Cultura de segurança em maternidades: as percepções de enfermeiros obstétricos
Objetivo: Explorar as percepções de enfermeiros obstétricos sobre a cultura de segurança em maternidades.
Desenho: Realizamos um estudo fenomenológico descritivo usando grupos de discussão e descrevendo os resultados seguindo os Critérios Consolidados para Relatórios de Pesquisa Qualitativa (Consolidated Criteria for Reporting Qualitative Research).
Métodos: Obtivemos dados através de dois grupos de discussão on-line em junho de 2022 com 13 enfermeiros obstetras de duas maternidades na região central de Portugal. O primeiro grupo incluiu 6 enfermeiros obstetras, e o segundo, 7. Os dados qualitativos foram sujeitos a uma análise de conteúdo.
Resultados: Dois temas principais emergiram dos dados: (i) barreiras à promoção de uma cultura de segurança; (ii) estratégias para promover a cultura de segurança. O primeiro tema é influenciado por quatro categorias: comunicação não efetiva, processos de gestão improdutivos, instabilidade nas equipes e o problema dos erros no cuidado de saúde. O segundo tema é influenciado por duas categorias: o compromisso dos gestores com a segurança e a promoção de uma comunicação efetiva.
Conclusão: Os resultados do estudo mostram que a cultura de segurança em maternidades é comprometida por uma comunicação não efetiva, instabilidade nas equipes, quantidade insuficiente de enfermeiros obstetras, a prevalência de uma cultura punitiva e a subnotificação de eventos adversos. Estes problemas destacam a necessidade de que os gestores se comprometam em proporcionar melhores condições de trabalho, incentivar o treinamento para o desenvolvimento de uma cultura de segurança mais justa e promover a notificação e o aprendizado com os erros. Também é necessário investir em líderes de equipes que permitam uma melhor gestão dos conflitos e a otimização das habilidades de comunicação.
Impacto: A divulgação destes resultados dará mais relevância ao problema da cultura de segurança, permitindo uma maior conscientização dos enfermeiros obstetras e gestores sobre áreas problemáticas e levando à implementação de mudanças efetivas para um cuidado materno e neonatal seguro.
Contribuições de pacientes ou do público: Não houve contribuições de pacientes ou do público, pois o estudo lidou apenas com os prestadores de serviços, ou seja, os próprios enfermeiros obstetras.
Design: A descriptive phenomenological study was conducted using focus groups and reported following the Consolidated Criteria for Reporting Qualitative Research.
Methods: Data were obtained through two online focus group sessions in June 2022 with 13 nurse-midwives from two maternity hospitals in the central region of Portugal. The first focus group comprised 6 nurse-midwives, and the second comprised 7 nurse-midwives. Qualitative data were analysed using content analysis.
Findings: Two main themes emerged from the data: (i) barriers to promoting a safety culture; (ii) safety culture promotion strategies. The first theme is supported by four categories: ineffective communication, unproductive management, instability in teams and the problem of errors in care delivery. The second theme is supported by two categories: managers' commitment to safety and the promotion of effective communication.
Conclusion: The study results show that the safety culture in maternity hospitals is compromised by ineffective communication, team instability, insufficient allocation of nurse-midwives, a prevailing punitive culture and underreporting of adverse events. These highlight the need for managers to commit to providing better working conditions, encourage training with the development of a fairer safety culture and encourage reporting and learning from mistakes. There is also a need to invest in team leaders who allow better conflict management and optimization of communication skills is essential.
Impact: Disseminating these results will provide relevance to the safety culture problem, allowing greater awareness of nurse-midwives and managers about vulnerable areas, and lead to the implementation of effective changes for safe maternal and neonatal care.
Patient or public contribution: There was no patient or public contribution as the study only concerned service providers, that is, nurse-midwives themselves.