Custo-efetividade da tromboprofilaxia mecânica para partos cesáreos no Brasil
Resumo
Objetivo: Avaliar o custo-efetividade do uso da tromboprofilaxia mecânica em pacientes submetidas a parto cesáreo no Brasil.
Métodos: Um modelo analítico de decisão construído no software TreeAge foi usado para comparar o custo e a efetividade da compressão pneumática intermitente com a profilaxia com heparina de baixo peso molecular ou sem profilaxia na perspectiva do hospital. Os eventos adversos relacionados foram tromboembolismo venoso, sangramento menor e sangramento maior. Os dados do modelo foram obtidos de estudos revisados por pares por meio de uma pesquisa estruturada na literatura. Adotou-se um limite de disposição a pagar de R$ 15.000 por evento adverso evitado. Análises de sensibilidade probabilística, de cenário e unidirecional foram realizadas para avaliar o impacto das incertezas nos resultados.
Resultados: Os custos dos cuidados relacionados à profilaxia do tromboembolismo venoso e eventos adversos associados variaram de R$ 914 para nenhuma profilaxia a R$ 1.301 para heparina de baixo peso molecular. Com uma relação custo-efetividade adicional de R$ 7.843 por evento adverso evitado. A compressão pneumática intermitente foi custo-efetiva em comparação com nenhuma profilaxia. Com custos mais baixos e eficácia melhorada, a compressão pneumática intermitente superou a heparina de baixo peso molecular. As análises de sensibilidade probabilística mostraram que a probabilidade de ser custo-efetiva foi comparável para compressão pneumática intermitente e sem profilaxia, sendo improvável que a heparina de baixo peso molecular fosse considerada custo-efetiva (0,07).
Conclusões: A compressão pneumática intermitente pode ser uma opção custo-efetiva e é provável que seja mais apropriada do que a heparina de baixo peso molecular quando usada para profilaxia de tromboembolismo venoso em cesarianas no Brasil. O uso da tromboprofilaxia deve ser uma abordagem individualizada e estratificada pelo risco.
Abstract
Objective: To evaluate the cost-effectiveness of using mechanical thromboprophylaxis for patients undergoing a cesarean delivery in Brazil.
Methods: A decision-analytic model built in TreeAge software was used to compare the cost and effectiveness of intermittent pneumatic compression to prophylaxis with low-molecular-weight heparin or no prophylaxis from the perspective of the hospital. Related adverse events were venous thromboembolism, minor bleeding, and major bleeding. Model data were sourced from peer-reviewed studies through a structured literature search. A willingness-to-pay threshold of R$15,000 per avoided adverse event was adopted. Scenario, one-way, and probabilistic sensitivity analyses were performed to evaluate the impact of uncertainties on the results.
Results: The costs of care related to venous thromboembolism prophylaxis and associated adverse events ranged from R$914 for no prophylaxis to R$1,301 for low-molecular-weight heparin. With an incremental cost-effectiveness ratio of R$7,843 per adverse event avoided. Intermittent pneumatic compression was cost-effective compared to no prophylaxis. With lower costs and improved effectiveness, intermittent pneumatic compression dominated low-molecular-weight heparin. The probabilistic sensitivity analyses showed that the probability of being cost-effective was comparable for intermittent pneumatic compression and no prophylaxis, with low-molecular-weight heparin unlikely to be considered cost-effective (0.07).
Conclusions: Intermittent pneumatic compression could be a cost-effective option and is likely to be more appropriate than low-molecular-weight heparin when used for venous thromboembolism prophylaxis for cesarean delivery in Brazil. Use of thromboprophylaxis should be a risk-stratified, individualized approach.