Contestando os futuros da Inteligência Artificial no setor da saúde: as expectativas formais se deparam com previsões informais
Espera-se que as tecnologias de Inteligência Artificial (IA) desempenhem um papel essencial nos sistemas de saúde do futuro, economizando recursos, melhorando a qualidade dos tratamentos e aumentando a segurança do paciente. Os governos de todo o mundo estão se preparando para esse futuro, desenvolvendo estratégias e políticas. Baseado em conceitos e perspectivas de estudos sobre ciência e tecnologia, este artigo explora como as políticas governamentais estabelecem a agenda para a introdução da IA na saúde, utilizando como exemplo o Plano Nacional de Saúde e Hospitais da Noruega (NHSP) 2020-2023. O artigo investiga ainda como as expectativas formais incluídas no NHSP se deparam com previsões informais expressas por atores que trabalham em maior proximidade com a prática clínica, envolvidos em um processo de investigação iniciado por essa política. Adotando uma abordagem qualitativa, o artigo explora o que caracteriza as expectativas formais sobre a IA na saúde e como essas expectativas são contestadas. O estudo revela tensões entre os diferentes pressupostos, demonstrando questões cruciais sobre o uso futuro da IA que ainda não estão na agenda do governo norueguês. Ao combinar as forças das expectativas formais com o conceito ambíguo de IA, o atual distanciamento entre o desenvolvimento e a implementação da IA e as incertezas constituídas pelos elementos em disputa, o artigo conclui apresentando um paradoxo de inevitabilidade.
Artificial Intelligence (AI) technologies are expected to play an essential role in future healthcare systems for saving resources, improving treatment quality and enhancing patient safety. Governments worldwide are preparing for such a future by developing strategies and policies. Drawing on concepts and perspectives from Science and Technology Studies (STS), this article explores how government policies set the agenda for introducing AI in healthcare, using the Norwegian National Health and Hospital Plan 2020–2023 (NHSP) as an example. The article further investigates how the formal expectations included in the NHSP are met with informal anticipations expressed by actors working closer to clinical practices involved in an inquiry process initiated by the policy. Taking a qualitative approach, the article explores what characterises formal expectations of AI in healthcare and how these expectations are contested. The study finds that there are tensions between the different assumptions and that crucial issues concerning the future usage of AI are not yet on the Norwegian Government’s agenda. Pairing the forces of the formal expectations with the ambiguous concept of AI, the current chasm between AI development and deployment, and the uncertainties constituted by the contesting elements, the article concludes by introducing a paradox of inevitability.