication administration errors and enhanced caregiver medication knowledge compared with standard counseling. Routine use of these standardized strategies can promote patient safety following hospital discharge.