A desprescrição múltipla para tratar a polifarmácia: baixando a temperatura da primeira epidemia iatrogênica
CONTEXTO: Houve um rápido aumento das subpopulações vulneráveis de pessoas muito idosas com comorbidade, demência, fragilidade e expectativa de vida limitada. Ser tratado por muitos especialistas levou a uma epidemia de uso inadequado de medicamentos e polifarmácia (UIMP) com consequências médicas e econômicas negativas. Para a maioria dos medicamentos, não há estudos baseados em evidências em pessoas idosas, e os tratamentos são baseados em diretrizes comprovadas em populações muito mais jovens/saudáveis. OBJETIVOS: Avaliar se os benefícios da redução do UIMP pela múltipla desprescrição (PDP) superam os resultados negativos em idosos com polifarmácia. MÉTODOS: O método e o algoritmo de Garfinkel foram utilizados em idosos com polifarmácia (≥ 6 medicamentos prescritos). RESULTADOS: Verificou-se que, nos departamentos de enfermagem, dos 331 medicamentos prescritos, apenas 32 (10%) tiveram que ser administrados novamente. A mortalidade anual e as complicações graves que requerem encaminhamento para instalações de cuidados agudos foram significativamente reduzidas na PDP (P < 0,002). Em residências comunitárias para pessoas idosas, uma desprescrição bem-sucedida foi alcançada em 81%, sem aumento de eventos adversos ou mortes. Aqueles com desprescrição de ≥ 3 medicamentos prescritos mostraram melhora significativamente maior nos estados funcional e cognitivo, na qualidade do sono, no apetite, em complicações graves, na qualidade de vida e na satisfação geral em comparação com os controles que pararam ≤ 2 medicamentos (P < 0,002). As taxas de hospitalização e mortalidade foram comparáveis. A melhora clínica por múltipla desprescrição foi geralmente visível em 3 meses e persistiu por vários anos. A principal barreira à desprescrição múltipla foi a relutância do médico em fazer a desprescrição (P < 0,0001). CONCLUSÕES: A aplicação do método de Garfinkel da PDP pode melhorar a vida das pessoas idosas e gerar economia.
BACKGROUND: There has been a rapid increase in vulnerable subpopulations of very old with co-morbidity, dementia, frailty, and limited life expectancy. Being treated by many specialists has led to an epidemic of inappropriate medication use and polypharmacy (IMUP) with negative medical and economic consequences. For most medications there are no evidence-based studies in older people and treatments are based on guidelines proven in much younger/healthier populations. OBJECTIVES: To evaluate whether the benefits of reducing IMUP by poly-de-prescribing (PDP) outweighs the negative outcomes in older people with polypharmacy. METHODS: The Garfinkel method and algorithm were used in older people with polypharmacy (≥ 6 prescription drugs). RESULTS: We found that in nursing departments, of 331 drugs de-prescribed only 32 (10%) had to be re-administered. Annual mortality and severe complications requiring referral to acute care facility were significantly reduced in PDP (P < 0.002). In community dwelling older people, successful de-prescribing was achieved in 81% with no increase in adverse events or deaths. Those who de-prescribed ≥ 3 prescription drugs showed significantly more improvement in functional and cognitive status, sleep quality, appetite, serious complications, quality of life, and general satisfaction compared to controls who stopped ≤ 2 medications (P < 0.002). Rates of hospitalization and mortality were comparable. Clinical improvement by polydeprescribing was usually evident within 3 months and persisted for several years. The main barrier to polydeprescribing was physician's unwillingness to deprescribe (P < 0.0001). CONCLUSIONS: Applying the Garfinkel method of PDP may improve the lives of older people and save money.